Quem foi Robert Nozick?
Texto por: Roberta Dreon
Nascido em 1938 nos EUA e falecido em 2002, Robert Nozick foi um importante filósofo do século XX e professor da Universidade de Harvard.
Nozick estudou e publicou várias obras contestando teses políticas sociais-liberais, socialistas e conservadoras. Além disso, expôs uma nova teoria sobre justiça distributiva, um modelo utópico de Estado que se presta à experimentação sob o novo conceito de estado mínimo, assim como uma proposta de integração entre ética, filosofia e economia.
Mudança radical
Robert Nozick começou a estudar as ideias pró liberdade — principalmente o liberalismo e o libertarianismo — com um motivo bem definido: refutá-las. Entretanto, ao aprofundar-se na teoria libertária acabou convencendo-se a respeito de seus valores éticos, racionais e lógicos, tornando-se um ávido defensor e fazendo várias grandes obras exaltando os mesmos pensamentos que anteriormente detestava.
Sua obra mais conhecida é “Anarquia, Estado e Utopia”. Nesse texto, Nozick aborda os direitos naturais dos indivíduos, a natureza do Estado e os fundamentos econômicos que eram sumamente discutidos em 1970, as diferentes vertentes de modelos sociais, utopias, análises históricas, a filosofia da propriedade e diversos outros tópicos que foram de extrema relevância na construção de seus argumentos.
Ao final do livro, Nozick advoga pelo liberalismo radical, porém não chega ao ponto de defender o anarquismo puro. Concluiu que o Estado deva ser mínimo, muito diferente do que se conhece nos dias atuais. Seu dever portanto se reduziria à proteção da liberdade contratual, ao direito de propriedade e à segurança dos indivíduos.
De acordo com sua visão o aparato estatal não poderia, coercitivamente, agir de forma utilitarista.
Defesa do indivíduo
Robert defende que os direitos individuais são mais importantes que o tão defendido “bem maior” da sociedade, ou o que é mais “útil a todos”, referindo-se ao utilitarismo como filosofia cujo bem coletivo é mais importante que a vontade individual.
Logo, para Nozick, o Estado jamais deveria interferir nas trocas voluntárias entre os seus cidadãos.
O fato de sua origem constituir grande ceticismo aos ideais pró liberdade e após conhecê-los de forma aprofundada ter passado a divulgar estes com a melhor clareza que lhe era possível, demonstra que Nozick era um homem muito honesto e sábio.
Em seu meio haviam muitos amigos e companheiros de trabalho que passaram a discordar dele a partir do momento em que posicionou-se contrário aos ideais coletivistas previamente defendidos.
No prefácio de sua obra mais conhecida, ele alerta:
“O próprio leitor que não aceita meus argumentos deve descobrir que no processo de sustentar e respaldar sua opinião ele a esclareceu e a aprofundou. Além do mais, agrada-me pensar que a honestidade intelectual exige, ao menos ocasionalmente, que abandonemos nossa posição para estudar argumentos fortes contrários à nossa opinião.”
Sua contribuição
Com muitos argumentos simples, construções lógicas de fácil entendimento e analogias muito elucidativas, Nozick expõe uma visão racional e lúcida sobre muitos problemas sociais, éticos e históricos que são discutidos até hoje como desigualdade social, furto, bens coletivos e direitos humanos iguais a todos.
Apesar de “Anarquia, Estado e Utopia” ser sua obra mais aclamada, Nozick tem muitos outros livros e artigos publicados que contribuem para o pensamento pró liberdade e para a defesa dos direitos naturais dos indivíduos.
Em uma realidade cada vez mais polarizada, onde é evidente a falta de aprofundamento na defesa das ideias, bem como em discursos cada vez mais rasos e demagógicos, parecemos estar sempre imersos em um círculo vicioso de debates infestados de sofismo e falsas certezas.
Isso porque muitos não têm e provavelmente jamais terão a mesma humildade e sabedoria que teve o professor Robert Nozick ao abrir mão de seus velhos e estabelecidos conceitos, não deixando-se cegar por ideologias, buscando continuamente pela verdade.
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