Cartas para Ba Sing Se #2

Diário 2: Ascensão

Mundo Avatar
24 min readMar 21, 2017

Conto 1: O nascer do sol

Passaram-se duas longas semanas desde que estou viajando à procura da antiga sociedade dos Guerreiros do Sol, embora estivesse carregando comigo vários mapas, livros, diários e outros documentos que encontrei na Gruta de Lava, ainda é muito difícil localizá-los, devia ser bem mais fácil viajando com um bisão voador ou outro animal-guia, mas dependo apenas da minha dominação de terra para me locomover, portanto nem sempre é fácil chegar no destino que procuro.

No cair da tarde, cheguei em um lugar um tanto misterioso, era apenas uma muralha antiga e em ruínas, mas como era a única pista que tinha, decidi segui-la. Antes que pudesse me dar conta, caí em uma armadilha próxima ao muro, percebi então que haviam escrituras antigas por toda a parte e sem conseguir sair daquela armadilha, decidi esperar e somente gritar por socorro.

Ao amanhecer ouvi ruídos vindo em minha direção, eram umas pessoas com traços culturais muito fortes. Eles me levaram até o líder do local e então pude perceber que havia chegado no meu destino, a sociedade dos Guerreiros do Sol.

Não foi nada fácil explicar o que eu fazia invadindo a propriedade deles, mas depois de mostrar alguns dos documentos que eu levava comigo e contar sobre meu propósito, eles me libertaram e aceitaram me contar sobre a sua antiga história.

Me levaram até uma sala cheia de antigas escrituras, onde o líder daquela sociedade me contou a história da origem dos Guerreiros do Sol de acordo com o que as escrituras mostravam.

Avatar Wan já havia alcançado uma idade avançada e temia pelo fim do equilíbrio do mundo quando ele partisse. Embora o primeiro Avatar tivesse sugerido que se aprendesse a maneira original da dominação, nós não tínhamos contato direto com os dragões e eles não eram tão fáceis de se encontrar, muito menos criaturas socializáveis. Wan decidiu reunir uma equipe de dominadores de fogo que iriam aprender com o seu dragão a forma original de se dobrar o fogo, usando-o como uma extensão do corpo. A tarefa não é tão fácil pois os dragões, antes de lhe conceder a sua sabedoria, fazem um teste, lendo sua energia e avaliando seu passado e até mesmo seus ancestrais.

Aqueles que puderam receber o ensinamento dos dragões ficaram conhecidos como os Mestres do Fogo, eles ficaram responsáveis por repassar o que aprenderam para os demais dominadores de fogo, assim nem todos precisariam dos dragões, porém todos aprenderiam a forma original.

É realmente fantástico perceber como os tempos antigos e os hábitos que preservamos estão interligados. Pude descobrir naquele dia que os Mestres do Fogo foram os primeiros profissionais na arte da dominação, os primeiros mestres. Mas ainda havia muito para descobrir.

Éramos cerca de vinte Mestres do Fogo mais uma equipe de discípulos, uns que tinham a habilidade da dominação e outros que não dominavam, mas tinham a mesma paixão pelos dragões e pelo modo original. Algumas décadas depois, Avatar Wan deixou este mundo e não tínhamos mais ninguém para guiá-lo para a paz. Nós decidimos fundar uma sociedade que preservaria os princípios dados por nosso grande mentor, nossa tarefa foi manter nos dominadores de fogo a sensação do verdadeiro significado do nosso elemento, o elemento da vida, da energia, do poder, o sol em nossos corações. Nós então nos intitulamos de os Guerreiros do Sol, todo aquele que fosse puro de coração e merecesse este sagrado ensinamento, nós iríamos guiá-lo.

Então o estilo de dobra de fogo se espalhou por toda nação, cada vez mais e mais mestres surgiram, porém ao ser repassado por terceiros e quartos, a filosofia da dominação de fogo foi se perdendo e a Nação do Fogo foi se guiando apenas pelo poder, se esquecendo da forma original.

Yao, muitos anos se passaram e a forma como as pessoas viam a dominação de fogo foi se modificando. Até a tenebrosa era do Senhor do Fogo Sozin, ele guiado pelo pensamento que o fogo era apenas o poder, criou a tradição de matar os dragões por glória. Muitos de nossos membros morreram na tentativa de proteger os dominadores originais, poucos foram os dragões que restaram e com eles a forma e o ensinamento da verdadeira dominação de fogo.

Infelizmente, como eu não era um dominador de fogo, não pude ver os dragões pessoalmente mas ganhei uma rica história para minha pesquisa. Embora eu não possa revelar ao certo a localização desses nobres guerreiros, eles permitiram que eu publicasse este conto, para que todo dominador de fogo, que for digno, venha conhecer a forma original.

Me dirijo agora ao Reino da Terra, para a capital de Omashu, rumo ao conto dos primeiros dominadores de terra e sua relação com as toupeiras-texugo.

Conto 2: A caverna dos dois amantes

Há alguns anos venho pesquisando sobre a história do Avatar e do nosso mundo, sobre como nosso estilo de vida mudou desde a Era de Wan. Na última carta em que enviei à vocês do Reino da Terra, contei sobre os dominadores do fogo originais e nesta, falarei sobre os dominadores de terra originais. Ainda estou a caminho da cidade de Omashu, a primeira civilização dos primeiros dominadores de terra que aprenderam o modo original de dominação. Em um dos livros que eu trouxe da Gruta de Lava, conta esta fascinante história, a mais conhecida e antiga no Reino da Terra. Esta história se chama: A caverna dos dois amantes.

No início de nossa civilização haviam duas aldeias, que por disputarem suas terras, se tornaram inimigas e por anos travaram uma grande guerra. Em meio a tanta dor e tanta rivalidade, Oma, filha do líder da Aldeia do Leste decidiu fugir para longe, pois estava horrorizada com tanta violência, fome e mortes.

Enquanto chorava pelo destino cruel que reservava sua aldeia, Oma escutou uma música melancólica vindo dos limites do território da Aldeia do Oeste. Deitado debaixo de uma macieira, estava Shu, um pobre camponês apaixonado pela música e também desolado pela vida triste que levava.

Oma e Shu se conheceram e logo se apaixonaram. Seu amor era extremamente proibido, então todos os dias eles se encontravam as escondidas em uma caverna um pouco além da fronteira de suas terras.

Em um de seus encontros, Shu mostrou para Oma uma canção que havia composto para expressar o seu amor por ela, e enquanto seus acordes ecoavam pela caverna, duas feras enormes apareceram de dentro das paredes. Eram toupeiras-texugos, animais considerados perigosos e mortais, mas apesar do que falavam sobre esses animais, eles não estavam tão ariscos, estavam apreciando a música do jovem camponês. Oma e Shu perceberam que as toupeiras tinham a habilidade de manipular a terra, e foram aprendendo com elas, se tornando os primeiros mestres nesta dominação. Eles criaram túneis elaborados para se encontrarem mais facilmente e se alguém tentasse segui-los ficaria preso para sempre. Oma enfeitou o caminho entre os dois com cristais que brilhavam no escuro, assim quando entravam nos túneis, eles seguiam os cristais e podiam se encontrar.

Durante meses eles repetiram esse ritual e embora alguns guardas tentasse seguir Oma, nunca a encontravam.

Em um certo dia, Oma foi ao encontro de seu amado, embora esperasse por ele por toda a tarde, ele não aparecera. Cega pela preocupação, ela foi até a Aldeia do Oeste a procura de Shu, onde o encontrou morto, pela violência da guerra entre as duas aldeias. Revoltada ela da uma demonstração incrível de seu poder dominador de terra, Oma destruiu quase tudo e poderia ter matado a todos das duas aldeias, porém ela não o fez. Oma decidiu declarar o fim da guerra e unificar as duas aldeias em uma única grande cidade. Após seu ataque de grande fúria um grande cânion foi formado e ela decidiu que a cidade deveria ficar entre este cânion para que nenhuma outra guerra pudesse chegar até eles.

Os cidadãos desta cidade decidiram batizá-la de Omashu, em honra aos dois amantes que através de seu amor, trouxeram paz e equilíbrio para sua civilização. Na caverna dos dois amantes uma grande tumba foi criada, onde, quando Oma faleceu, foi enterrada ao lado do túmulo de seu amado. Ela lhes deixou um grande ensinamento: o amor brilha mais no escuro!

Essa é história sobre os primeiros dominadores de terra, estou chegando agora a Omashu, berço deste lindo conto.

Espere, é o exército de Kuvira, o que eles fazem aqui? Omashu não estava em desordem e Kuvira não poderia tomar esta cidade, algo muito errado está acontecendo.

Conto 3: Leve como uma pluma

Olá caros leitores, estou lhes escrevendo da cidade de Omashu, onde descobri que Kuvira vem ocupando todo o território do Reino da Terra forçando com que todas as cidades, mesmo que independentes, se rendam à seu exército. Nossa nação está vivendo um longo período de desastres, mas devemos manter a esperança, mesmo com o Avatar desaparecido eu acredito que Korra voltará e vai salvar a nossa amada nação.

Continuando com os contos sobre os dominadores originais, falaremos hoje sobre os bisões voadores e a origem de sua relação com os Nômades do Ar. Quando estive no Templo do Ar do Oeste, berço da primeira civilização de dominadores de ar do período pós tartarugas-leão, tive acesso a muitos documentos perdidos e, em um deles, há uma curiosa história sobre a origem do modo original de dominação do ar.

Este é o conto do Guru Yatoka, o dominador de ar que descobriu nas montanhas as feras capazes de flutuar.

O Templo do Sul, para o qual nós fomos designados, é realmente fantástico, do alto das colinas é possível ouvir o sussurro do vento e pensar que, como ele, podemos ser livres e voar. E foi justamente em um destes picos que encontrei as curiosas feras capazes de voar.

Era manhã de quarta-feira e, como de costume, eu e os monges iniciamos nossa caminhada matinal. Muitas dessas montanhas ainda não foram exploradas então cada passeio é sempre uma grande descoberta. Em uma montanha ao norte do templo, nós meditamos. Logo após, enquanto os outros monges foram treinar a dominação de ar, decidi ficar mais um tempo apreciando a paisagem e os lêmures marotos que sempre estavam por toda parte. Eram criaturinhas fantásticas e divertidas, alguns monges estudavam a forma dos lêmures de voar para tentar desenvolver um aparato que também nos permitesse aventurar pelos ares.

Ainda deslumbrado pela paisagem estonteante, aconteceu algo curioso, ouvi um som incomum, era tão alto como o rugido de uma tartaruga-leão. No pé da montanha estavam pequenos bisões, já havíamos visto alguns durante nossa caminhada, mas estes, embora parecessem filhotes, eram maiores do que qualquer um que já vimos, com certeza uma espécie diferente de bisão. Enquanto acariciava seu pêlo mais macio que o de um porco-ovelha, uma fera gigante surgiu dos céus, estava furioso e me atingiu uma rajada de ar que me jogou para longe.

Os monges me encontraram após algumas horas, eu estava desacordado e um tanto ferido. Ao despertar-me lembrei do ocorrido, contei sobre os bisões gigantes do céu, porém não foi fácil fazer com que acreditassem em mim, afinal eu havia batido com a cabeça e falava sobre criaturas que pesavam toneladas e voavam. Mas ao voltar naquele local, com um pouco mais de cuidado, pude provar o que disse, os filhotes ainda estavam lá e rodeados de outros bisões. O bisão que outrora me atacou, apenas protegia seu filhote, eles eram muito territoriais e não nos via como um dos seus. Era lindo ver aquelas feras voando pelos céus, embora tão grandes e pesados eles voavam leves como uma pluma. Os monges já haviam conseguido desenvolver um bastão que permitiria que nós fizéssemos como os lêmures voadores e controlássemos as correntes de ar em nossa volta, para conseguir voar.

Quando enfim dominamos a técnica, me arrisquei a voar ao lado de um bisão voador. E ao me ver por perto, diferente do que eu esperava, ele não me fez mal, aparentemente ele me identificou como um igual. Pude me juntar aos bisões em uma manada e percebi o quanto eram dóceis. Aos poucos eles estavam mais à vontade com nossa presença e, vez ou outra, apareciam no templo. Seu modo de vida e simplicidade nos ensinou muito, eles respeitavam a vida de todas as criaturas, eram vegetarianos e a partir de seus movimentos traduzimos isso em nossa arte de dominação do ar. Assim como eles respeitamos todas as criaturas vivas e, em sua homenagem, mudamos nossas tatuagens para setas, assim como as que existiam em seu pêlo. A relação entre nós e os bisões só se fez aumentar, até que passamos a viver juntos, descobrimos, ainda, que a amizade entre um dominador de ar e um bisão era um laço especial e eterno. Logo veio a tradição de cada dominador de ar ter um bisão voador como amigo, num ritual em que ambos se escolhiam para viverem juntos.

Yatoka e os dominadores de ar difundiram essa tradição aos outros templos. Anos depois os Templo do Ar do Leste passou a ser o maior criador de bisões, muitos nômades, assim como o Avatar Aang, viajaram para lá para passar pelo ritual de escolher o seu bisão.

Conto 4: O lago sagrado, parte 1 - Uivos na noite

Há algumas semanas cheguei à Tribo da Água do Norte para prosseguir com minha pesquisa sobre a fonte original de cada dominação. Durante milhares de anos a identidade dos dominadores originais da água foi mantida em segredo, o que todos sabiam era que a lua dava força aos dominadores de água e que os espíritos do mar e da lua, em conjunto, eram os grandes mestres, mas ninguém sabia ao certo onde encontrar esses espíritos e como eles ensinariam os dobradores de água. A Tribo da Água foi a última nação a descobrir sua fonte original e muitos duvidavam que espíritos pudessem ser os dominadores originais, parecia uma tentativa desesperada de encontrar algo que representasse sua dominação. Tudo isso mudou, e o que era escondido veio a tona quando o Almirante Zhao descobriu a identidade desses espíritos e assassinou a lua.

De fato, por muitos anos a Tribo da Água não sabia quem era sua fonte original da dominação, apenas sentiam sua energia crescer ao cair da noite. E para saber como descobriram tudo isso, vim me aventurar na grande civilização da Tribo da Água do Norte, berço do espírito do mar, que agora dança sozinho sendo observado e equilibrado por Yue que comanda os céus com sua bondade lunar.

Fui recebido muito bem pelos chefes da tribo, Eska e Desna, eles permitiram minha entrada no pequeno templo sagrado dos espíritos, lugar que agora tem seus portões fortemente vigiados por inúmeros guardas. É um lugar que traz paz ao coração e nos deixa encantado apenas por pisar naquele território.

Após a visita iniciei minhas pesquisas em livros das bibliotecas da cidade e perguntando aos anciãos. Provavelmente vocês já repararam que os lobos são símbolos das Tribos da Água, isso não ocorreu por acaso. Encontrei relatos em diversos livros e ouvi boas histórias do porquê os lobos são uma figura tão admirada nesta região.

Uma anciã curandeira descreveu com detalhes a lenda mais antiga de sua nação:

Todas as nações foram consagradas com os grandes mestres, que os guiavam através da filosofia de sua dominação. Nós, entretanto, não descobrimos qual é o nosso dominador original, tudo o que percebemos é que quando chega a noite nosso poder aumenta e nossa ferocidade é maior que a de um leão-tigre.

Os mais sábios da tribo, estudavam o porquê dessa diferença de poder em diferentes momentos do dia. Eles deduziram que algum animal de hábito noturno deveria ser o nosso guia e por isso só podíamos sentir sua presença nesse horário.

De fato os dominadores de água são muito mais fortes durante a noite, e prosseguindo com a lenda, ela completou:

Mais alguns meses se passaram e em um período de nevasca intensa e comida escassa, uma alcateia de lobos vagavam pela noite em frente ao vilarejo da tundra do oeste, deveriam estar migrando em busca de alimento, eles se inclinaram para lua e como uma oração começaram a uivar para ela. Os estudiosos deduziram que eram os lobos os dominadores originais, símbolo de união e ferocidade, de persistência e adaptabilidade, assim como nós.

A anciã, porém, não detinha informações sobre como descobriram o erro e como souberam dos espíritos do mar e da lua. A mesma história, por ela contada, eu pude confirmar em livros da biblioteca do palácio dos chefes da Tribo do Norte, e nem mesmo lá havia relatos sobre como descobriram o engano.

Então, eu tinha mais um mistério em mãos, uma história perdida que mostra a evolução e devoção de uma cultura inteira. O que me restava saber era onde adquirir este conhecimento, se nem no berço da própria civilização eu encontrei respostas. Onde achar o conhecimento que ninguém mais detinha? E a resposta me surgiu como se tivesse sido atropelado por um alce-leão de dentes-de-sabre. O meu próximo destino, a Biblioteca de Wan Shi Tong!

Conto 4: O lago sagrado, parte 2 - A biblioteca de Wan Shi Tong

No frio glacial do norte, segui para o portal espiritual rumo à biblioteca de Wan Shi Tong, a fim de encontrar alguma informação sobre como os cidadãos da Tribo da Água descobriram os verdadeiros dominadores originais de seu elemento.

Wan Shi Tong é um espírito muito antigo, as lendas dizem que ele nasceu quando o primeiro humano aprendeu a primeira coisa. Desde o princípio, Wan Shi Tong buscava conhecer todas as coisas, quando se tornou o mais inteligente dos seres, ele ganhou o título de “aquele que sabe dez mil coisas”. Logo os anos se passaram e Wan Shi Tong percebeu que seu conhecimento devia ser passado adiante, então ele criou sua biblioteca no meio do deserto do Reino da Terra, para que aqueles que realmente buscavam o conhecimento, pudesse ter acesso a qualquer informação. As raposas eram suas subordinadas e corriam o planeta em busca dos mais variados tipos de conhecimento.

Os anos se passaram e guerras foram acontecendo, a maior parte dos humanos que encontravam sua biblioteca, buscavam por vantagem contra o inimigo ao invés de ir até ele por amor ao conhecimento, então Wan Shi Tong retirou sua biblioteca do mundo físico e agora vive isolado no mundo espiritual.

Chegando em sua biblioteca, fui abordado por Wan Shi Tong que exigia minha saída imediatamente, eu tentei me explicar e dizer que a única finalidade de tê-lo procurado foi o amor pelo conhecimento e por não haver nenhum outro lugar que detinha as informações necessárias para que eu pudesse prosseguir com minha pesquisa.

Ele não quis saber de conversa e começou a me atacar e mesmo implorando-o para permitir que eu ficasse, ele foi feroz e intransigente, quando caí no chão e meus objetos de pesquisa se espalharam pelo corredor, Wan Shi Tong viu um antigo diário de pesquisa, era o diário de Myatsu Song sobre suas aventuras com Avatar Wan.

O espírito então me revelou que aquela era uma das 5 relíquias mais preciosas que ele buscava, mas nenhuma de suas raposas conseguiram encontrar durante todos aqueles anos. Eu já havia lido todo aquele diário e até mesmo já tinha decorado muito do que estava ali, porém aquele artefato era precioso pra mim infelizmente eu não tinha escolha e negociei minha visita à biblioteca pelo diário de Myatsu.

Wan Shi Tong me deu três horas para procurar o que eu desejava e freneticamente iniciei minha busca. Encontrei muitas obras úteis para meu projeto em geral, porém nada que me auxiliasse sobre a origem da fonte original dos dominadores de água.

Até que cheguei em uma sala totalmente queimada, vazia e com apenas vestígios de documentos antigos, em um deles a inscrição mar e lua com o restante totalmente queimado. A Nação do fogo havia chegado antes e destruído quase tudo sobre eles e muitos documentos importantes sobre outras nações.

Meu tempo estava se esgotando quando uma raposa vendo minha aflição me guiou até um corredor secreto mais ao norte da biblioteca, onde retirou um livro bem empoeirado com um símbolo da tribo da água, folheando rapidamente percebi que era justo o que procurava. Já não tinha mais tempo suficiente para ler o livro ali mesmo, então eu não tive escolha e precisei levar o livro comigo.

Wan Shi Tong já havia percebido minha intenção e me abordando disse que quebrei nosso acordo e que eu deveria pagar com a vida. Usando minha dominação de terra fugi pelos corredores e como ele já estava zangado peguei os outros livros que me interessaram e pedindo desculpas me arremessei pelo teto, e saí do mundo espiritual o mais depressa possível. Ele nunca abandona sua biblioteca, então não me seguiu, no entanto eu jamais poderei voltar.

Apesar de tudo, finalmente consegui o que tanto procurei, o livro que contém a história de como os dominadores de água descobriram sua fonte original.

Conto 4: O lago sagrado, parte 4 - A dança eterna

Olá caros leitores, estou de volta a Tribo da Água do Norte, onde terminei a minha pesquisa sobre a fonte original desta nação. Foi de fato o mais desafiador de todos os mistérios, mas enfim encontrei a resposta no livro da biblioteca de Wan Shi Tong.

Durante décadas acreditamos na hipótese de que os lobos eram nossa fonte original, aqueles que nos ensinariam a beleza de nosso elemento, mas algo estava errado, o tempo passou e foram capturando mais e mais lobos na tentativa de que eles ensinariam a arte da dobra de água, porém não aconteceu. Muitos lobos morreram nas tentativas de forçarem os animais a dominar a água, foram jogados em rios, no oceano e até mesmo mergulhados em poças. A espécie estava diminuindo em número e logo deixaria de existir, se nada fosse feito.

O desespero dos dominadores de água estava tão alto que eles não consideraram as consequências de suas ações. Após ver que a espécie estava quase deixando de existir, no norte, eles aceitaram o fato de que os lobos não eram os dominadores originais, entretanto a simbologia se mantém em ambas as tribos até hoje, como sinal de força por união, como os lobos os ensinaram.

Os sábios decidiram fazer uma jornada a fim de encontrar os verdadeiros mestres originais, uma jornada intensa e sem data de retorno. Avatar Wan havia falecido há um certo tempo e para manter a tribo e o mundo em equilíbrio, eles precisavam encontrar dominadores originais, como Wan havia sugerido.

Foram meses de busca e todas as noites eles observavam a maré subir e percebiam como a lua empurrava e puxava as águas do mar, com tempo foram fazendo o mesmo, na tentativa de aprender novas habilidades com a própria natureza. Eles passaram por situações extremas e, quase perdendo as esperanças, acharam uma pequena floresta e decidiram buscar por alimento e tentar repousar um pouco antes de prosseguir. Para a infelicidade dos viajantes, a floresta estava repleta de cães-urso polares selvagens que os atacaram. Naquela confusão um dos sábios ficou gravemente ferido e, por pouco, eles escaparam.

O sábio da tribo precisava de socorro imediato, ou não sobreviveria. Umas horas a mais de caminhada, eles chegaram em um lugar diferente, não havia gelo e o ambiente era quente e agradável. Havia apenas um pequeno lago com dois peixes que se rodeavam um uma dança sem fim. Inocentemente, eles lavaram as feridas do homem com as águas do lago, que imediatamente as fizeram cicatrizar. Abismados, eles o mergulharam na água e uma luz intensa cobriu o local, criando uma aurora como nunca havia se visto. Os peixes permaneceram nadaram em um movimento circular, fazendo com que todos entrassem em um transe profundo.

Segundo os relatos do livro, os sábios tiveram uma visão e nela os espíritos do mar e da lua contaram sobre como atravessaram para o mundo físico bem no início, que a vida deles vinha do espírito do mar e sua força vinha do espírito da lua, que juntos eles mantinham o equilíbrio.

Os sábios tiveram a tarefa de proteger os espíritos, que abriram mão da imortalidade, ensinando ao homem humildade e bondade. Foi decretado que a cidade devia ser erguida em volta ao templo sagrado. E a notícia de que a lua era a primeira dominadora de água e que o mar e a lua eram a fonte original da dobra de água se espalhou, levando a fé para as tribos tanto do norte quanto do sul. A identidade dos espíritos, porém, devia ser mantida em segredo para que ninguém fora do equilíbrio ameaçasse a existência dos espíritos.

Ainda no fim daquele transe, uma fala dos espíritos para os sábios os intrigaram, o homem ferido questionou como o mundo se manteria em equilíbrio sem o Avatar, e os espíritos lhe disseram: Raava ainda vive.

Conto 5: O grande ciclo, parte 1 - Prenúncio

Olá amigos, começo a redigir esta carta com grande alegria, pois Kuvira se rendeu na batalha de Cidade República e o Reino da Terra está estabilizado e caminha rumo ao progresso. Devemos muito ao Avatar Korra e todos que auxiliaram nesta luta para que nossa nação voltasse a ser livre e encontrasse o equilíbrio.

Com as descobertas que fiz com o material encontrado na biblioteca de Wan Shi Tong, consegui chegar a um ponto muito importante da nossa história, o ciclo Avatar. Ninguém, nem mesmo Wan, sabia que ao se fundir com Raava ele renasceria eternamente até que, de alguma forma, o ciclo se rompesse.

A partir das informações sobre como os dominadores de água descobriram sua fonte original, em que os espíritos haviam dito algo que a princípio não pôde ser entendido muito bem pelos Sábios, fui então consultar os livros que trouxe da biblioteca atrás de respostas.

O maior arrependimento de Wan estava, inicialmente, em ter liberado Vaatu. Mesmo com Vaatu derrotado, ele ainda sentia como se estivesse decepcionando Raava por não ser capaz de restaurar a paz e o equilíbrio do mundo antes de seu falecimento.

Raava então o conforta fazendo a promessa de estar ao seu lado em todas as suas existências. E assim o ciclo despertou e o próximo Avatar nasceria entre os Nômades do Ar. A reencarnação de Wan ser algo que ninguém sabia foi o maior dos problemas enfrentados pelas três primeiras vidas que o sucederam.

Avatar Wan tinha deixado um grande legado e muitos seguidores, os mais fiéis dominadores de fogo da Sociedade dos Guerreiros do Sol, decidiram fundar uma organização que mantivesse viva a história do Avatar e todo os ensinamentos por ele deixado. Esta sociedade foi batizada de Os Sábios do Fogo, que por tempos ajudaram a Nação do Fogo a se manter no caminho certo.

Tempos se passaram e um rumor começou a causar grande conflito pelo mundo. Corriam boatos de que, entre os nômades do ar, existia um menino com capacidade de dominar mais de um elemento.

Nós nos comprometemos a manter a boa imagem do Avatar e garantir que seu legado fosse passado à diante. E agora os Nômades do Ar divulgam a notícia de que entre eles habita um ser com as mesmas capacidades de Wan. Nós não poderíamos permitir que alguém manchasse o bom nome do Avatar. Os nômades podem ter grande conexão com os espíritos, mas isso não os dá o direito de dizerem que possuem o poder que Wan detinha.

O tempo passou e os rumores foram se difundindo pelo mundo, todos queriam ir atrás do tal garoto com a capacidade de dobrar mais de um elemento. Entretanto, por alguma razão desconhecida, ele nunca pôde mostrar a habilidade em público. E o pior ainda estava por vir:

Os nômades estão abusando do legado de Wan, somos os Sábios do Fogo, não vamos permitir isso. Aquele garoto disse que tem tido visões sobre Wan, que o disse que ele era o próximo Avatar, que cabia a ele manter o equilíbrio do mundo. Precisamos agir rápido, precisamos salvar a imagem do Avatar.

Os Sábios do Fogo, junto com muitos outros dominadores, se dirigiram ao Templo do Ar do Norte para conhecer o menino que dizia ser o Avatar. Eles pediram uma prova de que o garoto realmente era capaz de dominar mais de um elemento, porém ele não conseguiu demonstrar, disse que apenas conseguia quando estava com raiva ou muito chateado. Os Sábios do Fogo sequestraram o jovem Nômade do Ar naquele dia e como punição por manchar o nome do Avatar Wan e por sua audácia de se passar por ele, os Sábios o assassinaram.

Uma grande divisão entre os Nômades do Ar com relação às demais nações se formou, eles decidiram destruir todas as entradas para os templos, de modo que apenas aqueles que tivessem um bisão voador conseguiria acesso ao local. O mundo voltava ao desequilíbrio e as nações se afastavam cada vez mais umas das outras.

Conto 5: O grande ciclo, parte 2 - Raava ainda vive

Olá leitores, nos aproximamos do final dos resultados das minhas pesquisas, onde tratamos sobre a ascensão do nosso mundo e a evolução da arte da dominação. Neste último conto, falaremos sobre a aceitação do mundo quanto ao renascimento do Avatar. Após ler todos livros a respeito do passado dos Avatares, consegui toda informação de que precisava para concluir essa pesquisa.

O tempo sem um Avatar para manter a paz e o equilíbrio foram possibilitando que o mundo caminhasse rumo ao caos.

Anos após o assassinato do suposto novo Avatar, outros rumores surgiram e desta vez na Tribo da Água do Sul. A notícia da dominadora de água que incendiou quase toda a aldeia com dobra de fogo, estava se espalhando rapidamente.

Logo os boatos chegaram aos ouvidos dos Sábios do Fogo, que mais uma vez não exitaram em ir atrás da menina. Como da última vez a criança não conseguiu mostrar as suas habilidades na frente dos Sábios, e eles a condenaram à morte. Porém pouco antes de assassinarem a menina, alguns anciãos da Tribo Norte chegaram na cidade, abordando aos Sábios do Fogo e pedindo para que reconsiderassem.

Esses anciãos nada mais eram do que os viajantes que buscaram a fonte original da dobra de água, eles disseram que os Espíritos do Mar e da Lua os contou sobre Raava ainda estar viva e estar presente em um humano.

Muitos imaginavam que os dominadores de água só diziam que os espíritos eram sua fonte original numa tentativa de superioridade e, não dando ouvidos aos anciãos, os Sábios do Fogo mataram a criança. Com este ato a Tribo da Água do Norte declarou guerra à Nação do Fogo, e unindo-se à Tribo do Sul, começaram a planejar um ataque onde todas as crianças da Nação do Fogo deveriam perecer.

Embora planejado por muito tempo, os planos de invasão não deram certo, mas criou-se uma grande divisão entre as duas nações.

Anos depois, mais uma vez surgiram relatos de um suposto menino que conseguia dominar mais de um elemento. Um menino um pouco mais velho do que os dos relatos anteriores, com cerca de catorze anos, na cidade de Omashu.

Quando a notícia se espalhou, os Sábios foram atrás da criança. Entre a morte de Wan e o surgimento dos boatos desse novo Avatar no Reino da Terra, se passaram cerca de trinta anos. Os Sábios já começavam a desconfiar se realmente eram apenas boatos e se os ancião da Tribo da Água estavam certos sobre o Avatar ter retornado, mas ainda, como de costume, foram checar as habilidades do jovem dominador de terra.

Mais uma vez os boatos não se confirmaram, ele não conseguiu manipular nenhum outro elemento distinto do de sua nação. Como punição ele iria ser morto para que ninguém mais se passasse pelo Avatar. Desta vez, no entanto, quando foram atear fogo no menino, os olhos da criança começaram a brilhar fazendo a terra tremer e criando uma forte ventania. Após os últimos dois assassinatos dos Avatares, Raava havia criado um mecanismo de defesa, o qual despertaria quando a vida do Avatar fosse ameaçada. Os Sábios já conheciam aquele brilho, sabiam que era o estado Avatar. O menino estava sem controle e com sua fúria destruiu toda a vila, deixando claro que ele era o novo Avatar.

Os Sábios do Fogo o reverenciaram e quando olharam para cima, não era mais o garoto que estava ali, Wan havia tomado sua forma e em alto e bom som disse:

Eu sou o Avatar e irei renascer em um ciclo eterno. Vocês devem proteger e respeitar cada Avatar seja de qual nação vier, contribuindo com a segurança dele até que tenha aprendido a dominar os quatro elementos e possa trazer equilíbrio ao mundo!

A imagem de Wan desapareceu e sem forças a criança desmaiou. Os Sábios tiveram que se redimir com todas as outras nações e forneceram meios para que o menino aprendesse as demais artes de dominação.

A partir dali, a identidade do Avatar só foi revelada após completar dezesseis anos, para que ele pudesse ter uma infância normal e segura.

Passaram-se alguns ciclos de reencarnações até que descobrimos que a reencarnação do Avatar segue o ciclo da viagem de Wan até as diferentes tartarugas-leão: fogo, ar, água e terra. O seu aprendizado também é mais efetivo seguindo esse ciclo. E o Avatar renascerá em cada nação seguindo um ciclo específico, sendo mestre por infinitas existências, renascendo enquanto o mundo precisar do equilíbrio

Esse foi o relato da nona geração de Sábios do Fogo, com o qual concluí minha pesquisa. Há muito mais sobre nossa história que posso aprender e compartilhar com vocês. Sigo então para a Cidade República, onde vou recarregar as energias para iniciar outra pesquisa sobre nossa tão rica e vasta história. Escreverei para vocês muito em breve. Um grande abraço.

Prof. Yao

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