Alguns livros dos últimos 3 anos.

Felipe Câmara
7 min readJun 17, 2015

--

*texto publicado originalmente aqui a uns 2 anos atrás.

Desde o começo do ano passado, coloquei como meta ler pelo menos um livro por mês, ou 12 livros por ano. Ano passado fechei a conta em 14 livros. Não importa o tamanho, nem o tema, nem o número de páginas. Se eu gostar da capa e o tema me interessar, entra na fila imaginária e eu vou ler. Nem todos que eu li eu gostei, mas até agora foi uma minoria.

Desde criança, minha mãe me incentivou a ler, e no começo eu só lia livro de ficção mesmo e não entendia como alguém podia ter paciência pra ler um livro que não contasse uma história. Hoje em dia, minha dificuldade é ler uma ficção, pois o que mais me interessa em literatura hoje (e textos em geral) são histórias reais ou sobre algum tema específico, principalmente acontecimentos históricos e biografias.

Enfim, esses são os livros que mais curti nesses últimos 3 anos:

nem todos os livros aparecem porque 1) eram emprestados 2) emprestei para diversas pessoas que não lembro e não me devolveram até hoje. O que não é nenhum problema segundo a filosofia de jerry seinfeld.

“127 Hours — Between a Rock and a Hard Place” de Aron Ralston.

Comprei esse livro no dia 4 de Janeiro de 2011, no Aeroporto de Dallas, enquanto esperava a conexão pro vôo de volta para o Rio de Janeiro, após 5 meses em Vancouver, Canadá. No dia 3 de Janeiro, no meu último dia no Canadá, fui assistir ao recém-lançado “127 Horas” na última sessão do dia, porque eu queria entender como o Danny Boyle faria um filme minimamente interessante sobre um cara preso pelo braço num Canyon no deserto de Moab, Utah. E a história de vida do Aron Ralston muito me impressionou, até mesmo por eu ver algumas semelhanças com certas atitudes que eu tinha (e as vezes ainda tenho). Eu saí do filme meio impactado e querendo saber mais da história dele. Então quando achei o livro no aeroporto de Dallas, comprei. Eu tive um pouco de medo de ler esse livro e não entender porque era o meu primeiro livro em inglês (eu lia apenas HQs em inglês, nunca tinha lido um livro “de verdade” em outro idioma). Mas só fui começar a ler o livro enquanto eu estava estudando a YWAM na Australia. Inclusive o Jake, meu amigo americano de lá, ficou meio surpreso de eu entender algumas coisas daquele livro, pois tinham bastantes termos técnicos, que acho que nem ele sabia o que alguns deles eram. Enfim, fui terminar o livro por volta de Maio, em Breewarina, no Outback Australiano. E o livro é tão bom quanto o filme, como se fosse uma versão estendida. O próprio Aron (que é o autor dessa autobiografia) conta o lado dos parentes e amigos e como eles começaram a se dar conta de que ele tinha sumido, e o que aconteceu com ele após o resgate e tudo mais. Ainda pretendo reler e indico pra todo mundo que gosta de livros que leia, do mesmo jeito que indico The Wire pra quem gosta de séries.

“Blue Like Jazz” de Donald Miller

Primeiramente, aconteça o que acontecer, não assista ao “filme” que é a adaptação desse livro, é ruim demais e não tem nada a ver com o livro. Segundo, o livro é muito interessante e mudou um pouco minha visão de ver as pessoas no dia a dia. Apesar de sempre ver bastante gente falando sobre o livro, nunca tinha procurado saber sobre o que era. O livro é tipo um “livro de memórias” sobre o autor, pelo autor. E a maior parte das histórias que ele conta são, ao meu ver, interessantes. E valem a leitura e reflexão. Não sei muito o que falar desse livro, mas indico porque achei interessante. Como a nota de rodapé do livro diz, são pensamentos não-religiosos do Cristianismo nos dias de hoje.

“Son of Hamas” de Mossab Hassan Yousef

Não é qualquer dia que você vê um palestino, filho de um dos principais líderes do Hamas, muçulmano, se tornar agente do Shin Bet, com intuito de ser um agente duplo (ou seja, trair os israelenses) para trabalhar para os palestinos, e mudar de idéia e realmente ajudar os israelenses no final de tudo. Além dessa história improvável, é muito interessante ver o que levou o cara a isso tudo e como que o conflito do Oriente Médio é mostrado de uma forma diferente pela televisão do que como realmente é, falando sobre os palestinos, Israel, e os conflitos. Li esse livro depois de assistir “The Gatekeepers”, documentário em que os 6 ultimos lideres do Shin Bet são entrevistados, e falam sobre os conflitos do Oriente Médio, Israel, Palestina e pra onde eles acham que essa guerra vai, e qual a melhor solução. Infelizmente ainda não está disponível por meios alternativos, mas vale muito a pena assistir porque esclarece muita coisa sobre aquela região.

“What I Talk About When I Talk About Running” de Haruki Murakami

Eu comecei a correr com uns 14 anos, porque meu primo corria. E como ele era praticamente um dos meus heróis na época, resolvi que eu queria fazer o mesmo. E comecei a correr. Apesar de não ter idéia de como treinar nem nada, aos poucos fui aprendendo e hoje em dia é uma coisa que eu gosto bastante de fazer, me sinto bem e me faz relaxar e refletir. Esse japonês gosta de correr mais que eu, e escreveu um livro sobre o que ele pensa quando ele corre. Achei interessante porque, algumas coisas, dá pra se relacionar com as coisas que eu também penso enquanto eu corro, ou com os devaneios que eu também tenho enquanto corro. É até engraçado se relacionar dessa forma com um livro. Acho que quem tem o hábito de correr irá gostar de ler esse livro (que é pequeno). Quem não gosta, mas tem interesse, talvez se assuste um pouco mas acho que vai gostar também.

“102 Minutes” de Jim Dwyer e Kevin Flynn

Acho que todo mundo se lembra de onde estava e o que estava fazendo no dia 11 de Setembro de 2001. Eu particularmente gosto de ouvir os relatos das pessoas sobre onde elas estavam, o que fizeram, pensaram, etc. A minha particularmente envolve tomar chuva voltando pra casa e uma vontade incontida de urinar. Aquilo tudo acontecendo foi meio impactante pra mim, passei o resto do dia assistindo a cobertura dos acontecimentos e até cheguei atrasado na aula de reforço em matemática porque fiquei andando de banca em banca procurando uma edição especial do O Globo que tinha saído sobre tudo aquilo (não achei em nenhuma banca). E esse livro relata os 102 minutos entre o impacto do primeiro avião e o desmoronamento da segunda torre. Histórias de pessoas que sobreviveram aos acontecimentos, e de heróis que lutaram até o último minuto.

“The Irresistible Revolution” de Shane Clairborne

Esse livro tem jeito de hippie e por um lado ele é mesmo. Por outro ele é mais interessante. Conta a história de um cara que meio que pratica o desapego extremo das coisas materiais e vive em comunidade, e como ele acha que o Cristianismo deveria dar mais atenção aos necessitados. E acho que em muitas coisas ele está correto mesmo. Em outras até acho que falta uma interpretação melhor, mas no geral a idéia dele é bem interessante.

“No Easy Day” de Mark Owen

10 anos depois do 11 de Setembro, enquanto eu esperava meu hamburguer ficar pronto num lugar que vendia peixes na Costa Australiana, eu vi o Obama anunciando que, finalmente, Osama Bin Laden tinha sido morto. E quando eu soube desse livro, eu tive que ler (até porque o autor era um Ex-Seal, e eu tenho interesse pelo funcionamento de Forças Especiais). Toda a sequência da caçada, de como eles se prepararam, receberam a notícia, como o plano meio que deu errado, e toda a sequência da invasão do esconderijo dele e da morte do Bin Laden, é muito impressionante. Foi um dos livros que eu não conseguia parar de ler. Aliás, toda a sequência de “Zero Dark Thirty” da invasão do esconderijo até a morte, é literalmente igual a descrita no livro.

“The Silver Linnings Playbooks” de Mathew Quick

Vi o trailer e achei interessante e prevísivel, mas ainda assim queria ver o filme. Vi o filme e achei muito legal, prevísivel, e em certos aspectos, algumas similaridades comigo mesmo, como a relação futebol + pai, em diferentes escalas. Acho que isso me fez gostar mais do filme até. Resolvi ler o livro, e foi a primeira ficção que eu li em bastante tempo (tentei ler “Persuasion” da Jane Austen quando estava no Cambodia em 2011 mas achei meio parado depois de 6 capítulos). Gostei bastante do livro, é bem fácil de ler e tão doido quanto o filme. Apesar de ter algumas coisas diferentes, acho que eu teria gostado mais se tivesse lido o livro primeiro. Porém é um ciclo sem fim, porque sem o filme eu dificilmente leria o livro. E vendo o filme eu queria ler o livro primeiro. Enfim, ambos são bons. Mas ler o livro primeiro teria sido melhor.

Tem mais de 2 anos desde que eu escrevi aqui, e não tenho nem previsão de escrever outra vez. Só fiz mesmo essa lista e o texto porque queria indicar uns livros pra Sabrina e porque ela falou que gostava do meu gosto pra livros.

felipecamara.com

--

--