O rádio e a tecnologia: a evolução tecnológica do rádio no Brasil

Fernando Wasem Eifler
6 min readJun 16, 2016

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Trabalho sobre a evolução do rádio no Brasil produzido para a cadeira de Rádio II

O rádio analógico no Brasil

O rádio chegou oficialmente ao Brasil em 7 de setembro de 1922, junto com as festividades do centenário da independência. Trazido no governo do presidente paraibano Epitácio Pessoa, o rádio tinha uma programação voltada para a cultura e educação, tanto que o conteúdo dos primeiros programas eram musicais líricos, concertos, conferências, recitais de poesias e palestras culturais (ORTRIWANO, 1985). No início a veiculação se restringia a um pequeno número de pessoas, pois no Rio de Janeiro, cidade onde se iniciaram as transmissões haviam poucos transmissores.

Durante muitos anos o rádio permaneceu no topo da comunicação brasileira e atingiu seu auge com as radionovelas, com programas radiojornalísticos, esportivos, e com programas de auditórios. Vendo a popularidade do rádio aumentar, a busca por espaço publicitário cresceu também. Grande parte do valor em publicidade que antes era destinado ao impresso, passou a ir para o rádio, com intenção de aumentar o número de clientes e por consequência o lucro.

O domínio do rádio só começou a ser ameaçado na década de 1950 pela televisão. Desde então os investimentos na radiofonia vem caindo. Parte da verba publicitária migrou para a TV. Mesmo assim a tecnologia foi um fator decisivo para que essa mídia se consolidasse entre os meios de comunicação. A mobilidade do rádio proporcionada pela tecnologia do transistor, faz com que essa mídia se faça presente com mais facilidade em vários lugares, permitindo uma comunicação móvel eletrônica.

Devemos dizer também que houveram outros fatores tecnológicos que ajudaram o rádio a se consolidar. Conforme Ortriwano “uma série de inovações tecnológicas são especialmente favoráveis ao renascimento do rádio e à transmissão jornalística. Entre elas, o gravador magnético, o transistor, a frequência modulada e as unidades móveis de transmissão”.

Atualmente a mídia radiofônica brasileira opera com duas modulações: AM (amplitude modulada) e FM (frequência modulada). Porém nem sempre foi assim. Quando o rádio surgiu, operava apenas no AM, o que significa que a amplitude modulada é tão antiga quanto a história do rádio. Já as emissoras FM’s são mais recentes e tiverem sua regulamentação apenas na década de 1960. A diferença entre as modulações se dá pela qualidade. As Fm’s tem qualidade superior as AM’s.

Rádio Online

Segundo Kuhn, A fusão midiática entre o rádio e a internet surgiu em 1995, com o boletim eletrônico iRádio que tinha como objetivo divulgar e acompanhar as mudanças no rádio provocadas pela internet.

Segundo Prata (2008) rádios on line são aquelas em que suas emissoras executam sua programação por ondas eletromagnéticas e via internet simultaneamente, funciona como uma segunda opção ao consumo radiofônico em um outro suporte: a internet. Atualmente, a maioria das emissoras de rádio que possuem sites na internet, disponibilizam a transmissão virtual de seus programas radiofônicos.

Web rádio

A diferença de uma web rádio para uma rádio online, é que a primeira é transmitida exclusivamente pela internet.

A segmentação da programação é notada muito mais fortemente nas web rádios. Isso se deve ao fato de se poder operar em vários espectros com públicos específicos, em um mesmo endereço virtual.

Embora disponibilize uma comunicação multimidiática, as webradios devem primar pela qualidade do áudio para uma boa difusão de seus conteúdos.

As emissoras de webradio vêm ganhando cada vez mais adeptos a essa nova forma de se fazer radiofonia na web. Um dos principais motivos é a liberdade de se fazer o que quiser, veicular o que bem entender. Uma web rádio pode ser musical e tocar vários estilos diferentes, pode também se apegar a um mesmo estilo, ou também pode ir pelo viés jornalístico, trazendo notícias, pode falar de moda, etc. Ou seja, a web radio dá a liberdade de escolher o caminho a seguir.

Web rádio como business:

Com a popularização da internet, as empresas começaram a colocar suas páginas na rede. O rádio viveu o mesmo processo e muitas emissoras passaram a ter um site na web, onde incluíam de tudo, como a playlist, os locutores, anúncios publicitários, etc. Um tempo depois as rádios começaram a oferecer a transmissão online, a partir daí o ouvinte passou a poder escolher onde e como ouvir, podia ser tanto na internet quanto no aparelho de rádio.

A rádio Klif, no Texas, EUA, foi a primeira emissora comercial a transmitir contínua e exclusivamente através da internet, a partir de setembro de 1995. De acordo com dados da empresa BRS Media, entre abril de 1996 e abril de 2000, o número de rádios com transmissão via internet aumento de 56 para 3763.

No Brasil, a web rádio só chegou no dia 5 de outro de 1998, com a rádio Totem, primeira emissora brasileira com transmissão exclusiva pela internet. Hoje é quase impossível listar todas web rádios existentes no Brasil, segundo o site “www.radios.com.br” , existem cerca de duas mil rádios online cadastradas no portal, separas por segmentos.

No Brasil a novidade mais comentada nos últimos tempos em termos de rádio web como business, são as emissoras corporativas, como a rádio Bradesco, rádio do maior banco brasileiro, que está disponível em todos os tipos de plataformas. Dessa forma o internauta pode fazer sua própria seleção musical, e ainda ter acesso a informações sobre educação financeira, tecnologia, seguros, cultura e sustentabilidade.

3- A Web “Rádio Pelo Mundo”

Para se entender as possibilidades da web-rádio como negócio, foi feita pesquisa junto à Pelo Mundo Comunicação, um projeto que tem grande aceitação entre o público do estado de Minas Gerais, Brasil. O portal Pelo Mundo, começou com uma proposta tímida , em agosto de 2004, quando três profissionais de Belo Horizonte criaram uma web-rádio. Andréa Tupinambá (webdesigner), Cássia Magalhães (jornalista) e Michelle Bruck (jornalista e locutora) começaram a antever as possibilidades do rádio na Internet e decidiram apostar na novidade.

Michele Bruck apresentava um dos mais tradicionais programas do Rádio mineiro, o Good Times, na Rádio BH FM, e por gostar de muito de música, buscava novidades nas rádios-web americanas, músicas que não se ouviam por aqui. Com essa inspiração e mais um investimento inicial de R$30 000,00 nasceu a empresa, com o slogan “Toca de tudo e pelo mundo”. Com objetivo de ser eclética mas sem perder o foco na cultura.

Segundo Michele, o maior desafio foi descobrir qual era a linguagem da web-rádio, pois estavam acostumadas a fazer rádio no dial, ao migrarem para a internet perceberam que teriam que mudar a forma de se comunicar. No início tudo acontecia na casa da Michele, pois o dinheiro que conseguiram foi usado para comprar bons equipamentos e com isso ter qualidade na transmissão.

Sobre o faturamento ela comentou que no início buscaram ganhar dinheiro via veiculação de spots, do mesmo modo que em uma rádio comum, porém não deu certo e tiveram que buscar novas formas de parceria para viabilizar o sustento da emissora.

A primeira parceria foi com a empresa Way, hoje Oi, para criação de spots, produção de programas e veiculação de banners no site da Pelo mundo. Isso também ampliou a gama de produtos que a rádio podia oferecer. Inicialmente a rádio contava com programas de estilos de música diferentes, pela manhã programa com músicas nacionais e novidades musicais, pela faixa do meio dia tocavam músicas mais calmas e depois até o fim da tarde um programa com músicas de todos os gêneros, uma mescla de tudo que a rádio oferecia. Depois os programas se repetiam.

No ano de 2007 a Pelo Mundo firmou parceria com a J. Chebly, concessionária de mídia aeroportuária, para a produção de programas nas TVs dos aeroportos de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e na Rodoviária da capital mineira. Os programas criados são culturais, e tem um ritmo diferente dos veiculados em televisão comum, pois precisam ser mais ágeis, algo que combine com um público que está esperando por um ônibus ou por um voo. Graças a essa parceria, a rádio pôde se expandir, com a abertura de novas oportunidades, a Pelo Mundo passou a realizar muitos eventos e produção de algumas web-rádios corporativas.

No mesmo ano a Pelo Mundo fechou parceria com a Telemig Celular, para produzir conteúdo de imagem com envio por SMS. A partir desse contrato a empresa começou a realmente ter lucro.

Depois disso a empresa só cresceu, aprendeu a usar ferramentas de mobile marketi ng, agregou um novo sócio, o Advogado Cristiano Gallo Curi, responsável pela captação e pelo relacionamento da rádio com os clientes. E por fim a Pelo mundo enfim saiu do ambiente doméstico e ganhou uma sede própria.

A Pelo Mundo atua hoje em três segmentos: Internet, áudio e vídeo. A empresa fatura cerca de R$35.000,00 mensais em seu site e tem aproximadamente mil acessos diários.

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