lágrimas de sodalita
Estive correndo por mais tempo do que consigo me lembrar,
A terra ameaça me engolir, a minha própria terra.
Olhar para o abismo não foi uma boa ideia, no entanto é tarde demais.
Tentei me esconder, contudo é impossível, está em todo lugar.
Quero arrancar tudo de dentro de mim, desfazer toda a costura,
Tirar os dentes um por um e plantar como sementes.
Que tudo fique em pedaços, porcelana com detalhes de oleandros,
E outras coisas irrelevantes, adornos frágeis e complacentes.
Eu desisto, assim que paro em frente ao lago, me deixo afogar…
Afundo, afundo, chegarei a outro mundo.
Meus olhos opacos de luas mortas, renascerão,
Sobreviverão, talvez não as minhas entranhas.
Fundo, fundo, agora é para sempre.
Flutuando subitamente, encontro a estrela
Fatal, pontiaguda e exasperante.
Sodalita intrometida, meu âmago e voz.
Meu coração se desprende e voa livre, pássaro solitário.
(Ele voltará, não suporta viver longe do musgo e
Do entulho brilhante, pobre criatura).