Sangue e Ferro!
«Não por meio de discursos e decisões maioritárias as grandes questões contemporâneas serão decididas — esse foi o grande erro de 1848 e 1849 — mas a ferro e sangue (Eisen und Blut).»
(Bismarck, 1862)
O pensamento político moderno carateriza-se essencialmente pela ideia altamente perversa de que tudo é uma questão de poder. Pouco importa a lei natural, o que interessa é a lei positiva; ou seja, a lei de quem manda. Levando isso em conta, não admira nada a decadência cultural, moral e política em que vivemos. Exceto os avanços técnicos admiráveis, a modernidade nada tem a oferecer que supere a antiguidade. A arte é o melhor exemplo disso. Quanto mais “progredimos”, mais horrorosa se torna. Um arranha-céus é tecnicamente impressionante, mas, em termos artísticos, não se compara com uma catedral gótica ou com um palácio absolutista. Na música basta comparar As Quatro Estações (1723) de Vivaldi, com A Sagração da Primavera (1913) de Stravinsky. Na política, basta comparar o liberalismo clássico com o demoliberalismo.
Concordo que o liberalismo, de forma geral, seja indesejável, pelo simples facto de ser negador da vida. Os liberais podem ter o poder, mas dificilmente admitem as suas verdadeiras intenções. É o que eu chamo de “autoritarismo light”.
Um “autoritário light” não exerce o seu poder de forma direta: isso ofende o seu pudor. Pelo contrário, exerce o seu poder indiretamente, sobretudo através de propaganda. Quem tem o poder, controla a educação, controla a comunicação social e, consequentemente, controla a cultura. Se fossemos realmente livres, porque é que um fato de banho feminino à moda antiga é tão raro de se ver nos dias de hoje? Poderão facilmente argumentar: porque as mulheres não desejam vestir esses fatos “arcaicos”. Contudo, porque é que elas não desejam? Porque são “naturalmente coquetes”, como defendia Rousseau¹, ou porque são influenciadas por todo o lixo cultural produzido e difundido pelos EUA?
A caraterística mais repugnante e, a meu ver, revoltante, dos liberais é o seu profundo desprezo por todo o pensamento antiliberal, aliado, é claro, à sua tão bem conhecida “falsa superioridade moral”. — “Com um fascista não se discute”, dizem alguns.
Contudo, ignorar por completo as reclamações de todos aqueles que estão insatisfeitos com o demoliberalismo não me parece uma forma muito inteligente de conservar o poder. A não ser o Fukuyama, desconheço algum intelectual que esteja disposto a defender a democracia liberal sem “complexos de inferioridade”.
Sendo assim, o único método de despertar os liberais é horrorizando-os! Bons discursos são ótimos para captar discípulos, mas insuficientes para adquirir respeito. A principal diferença entre o belo e o sublime, segundo Burke e Kant, é que o belo é amável, enquanto que o sublime é temido. Ou seja, o belo é mulher; o sublime é homem.
Um GRANDE HOMEM não trabalha, rouba; da mesma forma que não ama, viola.
Tu, jovem que nada mais tem a temer, não desperdices em vão a tua vida. Junta-te a mim! Juntos, seremos mais fortes e, talvez, imortais. — É a hora!

Litografia: Feito heroico de Duarte de Almeida, o Decepado, José de Matos, c. 1900.
¹Cf. Rousseau, Emílio, ou Da Educação, 1762, V.