5 coisas que eu aprendi trabalhando no Google Trends

gabriela caesar
6 min readAug 4, 2022

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Dicas para te ajudar a ter insights e dados usando a ferramenta do Google Trends, um termômetro do que as pessoas buscam no Google.

Por Gabriela Caesar

Comecei a trabalhar na equipe Trends Data Team, que mexe com dados do Google Trends, em fevereiro deste ano. Antes, trabalhei quase cinco anos como jornalista de dados no g1. Hoje, eu faço análises com dados de busca do Google para ajudar a cobertura da imprensa, principalmente no Brasil.

Nesses seis meses, eu já escrevi muito sobre economia, política, saúde, entretenimento, tecnologia, comportamento etc. Afinal, as pessoas pesquisam no Google sobre tudo! Os assuntos são muito diversos e dá para aprender muito no trabalho — e sempre com curiosidade, cuidado e senso crítico.

E o que eu aprendi trabalhando aqui? Por isso, eu reuni abaixo algumas dicas que possam ser úteis para você, jornalista ou interessado no Google Trends. O Google Trends é uma plataforma lançada em 2016 que permite o acesso a dados de busca do Google e serve como termômetro do interesse das pessoas na Busca.

  • Leia mais sobre a ferramenta neste texto escrito pelo Simon Rogers, editor de dados do Google.

Antes de começar a lista, é importante também agradecer aqui a Keila Guimarães, que descobriu boa parte desse mundo antes, já deu várias dicas em Congressos da Abraji e no CODA-BR e me orientou desde os primeiros passos na equipe.

1. Uso de termos de busca

Quando você usa a base de dados do Google Trends, normalmente você escolhe um search term (texto comum) ou uma entity (entidade em português)*. E eu me surpreendi muito como as buscas por search term podem ajudar muito quando você está atrás de uma pauta ou quer definir o rumo da apuração.

Até porque o Google Trends apresenta dados do que as pessoas pesquisam no Google. Então é uma ferramenta essencial para identificar o que desperta interesse das pessoas — e possivelmente audiência.

Por isso, eu procuro me colocar no lugar do internauta ao fazer as combinações que podem ser úteis em uma apuração. E eu já encontrei insights muito interesses ao buscar por “como fazer”, “o que faz”, “o que é”, “quando começa”, “quem foi”, “o que significa”, “ou” etc.

*Aviso: usar “entity” ou “search term” depende da análise que você deseja fazer. A entity de determinado assunto permite comparar o interesse por um tema em diferentes países, além de agregar termos que são variações daquele tópico. Normalmente, substantivos, lugares, ideias e pessoas públicas têm uma entity. Por exemplo, ao usar a entity de chocolate, você pode ver o interesse por esse tema em diferentes idiomas, em diferentes grafias. Já o search term não permite essa agregação ou composição. Ou seja, tanto o search term quanto a entity são muito úteis, mas é preciso ver o melhor momento de usar cada um.

#PraTodosVerem: vídeo mostra pesquisa por “como fazer” no site do Google Trends com filtro pelos últimos 12 meses e o Brasil

2. Termos mais buscados

Outra grande surpresa foi a seção de “related queries” — ou “consultas relacionadas” em português. Por padrão, ela exibe os termos com maior crescimento ao lado do search term ou entity que você buscou. Porém, se você mudar de “rising” (maior crescimento) para “top” (mais buscados), você passa a ver os termos mais buscados ao lado desse termo.

E isso também é um ótimo termômetro para entender o que as pessoas pesquisam ao lado da tal palavra de seu interesse. Hoje, ao analisar os dados, eu sempre olho essa parte dos dados porque aparecem palavras-chaves do assunto (para abordar no texto e citar no título ou no subtítulo, por exemplo) e me ajudam também a entender o que as pessoas querem ler e encontrar na internet.

#PraTodosVerem: vídeo mostra pesquisa por “Tribunal Superior Eleitoral” para destacar o uso da seção “related queries” com o uso de “top” (mais buscados), em vez de “rising” (maior crescimento), com filtro pelo Brasil e os últimos 12 meses.

3. Busca avançada

Assim como já existe a busca avançada do Google, a ferramenta do Google Trends também permite o uso de símbolos que ajudam a refinar mais a sua busca. O meu preferido é o mais (+).

Assim, por exemplo, eu consigo encontrar o que as pessoas pesquisam no Google com os termos “o que + quando + onde + porque + quem + como”.

Vale lembrar que as pessoas não necessariamente usam “por que” (separado) na pergunta, então “porque” (junto mesmo) também pode ser útil nesse caso. Com o uso do mais (+), eu não preciso fazer várias buscas pelos termos de cada vez.

Aliás, normalmente, depois de definir os search terms, eu vou logo abaixo para ver os termos mais buscados e também com maior crescimento — algo que eu citei logo acima.

Da mesma forma, você pode usar o menos (-) para tirar search terms que não tenham relação com o que você pesquisa e pode usar aspas para garantir resultados para a expressão exata. Exemplo com uso do menos (-): sertanejo -cpi. Exemplo com aspas: “receita para”, que busca por essa expressão exata.

#PraTodosVerem: vídeo mostra a pesquisa por “o que + quando + onde + porque + quem + como” para destacar as perguntas mais buscadas, com filtro também para o Brasil e os últimos sete dias.

4. Diferentes períodos num mesmo gráfico

Você pode ter em um mesmo gráfico na ferramenta do Google Trends períodos temporais diferentes. Você pode escolher uma entity ou search term e já ter ali o interesse por esse assunto em momentos diferentes.

Por exemplo, a nossa entity será a Covid-19. Veja abaixo como funciona e como fica mais fácil de identificar a oscilação de pesquisas por esse assunto na Busca:

#PraTodosVerem: vídeo mostra a pesquisa pela Covid-19, com filtro do Brasil, para dois períodos diferentes: o primeiro semestre de 2021 e o de 2022.

5. Um mar de dados

Como eu mencionei antes, as pessoas pesquisam sobre tudo no Google! Assim, o Google Trends te permite encontrar inúmeros insights e dados com poucos cliques e de forma acessível. Algo imprescindível para profissionais como jornalistas, pesquisadores, profissionais de SEO e marketing digital.

Como integrante da equipe Trends Data Team, porém, eu tenho acesso a sistemas e dados ainda mais interessantes. Isso me permite fazer análises super completas para ajudar os jornalistas com pautas de diversos assuntos.

Vale lembrar ainda que o Google Trends considera sempre uma amostra neutra e imparcial das buscas. Os dados também são anonimizados, categorizados e agregados, como o Simon Rogers explicou aqui em 2018.

E, ainda que mais pessoas tenham acesso à internet hoje do que em 2004, quando começa a série histórica do Google, nem todos os assuntos têm alta de interesse por conta dessa normalização. Isso vale também para comparar o interesse em diferentes locais.

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*Gabriela Caesar é formada em Jornalismo pela PUC-Rio, com Master em Jornalismo de Dados pelo Insper, e tem mais de 12 anos de experiência em redações. Desde fevereiro de 2022, trabalha como analista de dados do Google, por meio da Vaco, para ajudar e orientar as redações com os dados da Busca.

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gabriela caesar

jornalista de dados. programar é muito mais legal do que escrever