Pura Vida: Costa Rica

Fernanda Passos
7 min readJun 17, 2019

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Eu já havia lido sobre o alto IDH e sobre o índice de felicidade super alto do país, também já havia visto algumas coisas sobre as praias de lá, mas eu não tinha noção de como seria. Uns dias antes de chegar vimos que a previsão do tempo era de chuva e já nos preparamos para dias dentro de alguma casa. Também vimos que o mais indicado era alugar uma SUV porque as estradas eram ruins, mas era o melhor jeito de se locomover. E essa era a nossa expectativa: chuva, barro e buracos.
E no dia 27 de maio de 2019 chegamos na Costa Rica!

Chegamos e fomos alugar um carro na Hertz, que dado as várias taxas era a opção mais barata. Contrariando todas as indicações alugamos o carro mais barato possível, um: BYD FO, o menor carro produzido pela BYD Auto uma empresa chinesa. É um dos menores carros que eu já vi e o menor que já dirigi, acho que não era nem 1.0. Mas o bichinho foi guerreiro e o apelidamos carinhosamente de “Cielito”.
Passamos rapidamente pela capital San José e já fomos dirigindo até Tamarindo, uns muitos kms e horas de volante. A estrada até que era boa, só tinha uma pista, era mão dupla e não tinha acostamento! Choveu no caminho, não dava para ver nada, Cielito deu uma derrapada que achamos que era o fim, mas seguimos.
Era quase 16h e não havíamos comido nada, até que paramos em uma vendinha e comemos o primeiro e maravilhoso: “Gallo Pinto”. Esse é o prato típico costariquenho o casado galo pinto, que consiste em: arroz e feijão misturados, uma salada, uma carne que pode ser frango, bife de boi ou bisteca e banana frita. Bem brasileiro neh? A diferença é que tem isso no café da manhã, almoço e jantar! Só no café você pode colocar ovo também. Ah e os restaurantes baratos chamam: Soda, Achar uma soda é sinal que você pode comer um casado bem gostoso e barato, mais ou menos Crc 2.500 (colones), cerca de R$15,00.

Continuando nosso caminho para Tamarindo, o país é praticamente inteiro verde, em todo canto tem florestas, reservas, campos. A Costa Rica abriu mão do exército para ter melhor saúde, educação e cuidar da natureza e com certeza podemos ver isso.

Em Tamarindo chegamos na casa do simpático casal: Dani, uma americana que mora há 1 ano e meio na Costa Rica e Dan um inglês surfista que já esta na região há uns 4 anos. Os dois são bem o perfil de quem mora na região de Tamarindo, gringo, surfista, natureba que largou tudo pra viver uma vida mais leve. Praticamente todo mundo da cidade é gringo e fala inglês, são poucos os que sabem o espanhol (língua oficial do país).

Para encontrar pessoas nascidas na Costa Rica só trabalhando em um supermercado ou algo assim. Fiquei bem chateada nos primeiros dias, pensando como a Costa Rica não era mais dos costariqueinhos.

Contrariando a previsão do tempo, choveu sim nos primeiros dias, mas por cerca de 2 minutos e depois parava por 10 minutos, ai chovia de novo, era até bem engraçado e deu sim para curtir praia todos os dias.
Em Tamarindo todo mundo é surfista ou esta aprendendo a surfar, as pessoas te olham até meio de lado se você não tem uma prancha, mas todos se cumprimentam com: “Pura Vida”, que é o lema do país.
Tem algumas placas ensinando o idioma local, mais ou menos assim:
- Hi: Pura vida
- Good Morning/ Good afternoon / Good evening / Good Night: Pura vida
- How are you?: Pura vida?
- Please: Pura vida
- Thank you: Pura vida
… E assim por diante.

Descobrimos também que o café da Costa Rica é super tradicional e típico. Todas as manhãs, o Dan fazia uma jarra, normalmente eu só tomo café com leite, mas o café lá era tão bom que eu tomava uma xícara grande puro todas as manhãs, com um pouco de açúcar porque eu não sou de ferro kkk, mas que maravilha de café!
Com o fuso horário, a Costa Rica esta 3 horas atrás do Brasil, então o Diogo acordava cedinho para trabalhar. Eu fui correr no primeiro dia, mas a rua estava molhada e eu fiquei com medo de cair. Nos outros dias eu fazia exercício, escrevia, até pintei o cabelo com ajuda do Diogo!

As praias de Tamarindos são bem bonitas, mas são melhores para surfista do que para nadar. O pôr do sol é um verdadeiro espetáculo! As cores vão de vários tons de roxo, lilás, vermelho, laranja, amarelo, azul uma verdadeira pintura de tirar o fôlego.

Em uma de nossas voltas da praia para casa, nos deparamos com uma triste realidade. Demos carona para 2 mulheres, uma um pouco mais velha, uma moça de uns 28 anos grávida de 3 meses e duas crianças, uma menina de 5 anos e um menino com sindrome de down de uns 4 anos. Elas vieram andando desde a Guatemala por 8 dias, sem malas, dinheiro ou comida. O plano era encontrar 2 irmãos para ajuda-las já que a casa delas pegou fogo na Guatemala e elas não tinham mais nada. Porém quando chegaram no endereço dos irmãos descobriram que eles haviam sido transferidos para outra plantação de banana em Limon, do outro lado do país. Os irmãos não tinham nem telefone, endereço certo, nem nada que pudéssemos nos comunicar.
Elas nos contaram sobre a realidade na Guatemala e como todos estavam fugindo do país. Levamos eles até uma soda mais próxima, demos 10 mil colones (R$70,00) e uma garrafinha de água que era tudo o que tínhamos, eles ficaram lá e nós seguimos nosso caminho tristes por eles e pensativos.
Eu li que no último ano a Costa Rica recebeu milhares de pessoas da Guatemala, sem dinheiro, fugindo de perseguições do governo e se instalando em San José. Agora o país tem um novo desafio, como acolher ou o que fazer com essas pessoas, que não são imigrantes tão “bons” quanto europeus que querem surfar.

Depois de uns 6 dias fomos para Arenal conhecer o vulcão, mas no caminho fomos em uma linda cachoeira, passamos por um rio de águas termais super quentes, fora estradas com buracos 3 vezes maiores que o Cielito. Nesse mesmo dia ainda fizemos uma trilha no vulcão, nos hospedamos em um hostel e saímos para jantar e comemorar o aniversário do Diogo.
Em Arenal conhecemos a Myrka, uma moça da Eslováquia muito simpática que estava viajando por alguns meses na América Central. Ela nos falou mais sobre a Guatemala e sobre El Salvador, realidades bem difíceis também.
Ainda fomos em um passeio em cima de umas pontes de uns 30 metros de altura, para mim que tenho medo de altura foi assustador, mas um momento de superação!

De Arenal partimos para a região de Manoel Antônio, dirigimos por horas e horas sem fim, quase desistimos.

Quando chegamos no AirBnB tivemos a triste notícia que um tio do Diogo faleceu de repente. Uma pessoa incrível e muito querida se foi… Viajar é sem dúvida sensacional, mas como estar longe em momentos como esse? Você se sente egoísta, tudo parece tão pequeno… Até procuramos passagens para voltar, mas não ia dar tempo, nem um vôo chegaria tão rápido em São Paulo. Talvez o Diogo peça para eu apagar essa parte, mas eu queria contar algo que ninguém te prepara, tem dicas em blogs de como arrumar a mala, se hospedar, o que comer, mas a distância e a vontade de querer estar junto de quem se ama, ninguém nunca explicou como resolver...
Por fim não voltamos, mas ficamos ligados de coração na família do Diogo.

Passaram os dias e fomos ao Parque Nacional Manoel Antônio, uma reserva sensacional onde vimos preguiças, iguanas, cobras, sapos e na beira da praia era cheia de macacos e guaxinins. Realmente um paraíso, considerada há uns anos atrás a melhor praia do mundo pela Forbes, na minha opinião uma das melhores que eu já fui.

No último dia antes de ir embora, a Melanie, uma menina de 16 anos que mora com os tios e trabalha no AirBnB ainda me ajudou a fazer progressiva no cabelo! Que lugar… Que viagem … Que dias…

E assim depois de 11 dias deixamos a Costa Rica em direção a Europa!

Fotos: #tripdiefe

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Fernanda Passos

Apaixonada pela Experiência do Usuário, Product Manager e agora viajante!