Propaganda do ENEM 2020 | #AdiaEnem
A pandemia do COVID-19 assolou diversas organizações, companhias e populações no mundo inteiro. E, principalmente, deixou mais pobre quem já era pobre. Em meio ao caos em que muitos se encontram, o Ministério da Educação resolveu prosseguir com o Exame Nacional do Ensino Médio 2020, o ENEM.
No ano passado, segundo o Sinopses Estatísticas da Educação Básica 2019, das 7.465.891 de matrículas para o Ensino Médio, 87,5% delas são de alunos e alunas da Rede Pública (federal, estadual e municipal), em contrapartida, o Ensino Particular representa apenas 12,5% das matrículas.
A realidade da representação massiva dos 87,5% dos alunos e alunas do Ensino Público foi totalmente ignorada pelo Ministro da Educação para o adiamento do ENEM 2020. Exigir que tenha um exame de abrangência nacional nas mesmas condições como dos anos anteriores, é admitir que a pandemia não está matando pessoas, que está tudo normal para milhares de pessoas que perderam o emprego e a renda, e que está tudo certo para esses alunos menos favorecidos terem que competir com outras poucos alunos que nada mudou, que o acesso à internet de qualidade é ilimitado e o pão nao faltou em suas mesas.
A semiótica apresentada através da propaganda feita pelo Ministério da Educação para anunciar o período de inscrições é totalmente contrária ao atual momento que os alunos estão enfrentando. Muito dos seus pais perderam o emprego ou ainda nem conseguiram acessar a primeira parcela do Auxílio Emergencial. Incitar a meritocracia é totalmente injusto, pois o exame foi criado e dedicado para a inserção dos alunos menos favorecidos ao Ensino Superior. O ponto de partida não foi igualitário, o resultado de tudo isso será menos ainda.
Segundo, a Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil — TIC Kids Brasil 2018, 86% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos possuem acesso à internet, mas apenas as crianças e adolescentes da Classe AB usufruem de amplo acesso, seja pelo celular (93%), computador (72%) e TV (58%). As crianças e adolescentes da classe DE é mais restrito, celular (93%), computador (24%) e TV (16%).
Os setores organizados da sociedade civil, tais como: coletivos estudantis, influenciadores, formadores de opinião, ou simplesmente quem não concordou com o prosseguimento do Enem, expressaram em 81,8% dos comentários de repúdio à campanha no perfil do Ministério da Educação (@mineducacao) no Instagram. Desses 81,9% dos comentários de repúdio, 32,8% pedem o adiamento do exame.
Seja em forma memética ou de protesto, estudantes se reúnem em nas redes sociais para denunciar através do #AdiaEnem. As menções da hashtag revelam a dura realidade dos estudantes com menos acessos que estão enfrentando durante a pandemia.
Tal situação revelou as condições precárias de acessos que os estudantes brasileiros enfrentam para dar continuidade em seus estudos. Faltou sensibilidade e empatia por parte do Ministério da Educação de entender os seus próprios dados e públicos de estudantes que participam do exame. Mas tal atitude já é de se esperar do atual governo que incita o Fascismo e o genocídio das minorias.
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