13ª Missão Técnica Internacional: SEMESP 2023

Semesp envia delegação de gestores de IES brasileiras para conhecer algumas das melhores universidades na Bélgica e nos Países Baixos

Forno Harmônico
26 min readMay 8, 2023

Reportagem: Pedro Lago

Imagens: Pedro Lago

13ª Missão Técnica Internacional 2023: entre os dias 30 de abril e 5 de maio, o SEMESP promoveu a visita de uma delegação formada por cerca de 35 reitores e gestores de Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o Brasil para uma Expedição às cidades de Amsterdã, Haia, Maastricht e Bruxelas. O principal objetivo foi conhecer de perto como funciona o ensino superior na Holanda e na Bélgica.

Comitiva da 13ª Missão Técnica Internacional SEMESP 2023 em visita a Odisee Campus Brussel — Terranova

Além de ter se tratado de uma oportunidade privilegiada de networking com os professores estrangeiros, houve muita troca de conhecimento entre os gestores brasileiros. A delegação da SEMESP conheceu algumas das melhores IES holandesas e belgas inspirando transformações institucionais e vislumbrando potenciais oportunidades de parcerias entre as IES brasileiras e europeias.

A SEMESP reforça seu compromisso com a promoção da excelência no ensino superior brasileiro e agradece a todos os parceiros, especialistas e participantes que contribuíram para o sucesso dessa Missão. Acreditamos que o intercâmbio de conhecimento e a cooperação entre as instituições são fundamentais para impulsionar a educação no país e preparar os estudantes para os desafios do futuro.

Rodrigo Capelato, João Otávio e Hans de Wit dão o pontapé inicial na 13ª Missão

Nas próximas páginas deste Diário de Bordo você acompanhará os detalhes de cada passo desta Missão. Embarque conosco e venha conhecer algumas das melhores Instituições de Ensino Superior (IES) do planeta!

Universidades visitas pela 13a. Missão SEMESP

DIA 0 | O EMBARQUE
27 DE ABRIL DE 2023 | QUINTA-FEIRA

No dia 27 de abril, a comitiva da 13a Missão Técnica Internacional do SEMESP — formada por um grupo de cerca de 40 Reitores e Gestores brasileiros — embarcou para os Países Baixos em meio às comemorações do Aniversário do Rei, uma das maiores festividades do calendário holandês. Enquanto a comitiva brasileira sobrevoava o oceano atlântico, milhões de holandeses iam às ruas para comemorar as festividades do Dia do Rei, vestindo-se de laranja e aproveitando os mercados ao ar livre. Após uma longa viagem, o grupo desembarcou no aeroporto de Amsterdã na sexta-feira e no sábado: dia livre para se recuperar e fazer um citytour pela cidade.

DIA 1 | PALESTRA E JANTAR OFICIAL DE ABERTURA
30 DE ABRIL DE 2023 | DOMINGO

No domingo, 30 de abril, às 18 horas, a comitiva brasileira se reuniu na sala de conferências do Mövenpick Hotel Amsterdam City Centre para um encontro com o professor Hans de Wit. O evento teve início com a exibição de um pequeno vídeo com um recado da presidente da SEMESP, Lúcia Maria Teixeira, para a delegação brasileira. Em seguida, o Diretor Executivo, Rodrigo Capelato, agradeceu ao grupo e declarou aberta a 13ª Missão Técnica Internacional SEMESP 2023. Rodrigo fez um agradecimento especial ao professor Hans de Wit por seu apoio fundamental na construção do programa da missão deste ano e lhe passou a palavra.

Hans de Wit, agraciado com o Prémio Noam Chomsky Lifetime Achievement Award, é Professor Emérito de Prática, Boston College e Fellow associado ao Center for International Higher Education.

Em sua palestra, o prof. Hans apresentou ao grupo um Panorama do Sistema Educacional da Holanda e da Bélgica. O ensino superior na Holanda é dividido em dois grandes fluxos: universidades de pesquisa e universidades de ciências aplicadas. Em uma palestra de 50 minutos, Hans apresentou detalhes do funcionamento do sistema, seu contexto atual e principais desafios para o futuro. Após a palestra de Hans, o jantar oferecido pela Anthology celebrou a abertura oficial da Missão Técnica Internacional.

DIA 2 | Visitas à The Hague University of Applied Sciences e ao International Institute Social Studies (ISS) | 01 DE MAIO DE 2023 | SEGUNDA-FEIRA

Na segunda-feira, pela manhã, a delegação brasileira visitou a The Hague University of Applied Sciences (THUAS) onde foi recebida pelo co-diretor do Centre of Expertise for Global and Inclusive Learning, prof. Jos Beelen no Auditório Speakers Corner.

Após uma apresentação sobre a estrutura organizacional e principais cursos ofertados pela instituição, o grupo se subdividiu em duas salas:

A primeira sala conheceu mais a fundo os programas, projetos e ações da instituição ligados à área da saúde com o prof. Hani Alers. Já o segundo grupo permaneceu com o prof. Jos que apresentou as estratégias de internacionalização do ensino utilizadas pela The Hague University.

Em seguida, o grupo embarcou novamente e partiu para a visita ao International Institute Social Studies (ISS), fundado em 1952 e integrado a Erasmus University Rotterdam desde 2009. A reitora do ISS, Inge Hutter, deu as boas vindas ao grupo e falou sobre a missão da entidade. Segunda ela, o ISS trabalha em prol da justiça social e pela redução das desigualdades, conduzindo pesquisas orientadas ao desenvolvimento e formando a nova geração de líderes do desenvolvimento social. Inge ressaltou o papel peculiar da instituição de promover a formação de muitos estudantes oriundos de países em desenvolvimento.

Eva Broer, chefe do gabinete de apoio à pesquisa do ISS, apresentou um panorama da entidade e os princípios e fundamentos das pesquisas realizadas pela instituição.

Segundo Eva, atualmente existem mais de 250 pesquisas e projetos parceiros ao redor do mundo, sendo 107 na Europa, 61 na Ásia, 45 na África, 26 na América Latina, 11 na América do Norte e 4 na Austrália. Além disso, o grupo teve a oportunidade de ouvir o relato de dois alunos da instituição que compartilharam sobre suas pesquisas e sobre sua experiência como alunos da entidade.

Em seguida, o grupo se dirigiu só Butterfly Bar, um pequeno pub que fica dentro da organização, para uma confraternização que encerrou o dia.

DIA 3 | Visitas à AERES University of Applied Science & NHL Stenden University of Applied Sciences | 02 DE MAIO DE 2023 | TERÇA-FEIRA

Na terça-feira pela manhã, a comitiva brasileira se subdividiu em dois grupos: O primeiro grupo visitou a AERES University of Applied Science, uma universidade voltada ao desenvolvimento de novos programas de estudos e pesquisas que podem ajudar a encontrar soluções para grandes desafios relacionados à Alimentação, ao Meio Ambiente e sobre como se desenvolve uma cidade verde. A AERES quer formar jovens para se tornarem estes futuros agentes de mudança urbana.

“Os prédios são totalmente adaptados e coerentes à essas ideias e conceitos, tudo é sustentável, reutilizado, as comidas são saudáveis, existem painéis solares e plantas por todos os lugares, inclusive dentro das salas de aulas. A Aeres é uma instituição temática, completamente voltada ao agro e tudo converge para os objetivos da universidade. Uma universidade nichada agrega muito valor. Todos os cursos da AERES são voltados para o verde. Seja marketing, direito, administração, mas todo o currículo é focado no verde.” — Renata ___

Grupo 1 em visita a AERES University of Applied Science

João Otávio, diretor de relações internacionais do SEMESP, fez parte do grupo 1 que visitou a AERES e ressaltou a contribuição dessa visita a uma Universidade temática para inspirar possíveis transformações institucionais:

Depoimento João Otávio, diretor de relações internacionais do SEMESP

“A AERES trata-se de um bom exemplo pras instituições do Brasil que querem transformar sua instituição em uma instituição nichada em algum tema. Com certeza vai contribuir bastante para gente levar esses insights dessa experiência pro Brasil para ajudar nossas associadas que queiram deixar de oferecer de tudo e focar em um tema ou nicho.”

O segundo grupo se dirigiu para a NHL Stenden University of Applied Sciences onde foram recebidos por Wil Bekkering, Director International Strategy e Frank Markus, Facilities Manager.

Na Holanda, as universidades de ciências aplicadas, como a NHL Stenden, oferecem três tipos de diploma: mestrado, bacharelado e associado.
Os diplomas de mestrado são geralmente programas de um ano, os diplomas de bacharelado geralmente têm duração de quatro anos, mas podem ser concluídos em três anos em certos casos, dependendo da educação anterior do estudante. Muitos dos programas também podem ser feitos em meio período, conciliando com o trabalho e, por isso, levar o dobro do tempo para serem concluídos.

Os professores nas escolas e universidades holandesas são mais como facilitadores que guiam os alunos em seu processo de aprendizagem em uma relação que preza pelos valores de igualdade e autonomia — o que exige dos estudantes assertividade, proatividade e independência. O objetivo é o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas. Espera-se que os alunos desenvolvam sua própria independência intelectual e sejam estimulados a compartilhar suas ideias e opiniões.

Na NHL Stenden University of Applied Sciences utiliza-se a Educação Baseada em Design, um conceito educacional que combina uma abordagem interdisciplinar com tarefas do mundo real. O sistema educacional holandês tem uma forte conexão com empresas nacionais e internacionais e com universidades parceiras em todo o mundo, oferecendo uma ampla gama de oportunidades de estágio, intercâmbio e colocação no mercado de trabalho. O foco está na aplicação prática do conhecimento adquirido pelos estudantes. As universidades de pesquisa, por outro lado, concentram-se na pesquisa científica.

A delegação brasileira fez um tour pelas instalações da Academia de Saúde e, em seguida, pela Academia de Gestão Hoteleira. A visita ao setor da saúde foi conduzida pelo professor Daniel Brinckmann que apresentou algumas aplicações práticas das tecnologias de Realidade Virtual e Realidade Aumentada no processo de ensino-aprendizagem na área da saúde.

Na visita à Academia de Gestão Hoteleira conduzida pela responsável pelo escritório de internacionalização, Jaime Dickson, o grupo conheceu um pouco sobre as metodologias utilizadas e toda a infraestrutura do Hotel e Restaurante que são gerenciados pelos próprios alunos da instituição.

Jantar oferecido e produzido pelos alunos da Hotel Management School | NHL STENDEN

Estiveram presentes também Wayne Johnson, diretor de assuntos internacionais; Melchior van Benthem MSc, assessor de políticas de assuntos internacionais e Prof. Dr. Oscar Couwenberg, vice-presidente do conselho executivo de educação, pesquisa e internacionalização. Para finalizar a visita, o grupo desfrutou de um delicioso almoço feito pelos alunos e em seguida embarcou para Maastricht.

DIA 4 | Visitas à Universidade de Maastricht & Hogeschool Zuyd, University of Applied Sciences, a Escola Internacional de Negócios de Maastricht | 03 DE MAIO DE 2023 | QUARTA-FEIRA

Na quarta-feira (3) o grupo brasileiro visitou a Universidade de Maastricht. O Diretor do Centro de Cooperação Internacional, Han Aarts, contou ao grupo a história e estrutura de funcionamento da instituição e convidou Walter Jansen, Coordenador de Inovação no The Maastricht Institute for Education Innovation, para apresentar detalhes sobre a metodologia de ensino PBL Problem Based Learning e a sua evolução desde a sua criação no final da década de 60.

Hans Aarts é Diretor do Centro de Cooperação Internacional em Desenvolvimento Acadêmico da Universidade de Maastricht MUNDO. Já Walter Jansen é Coordenador de Inovação do EDLAB Instituto de Inovação Educacional de Maastricht. Esteve presente também a gerente de projetos senior da instituição, Sra. Annechien Deelman.

Após a palestra, o diretor executivo do SEMESP, Rodrigo Capelato destacou:

“Eles são um dos precursores do PBL na década de 70. Foi interessante entender a evolução da metodologia, o modelo atual, os avanços no uso do PBL durante a pandemia e enxergar a possibilidade de aplicação da metodologia não só nos cursos de medicina, onde já é amplamente adotada no Brasil, mas também em outros cursos. A aplicação deste modelo ampliaria o impacto social das universidades, formando alunos mais protagonistas, autônomos, maduros, com mais capacidade de resolver problemas e pensar de forma mais global.”

Após as apresentações e um generoso lunch, o grupo partiu para a visita à Hogeschool Zuyd, University of Applied Sciences, a Escola Internacional de Negócios de Maastricht.

A apresentação da missão da instituição ficou a cargo de Manon Niesten, diretora de negócios internacionais que passou a palavra para as pesquisadoras e membras do comitê de apoio e aconselhamento Jeanine Gregersen-Hermans e Vivian Heijmans.

Vivian apresentou a plataforma utilizada pela instituição para gestão do processo de ensino-aprendizagem e Jeanine esclareceu os principais fundamentos e pilares da metodologia, que coloca os estudantes no centro, prioriza tanto seu desenvolvimento pessoal quanto profissional e tem seu foco mais voltado à aprendizagem do que ao ensino. Após uma rodada de perguntas e respostas o grupo embarcou rumo à Bruxelas.

DIA 5 | Visitas à Sede da União Européia & ODISEE University of Applied Sciences Brussels | 04 DE MAIO DE 2023 | QUINTA-FEIRA

Na quinta-feira, 4 de maio, a comitiva brasileira foi recebida no Centro de Visitas da Comissão Europeia no Edifício Charlemagne. Após o credenciamento, o grupo foi recepcionado pela coordenadora portuguesa Sra. Adelaide Pinto que acompanhou o grupo até a sala Jean Durieux para o encontro com diretores da Comissão Europeia relacionados a Educação, Juventude, Esporte e Cultura.

A Diretora Geral de Educação, Juventude, Esporte e Cultura, Sr. Kinga Szuly, recepcionou o grupo brasileiro com uma palestra sobre os principais programas das Nações Unidas para o desenvolvimento de parcerias e cooperação com instituições não-europeias. Em seguida, o grupo conversou com o português Telmo Baltazar. O Diretor Geral de Comunicação apresentou os quatro pilares ou carros-chefe da Comissão Europeia no momento atual e respondeu a uma rodada de perguntas.

Depoimento Denise Campos, Vice-Presidente Acadêmica da ANIMA Educação

Denise Campos, Vice-Presidente Acadêmica da ANIMA Educação, destacou a abertura para o diálogo demonstrada pela Comissão e a possibilidade de articulação e parcerias com os programas da Comissão Europeia.

“Tivemos a grata satisfação de saber que a União Europeia fez questão de receber nosso grupo, falar conosco de forma bem próxima e dizer que estão abertos para associações, articulações, para discutirmos pesquisa, ensino… Acho que foi uma experiência bastante marcante e vamos levar pro Brasil e pras nossas vidas pessoais pra sempre! Obrigada, SEMESP!”

A conversa com Armando Pires e John Edwards — Presidente e Diretor Executivo da EURASHE — foi sucinta pois o grupo ainda tinha mais uma Universidade a ser visitada naquela tarde. Porém, eles deixaram seus contatos e colocaram-se a disposição para esclarecer quaisquer dúvidas do grupo. A EURASHE reúne universidades de ciências aplicadas, colégios universitários, bem como associações nacionais e setoriais e outras instituições de ensino superior. E conforme frisou Armando, a EURASHE está de portas abertas e ficaria feliz em contar com o SEMESP como um de seus parceiros.

Pausa para mais um generoso café e a comitiva brasileira foi caminhando até a ODISEE University of Applied Sciences Brussels. Lá o grupo foi recebido pela Coordenadora do Programa de Cuidados com os Olhos, Isabelle Wellemans, e conheceu toda sua infraestrutura, pois graças ao período de férias, era possível caminhar com tranquilidade por suas salas e corredores.

DIA 6 | Visitas à Ghent University of Applied Sciences & Arteveld University | 05 DE MAIO DE 2023 | SEXTA-FEIRA

Na sexta-feira, 5 de maio, a delegação brasileira visitou a Universidade de Guent, onde foi recebida pelo diretor da entidade, Frederik de Decker. Fundada em 1817, é uma renomada instituição com mais de 200 diferentes programas e 50 mil estudantes.

foto: Silmara ___

Após sua apresentação, Decker convidou ao palco a diretora da Artevelde University of Apllied Sciences, Mira de Moor, que apresentou mais detalhes sobre a área de ciências aplicadas na instituição. Mira é Head of Office e Coordenadora Institucional do Programa Erasmus + no Escritório de Políticas Internacionais.

A visita a Guent foi o último evento oficial da 13a. Missão Técnica Internacional do SEMESP na Holanda e na Bélgica. Após a entrega dos certificados, o grupo partiu para um tour pelo campus e pela cidade, antes de retornar para Bruxelas.

Tour guiado pelas ruas de Guent

Na volta para Bruxelas, o grupo confraternizou em uma enorme Brouwerij onde compartilhou os principais aprendizados e reflexões de cada um dos grupos focais de forma descontraída, experimentando as melhores cervejas belgas e compartilhando os mais profundos insights e reflexões!

Insights e Reflexões

Grupo 1 | Internacionalização e Cooperação

“Muitos desafios, por mais que tenha a particularidade da região e perfis dos alunos, mas ao olhar pro século XXI, para as competencias que precisam ser desenvolvidas e tentarmos sair um pouco daquela caixa, de ter disciplinas, de olhar mais para competências, softskilss que precisamos trabalhar nos alunos. A gente percebeu que eles tentam sair desse olhar de disciplinas, daquela caixinha… A gente percebeu que O grande aprendizado que fica é, por mais que a gente tenha um órgão que regula e nos exige alguns requisitos, carga horária, matrizes curriculares… Mas olharmos para problemas que podemos resolver, competências que podemos desenvolver… E essa troca, olhando para algo prático, do que podemos aproveitar, tanto pensando na parte de pesquisa e intercâmbio quanto pensando em metodologia. A gente percebe essa necessidade de ir além das disciplinas, de termos uma situação problema, algo que vamos trabalhar os conteúdos com base em algo maior, e não somente desenhado naquelas caixinhas de disciplina. Pra gente foi uma honra participar com vocês. A gente acredita muito na educação, nesse olhar. Queremos entregar algo que traga um impacto. Não só pensando em uma formação ou diploma, mas nas competências que são necessárias no século XXI” — Pedro Barros

Thiago “Pensando na questão da cooperação, estamos bem estruturados através do SEMESP, por que temos as redes de cooperação, é algo que fazemos na prática. Em termos de cooperação, creio que estamos bem estruturados e temos uma vivência prática junto com as redes. E particularmente, foi um divisor de águas pra nossa instituição. Quanto a internacionalização, o que a gente pode ver, é que é uma questão que vai além da mobilidade do aluno. A importancia de internacionalizar na matriz curricular mesmo, onde a gente insira dentro do conteúdo do aluno um programa que realmente faça com que o aluno possa imergir em determinados ambientes de uma forma mais cultural. A gente viu que em algumas instituições, a partir do tratado de Bologna, eles tiveram que fazer uma junção de conteúdos. A gente devia aprender com isso e fazer no Brasil essa modificação nas matrizes curriculares de forma que a gente tenha esse universo multiétnico e multicultural no nosso ensino. Lá na UNIFATEB a gente tem o departamento de ideação e de execução. Já vimos na prática, por exemplo no VR de empatia que a gente viu na NHL, pensei numa ideia: que a gente consiga fazer um processo de empatia com alunos autistas da rede municipal… esses alunos tem várias dificuldades no dia-a-dia, de visão, audição, deglutição, por exemplo… que a gente possa trabalhar esses alunos e colocá-los em contato com essas dificuldades para que elas tenham mais empatia na hora de atender esses alunos.” — Thiago

Grupo 2 | Modelo Acadêmico e Inovação

“Nós discutimos bastante, uma discussão bastante profunda ao longo destes dias, e nós destacamos uma questão forte que observamos na Holanda e na Bélgica, essa ideia de projeto pedagógico e modelo acadêmico. Apesar de parecer óbvio, não é. Por que o Brasil, de alguma maneira, não trabalha ainda com a ideia de modelo academico ou de projeto pedagogico tal como a gente assistiu aqui. O MEC não define nosso modelo, ele trabalha com uma ideia de diretrizes curriculares, referenciais, parametros que guiam, norteiam, mas que não diz. O que ele define é que cada instituição deve definir seu projeto e modelo acadêmico, que vai pra além de uma matriz e uma grade, como o grupo 1 já citou. Então, nós tivemos alguns fortes modelos acadêmicos, como o PBL, a ideia da co-criação, a ideia de universidade temática… Foram alguns exemplos de modelos e formatos curriculares que tem uma concepcao, uma logica, objetivos, perfis, conteudos, avaliações próprias, coerentes, articuladas. E é interessante o tema do nosso grupo por que associa modelo acadêmico à inovação. E a ideia que está por tras disso é que um projeto ou modelo acadêmico em constante transformação, acaba continuamente e permanentemente gerando inovação. Então, quanto mais a gente se organiza em torno de uma ideia de projeto, e de um projeto acadêmico em transformação, essas sucessivas mudanças levam a disrupção, mudanças e inovação.” — Denise

“As vezes pensamos em inovação e novo projeto acadêmico, e ainda assim, na nossa mentalidade, de maneira geral, ficamos muito restritos aquilo. Uma coisa que me chamou muito a atenção: quando eles vão implementar um novo modelo, eles têm o desenho detalhado do novo modelo de forma muito organizada, mas esse novo modelo vai sendo modificado… o novo modelo ele está em movimento e de um ano pro outro eles fazem importantes modificações dentro do próprio modelo que vinha modificando o anterior. Então, percebo que a gente tem muita resistência de fazer essas mudanças com a agilidade que deveriam acontecer, os processos demoram muito ainda.” —

“Para além dessa ideia de Projeto Pedagógico da instituição, mas invertendo a lógica e entendermos como uma instituição em permanente projeto, acho que é uma ideia bacana. A segunda ideia que discutimos no grupo foi a integração que a gente vê que é muito forte. Primeiro, gerada pela comunidade econômica europeia, uma união de países que se traduz na educação, mas que é uma integração de línguas, culturas, politicas que leva a uma ampliação da forma de ver o mundo, da visão dos alunos. Então essa ideia de integração gera um movimento de currículo integrado na Europa. E é muito interessante ver que além desta mobilidade dos alunos, deles poderem sair de um país, ir para outro e continuar a conversa… e ter um diploma único. Além disso, a gente percebe que a pesquisa é forte e está integrada ao ensino. Uma outra perspectiva da integração é a integração entre os níveis de ensino. Por exemplo, vimos o caso de alunos de 11 anos que fazem a escolha da sua carreira e há uma continuidade. A ideia do lifelong learning. A ideia de que o fundamental, o médio, o superior e a pós possam estar integrados, com uma continuidade, uma formação permanente. Destacaria essa ideia de integração entre ensino e pesquisa, pós e graduação, da integração com outras culturas e línguas… são questões que achamos que o Brasil precisa avançar mais, pois ainda tem um saber seriado, disciplinar, fragmentado, compartimentado, etc… o contrário da integração.” — Denise

E outra coisa que precisamos melhorar e precisamos de um grupo forte pra esse tipo de mudança. Nós temos as diretrizes curriculares, ninguém define o modelo que vamos utilizar pra ensinar aquilo, mas temos uma porção de regras a seguir. O estudo centrado no aluno demanda muitas horas de estudos individuais e não temos a liberdade de colocar esse número grande de horas pro aluno sem ofertar uma disciplina. Então, temos algumas regulamentações que acabam nos impedindo de adquirir ou implementar esses métodos mais centrados no aluno por conta dessas restrições. Volto a dizer, tem a questão da frequência do aluno, quantidade de horas de atividades virtuais que podemos realizar dentro do curso, quantidade de horas de estudo protegido (quando o aluno estuda por conta própria) que podemos ter dentro do curso. Então não adianta adotarmos uma metodologia baseada em desafios ou projetos, se a gente não tem horas disponíveis para esse aluno utilizar em casa, se a gente vai continuar tendo que ofertar aula para contar curricularmente como horas-aula ofertadas.”

Grupo 3 | Integração Universidade e Sociedade

“Bom, depois de longas horas debatendo, ficou muito claro como as Universidades aqui olham pra sociedade, pro seu entorno, e decidem fazer seus projetos olhando e entregando algo pra sociedade. Uma coisa que me chamou a atenção na primeira visita, na The Hague, foi o quanto eles vão colocando degrau a degrau na educação das crianças o conhecimento sobre seu entorno. Então começam próximo da região da criança e vão introduzindo aos poucos o conceito maior de sociedade até introduzir um conceito mais global e elas adquirem habilidades que vão entregar algo para sociedade de verdade. A gente também percebeu que quando a missão da IES está mais próxima do próprio anseio da sociedade, os alunos se engajam mais por que percebem que a atividade que eles estão fazendo vai entregar algo pra sociedade a qual eles também pertencem. E a gente acredita que a utilização disso nas nossas IES no Brasil vai se dar muito através da extensão que agora foi curricularizada, então não existe forma mais clara e rápida de entregar algo pra sociedade do que através da extensão. Por que é este o objetivo dela: fazer com que o aluno interaja com a sociedade que está e possa desenvolver atividades que o integrem nisso.”

Grupo 4 | Universidade Temática

“A Holanda é maior produtor de alimentos por área do mundo, proporcionalmente. Mas a universidade temática pode se dedicar a qualquer tema. Nós escolhemos visitar a AERES, que é agrária, por esta razão. Mas o que interessa é ver o modelo e tentar trazer alguns insights pra gente. Então a ideia dessa missão não é trazer respostas, é trazer dúvidas. Como a gente pode questionar. Lá eles escolheram três temas como bandeiras: alimentação, natureza e cidades verdes. Eu acho interessante por que quando a gente fala “agrária” pensamos em coisas rurais, chapéu, fivela, botina… e quando eles ampliar para “cidades verdes” eles trazem outro público: paisagismo, hortas urbanas, verticais e outros espaços que não sejam necessariamente rurais. Então as estratégias que eles adotaram lá para vermos o que faz sentido para gente: primeiro, ampliar muito o portfólio. Então não fica em agronomia e veterinária somente, mas eles ampliam bastante. Desde arquitetura: como construir prédios inteligentes, sustentáveis. Então os prédios deles são totalmente autônomos, com energia solar, agua reciclada, pegada zero de carbono. Não existe pesquisa básica, somente pesquisa aplicada 100% voltada a solucionar problemas das empresas parceiras. E eventos, muitos eventos ligados a outras comunidades pra atrair este público que não seja rural. Quais são as perguntas que ficam: Será que existe para nossas instituições trade-off a escolha entre ser uma instituição de nicho ou variada? Para algumas instituições como a minha, no interior de São Paulo há 50 anos atrás quando ela foi fundada, a gente tinha que oferecer de tudo por que não tinha outra opção. Hoje a opção esta em cada esquina, literalmente. Será que faz sentido a gente continuar oferecendo de tudo e não ser uma instituição grande de escala? Ou vale a pena a gente pensar em nichar algo para ser excelência, ser referência? Outra questão que surgiu forte foi o ESG que está muito em voga mas precisamos tomar cuidado para não usarmos de forma irresponsável. O ESG nasceu no mercado financeiro como uma resposta daquelas instituições financeiras que queriam justificar a responsabilidade social, ambiental e de governança das industrias poluentes que financiavam. Então, será que vale a pena a gente entrar nisso? Eu acho que sim. Mas como entrar? Então essa questão da economia circular nas nossas instituições, as IES sustentáveis do seu ponto de vista energético e a responsabilidade social e governança da gente. Então, a universidade temática é uma opção, dependendo de onde você se posiciona e como você vai oferecer isso para a sociedade. Instituições pequenas locadas em lugares com baixa demografia, com concorrência grande com quase todo o Brasil… acho que este modelo que deu certo há 50 anos atrás talvez já não faça mais sentido. Então se a gente nichar, for especialista nisso e ter uma bandeira que seja reconhecida, pode ser um dos caminhos não apenas para sobrevivência das instituições mas para a gente continuar fazendo sentido e sendo relevante para nossa sociedade.”

Grupo 5 | Engajamento do aluno, captação, permanência e experiências sociais do estudante

“E na verdade o que a gente percebeu de forma bastante clara é que aqui não existe uma concorrência ou um processo de captação de alunos como nós temos no Brasil, uma coisa concorrencial e improdutiva para muitas cidades… não sei se por ser uma mensalidade muito acessível da parte que o aluno paga, e o governo custear 80% do restante, acho que isso inibe bastante a questão concorrencial, no sentido mais mercadológico, mas por outro lado, como João acabou de trazer também, o aluno acaba escolhendo a instituição por propósito, uma vez que as universidades são temáticas. Então ela tem uma clareza muito grande do seu propósito, de como ela quer impactar a sociedade, então o aluno acaba indo para essa instituição orientado pelo futuro, pelo que ele quer realmente para o futuro dele… E não acaba tomando as decisões pelo bolso, o que acaba em muitas situações acontecendo. Então, instituições com o propósito bastante claro, traz um aluno que por sua vez (também tem mais clareza de seu propósito), o que na teoria pode ser que ele tenha uma evasão menor. Ontem, por exemplo, na escola de negócio nós percebemos que, nos primeiros períodos a evasão é muito alta.. chega a 35% de evasão. Ai eu falei, mas e ai? E ai que eles voltam, pois não tem outra opção. Então ele sai com alguma dúvida ou problema e voltam um ou dois semestre depois para a própria instituição por falta de uma opção no mercado naquele início que ele escolheu estudar. Então é algo muito diferente o que a gente vive no Brasil. Nós temos uma questão muito grave com o financiamento estudantil, seja ele próprio ou público, e de fato isso ajudaria bastante a gente nesse processo de retenção, já que o financeiro é algo muito sensível na grande maioria das regiões e estados do Brasil.” — comenta Fábio.

Paula complementa:

“Pensando nessa questão de financiamento, falando pra gente que tem a cabeça de empreendedor e sabe como é difícil ser empreendedor do ensino privado no Brasil, a gente ver um governo que financia 80% e obriga a instituição a fazer um excelente gestão desse recurso, acho que é invejável né? Se a gente pudesse ter isso, eu tenho certeza que enquanto um aluno custa 6x no Brasil numa Pública o que custa pra nós, nós faríamos verdadeiros milagres e nós formaríamos com muita excelência. Então talvez a gente tenha que passar a olhar pra esse modelo e por que não sonhar com uma mudança, de um FIES, sei lá, de algum modelo ideal, seria sensacional.”

Fábio continua:

“Acho que viajar é sempre importante por que abre a nossa cabeça. a gente conhece pessoas, acho que esse networking aqui é uma das coisas mais importantes nesse momento de viagem, mas acho que a gente precisa valorizar mais o que a gente faz. Acho que a gente está bem a frente em muitos temas que a gente tem visto nas viagens. E se visitar. Acho que a gente poderia provocar mais visitas entre a gente por que acho que nós podemos ensinar muito mais uns aos outros. Um peer-to-peer entre nós, uma missão nacional, pode ser um movimento bem interessante.”

Paula comenta que Fábio é um apoiador de redes e que haviam outras redes presentes, sugerindo a criação de um movimento Inter redes no Brasil pois as instituições tinham muito a aprender umas com as outras.

_______? comenta:

“Eu já fui secretária, diretora, pró-reitora acadêmica, hoje eu estou vice-reitora, sou das antigas… e o que a gente vê entre as instituições de ensino é muito pouca cooperação entre elas, elas se enxergam como inimigas, adversárias e não como parceiras. Eu acho que isso precisa mudar. Enquanto essa mentalidade não mudar, eu acho que a gente vai crescer pouco. Quando a gente fala de currículos, cada um quer ter o seu para não dar possibilidade para seu aluno se transferir para outra IES. Então acho que esses encontros eles vem muito ao encontro dessa necessidade de realmente integrar, de integração entre as IES. Parabenizo a quem promove esses encontros, essas viagens, por que só isso pode nos dar forças pra lutar, pra conseguir mudanças: só a nossa união.”

_____? comenta:

“Nós temos já 137 instituições de ensino cooperando em 20 diferentes redes. Acho que praticamente todas as instituições aqui estão trabalhando em rede de cooperação então espero que terminando a viagem semana que vem vocês comecem a cooperar e sejam a 138ª instituição. E segundo, essa ideia de viagens internas a equipe da Bia tá liderando um projeto muito interessante que acho que vai impactar todas as redes.”

Finalizando o encontro, a Dream Shaper sorteou 2 brindes entre os participantes.

Os Parceiros do SEMESP na realização da 13ª Missão:

Promovida pela SEMESP, as Missões Técnicas Internacionais vem sendo realizadas nos últimos 15 anos, tendo sido interrompidas apenas em decorrência do COVID. Pós-pandemia, as Missões Técnicas estão de volta! Neste ano de 2023, a 13a edição contou com o apoio de importantes parceiros que tornaram possível essa Missão.

A Anthology fornece software e soluções empresariais de ensino superior projetadas para criar eficiência operacional, atendendo a mais de 2.000 faculdades e universidades em mais de 30 países.

Conforme Jim Milton, presidente e CEO da Anthology declara em site oficial, a empresa oferece “um portfólio de produtos orientados a dados que busca atingir todos os setores da instituição e tem como objetivo transformar a maneira como a educação usa a tecnologia para envolver, conectar, ensinar, aprender e impulsionar a eficiência em toda a instituição.”

A DreamShaper é uma ferramenta on-line de aprendizagem baseada em projetos que orienta os alunos por meio de experiências de aprendizagem práticas e envolventes. A ferramenta oferece várias metodologias de projetos com desafios, atividades e conteúdo didático predefinido que ajudam a garantir que os alunos consigam progredir de forma autônoma em seus trabalhos.

Pedro Barros, diretor comercial da empresa no Brasil, afirma: “As metodologias ativas de aprendizagem incentivam os alunos a investigar, projetar e criar soluções com base nos temas propostos pelo professor, tornando-os mais responsáveis pelo seu processo de aprendizagem.”

Fundado em 15 de fevereiro de 1979, o SEMESP é uma entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil. Visa prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país, e preservar, proteger e defender o segmento privado do ensino superior brasileiro.

Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos, pesquisas e eventos sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação.

Site oficial SEMESP: https://www.semesp.org.br/missao-tecnica-internacional/

Instagram SEMESP: https://www.instagram.com/semesp.br/

AGRADECIMENTO

Agradecemos a todos que tornaram essa Missão possível e acreditamos que, juntos, podemos impulsionar a educação brasileira a novos patamares de excelência e impacto social. Que esse diário de bordo seja um lembrete constante do poder da cooperação, da inovação e do compromisso com o ensino superior de qualidade.

Que essa experiência inspire outros profissionais a buscar novas oportunidades de aprendizado, a promover a cooperação entre as instituições e a trabalhar em prol de uma educação transformadora para todos. Estamos ansiosos para o futuro brilhante que nos aguarda, sabendo que cada um de nós pode fazer a diferença na construção de um cenário educacional mais inclusivo, engajador e impactante.

Nossa jornada continua e estamos prontos para enfrentar os desafios que surgirem, sempre com o objetivo de proporcionar aos estudantes a melhor educação possível e prepará-los para um futuro promissor. Juntos, somos capazes de moldar o futuro da educação no Brasil e deixar um legado duradouro para as gerações vindouras.

Banco de imagens da missão:

Pedro Lago é graduado em Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo Cultural, na Universidade Federal de São João del Rei em 2022. Poeta, compositor, músico independente e produtor cultural em tempo integral desde 2010. Pedro é fundador d’O Forno, a desincubadora de projetos e escola de planejamento e gestão cultural. Saiba mais em: https://www.oforno.net/

LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/pedro-lago-a94989115/

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