Por trás de uma outra realidade

Fernanda Dias Brito
4 min readSep 25, 2019

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Por Fernanda Dias, Felipe Coutinho e Erika Miranda

O sonho de viver fora, em países como Estados Unidos e Portugal, e ter uma vida mais tranquila é um desejo compartilhado por muitos brasileiros. Melhoria de vida, maior segurança e crescimento profissional são alguns dos principais motivos para os brasileiros irem em busca de novas oportunidades mundo a fora.

Os EUA são muito bons em vender a ideia de que o país é uma terra de oportunidades, mas na prática, o American Dream é um sonho com uma realidade um pouco diferente. Já Portugal, que vem se tornado um porto seguro para os brasileiros, facilita a entrada no país de muitos pela dupla cidadania e outros em busca dessa cidadania através dos estudos, além de toda a relação histórica Brasil-Portugal.

Três países no mundo recebem cerca de 80% dos imigrantes brasileiros (EUA: 800 mil; Paraguai: 455 mil; Japão: 254 mil). Além desses, Portugal e países europeus seguem atrás, já que muitos brasileiros possuem cidadania européia. No Paraguai, por exemplo, existem os Brasiguaios, que são brasileiros residentes lá e que exercem atividades agrícolas, principalmente a soja, tendo uma excelente qualidade de vida.

De acordo com uma pesquisa do Datafolha, em 2018, 62% dos brasileiros entre 16 e 24 anos gostariam de sair do país. Todos esses números confirmam a tendência natural de saída do Brasil para viver em outros países, seja por motivos econômicos, pessoais ou políticos.

Carolina Ciminelli, Nova Iorque

“O sonho americano”

Carolina Ciminelli é carioca, tem 21 anos e mora em Orlando (EUA) há três anos e meio. A estudante só teve o seu pedido de green card aprovado há quatro anos atrás, porém já tinha dado entrada há mais de 10 anos. A sua principal motivação para sair do Brasil foi a expectativa de uma vida melhor e maior segurança, já que ela se mudou para estudar e trabalhar ao mesmo tempo.

“A perspectiva de crescimento depende de cada um de nós, com a maioria dos subempregos aqui você consegue se manter com uma vida tranquila e ainda consegue fazer uns gastos supérfluos. Não é que nem no Brasil que trabalhamos para pagar conta, no Brasil fazemos essas coisas com mais dificuldade. Aqui tem oportunidade para todo mundo!”

Fonte: Felipe Galindo

Com todos os problemas encontrados por aqui, ainda assim o povo brasileiro é muito acolhedor e acostumado com o contato físico com as pessoas que gostamos. E é exatamente isso que a Carolina sente mais falta na sua rotina: “Basicamente o dia a dia de um americano é trabalhar e dormir, algo que não estamos acostumados no Brasil, já que temos algum horário maior para diversão. O que mais sinto falta é o calor do brasileiro, a vontade de encontrar os amigos. Os americanos não têm isso estarem sempre por perto dos familiares e amigos.”

Migrar é um processo difícil e complexo. Você está longe de sua família e amigos. Você enfrenta desafios diários e isso pode ser mais ou menos doloroso a depender da sua condição migratória e de sua rede de apoio.

Fonte: Alexander Spatari — Getty Images
Clara Rodrigues, Porto

Para Clara Rodrigues, 25 anos, formada em Educação Física pela UFRJ, a oportunidade de migrar para Portugal surgiu por uma amiga de sua mãe já residir no país lusófono. O sonho de morar fora apareceu depois de viajar a passeio para a Europa e há dois anos ela começou a se planejar para poder viver o seu sonho, além de fazer um mestrado na cidade do Porto.

Como a maioria do brasileiros, a ida para outros países se dá pela violência e uma perspectiva de melhoria de vida. Em Portugal, Clara cita que o preconceito não é tão presente no dia a dia, apesar de ter uma parte, mais velha e idosa, que tem esse preconceito do “tinha que ser brasileiro”. Em uma ocasião, ela ficou presa com amigos em um elevador e uma senhora que residia nesse edifício falou que a culpa era dos brasileiros, que foram só eles chegarem para quebrar as coisas “do meu país”, relatou.

Fonte: Ibope, Datafolha

Segundo Daniel Stein, 34 anos, formado em Turismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o aumento no número de jovens interessados em morar fora se deve primeiro a falta de oportunidades para recém formados, também pela violência, além de uma perspectiva na melhoria de vida. “Essa crescente vem da própria vontade desses jovens, de crescerem, terem suas independências. Mas muitos pais influenciam seus filhos para aproveitarem a oportunidade.”

Atualmente, ocorre uma mudança no padrão de emigrantes brasileiros. Enquanto antigamente quase 100% emigrava por fatores econômicos, hoje há uma grande movimentação de pessoas por questões de falta de segurança no país. Para a melhoria do quadro e redução do número de emigrantes, é necessário uma reformulação em diversos aspectos nas áreas de saúde, segurança, educação entre outros fatores que influenciam na vontade de pessoas em sair do Brasil para viver em outro lugar.

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