REVELAR OU NÃO O TIME NO JORNALISMO ESPORTIVO?

O impacto que a decisão pode causar sobre o profissional e suas fontes

Felipe Nabinger
2 min readApr 26, 2016

Recentemente dois colegas cronistas esportivos revelaram seus clubes do coração. Uma decisão que respeito e aplaudo. No entanto, ambos chegaram a um ponto da carreira em que isso é “mais fácil”. Quando se subiu degraus dentro da profissão chegando ao posto de âncora, comentarista ou animador/entertainer isso tem uma repercussão positiva ou no mínimo menos negativa. São profissionais com 15 ou 20 anos de profissão que tomaram a decisão em um momento apropriado da carreira e aos quais respeito pela atitude.

No entanto, colocarei a questão no ponto de vista do repórter, que assim como eu tem, na média, uns 5 anos de carreira. Cobrimos treinamentos, estamos na beira do campo nos jogos e temos como fontes pessoas de alguma forma a ligadas aos dois clubes da dupla Gre-Nal. Não são todas, mas muitas delas não passariam informações a um repórter “rival”. Também não sei qual a reação do torcedor com um repórter “rival” ali a metros de distância no estádio. Até acredito que no parâmetro “macro” haveria respeito e no máximo a corneta, mas no “micro”, pegando uma meia dúzia que torna-se “bicho” em meio a multidão poderia haver algo mais forte… Não sei. Seria um risco que correríamos. Vale?

Todos nós já torcemos (de forma aberta) por algum clube e foi isso que nos fez gostar de futebol e entrar neste meio. Quem disser que torcia pro Flamengo, pro Fluminense ou pro Palmeiras está mentindo. Torcíamos por um ou outro da dupla Gre-Nal. Ninguém é isento. Até porque um dos significados da palavra ISENÇÃO é “desinteresse, falta de comprometimento moral” e no sentido figurado pode ser “desdém”. O jornalista esportivo não deve e não pode desdenhar os clubes, profissionais e torcedores dos mesmos. A busca é pela IMPARCIALIDADE, julgar justamente, agir sem favorecer ninguém, sem pensar em suas próprias convicções. E isso faço sem revelar minha predileção clubística, pelo menos por enquanto.

Isso, claro, poderá ser revisto dependendo dos rumos que tomem minha carreira. Por hora, continuarei fazendo meu trabalho sem isenção, no sentido de desdém, com imparcialidade, sem deixar que convicções influenciem nas informações que trago aos ouvintes, sem revelar meu clube de coração. Essa é minha escolha. Respeito a grandeza dos dois maiores da Capital, assim como respeito clubes menores e do interior. Todos da mesma forma. E assim seguirei.

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