Por que a interface deve ser a última coisa a ser feita ao criar o seu produto

Quando se fala em Design Centrado no Usuário, é preciso ir muito além do funcional ou estético.

Gabriela Gentile
3 min readJun 6, 2017

É muito comum, ao pensar em solucionar um problema, já querermos ir direto ao resultado final. No entanto, um produto que proporciona uma experiência suficientemente satisfatória para os seus usuários dificilmente foi criado da noite para o dia.

Quando a maioria das pessoas pensa sobre o design e seu processo, geralmente pensa em termos de apelação estética: um produto bem projetado é aquele que parece ser bom para os olhos, com apelo visual. Outra maneira comum em que as pessoas pensam sobre o design é em termos funcionais: um produto bem projetado é aquele que funciona e pronto.

Mas nem sempre isso é suficiente, pois esses produtos podem parecer ótimos e se comportar de forma funcional, no entanto projetar produtos visando o Design Centrado no Usuário significa ir além do funcional ou estético. Se você realmente deseja que o seu projeto seja eficaz e proporcione uma experiência agradável para os usuários finais, é necessária a compreensão de que o comportamento deles e do problema a ser solucionado deverão ser estudados antes de se partir para o desenvolvimento da interface em si.

Recentemente, pude ler o livro “Design Thinking — Inovação em negócios“, em que o autor propõe a divisão do processo de design em 4 etapas:

  • IMERSÃO
  • ANÁLISE E SÍNTESE
  • IDEAÇÃO
  • PROTOTIPAÇÃO

Esse tipo de divisão é extremamente interessante, pois nela é possível perceber que embora o nome “design” seja frequentemente associado à aparência estética de produtos, o design como disciplina visa ao máximo promover o bem-estar na vida das pessoas através da solução projetada. Esta divisão do processo por etapas facilita o desenvolvimento e organização do projeto como um todo, e estabelece que a principal tarefa do designer deve ser identificar e investigar os problemas para então poder gerar soluções.

Ao analisar a experIência do usuário, o designer deverá primeiro enxergar no problema tudo aquilo que prejudica ou impede a experiência (seja ela emocional, cognitiva ou estética), assim como o bem-estar dos seus usuários considerando todos os aspectos da vida deles. Essa análise é feita através do uso de diversas ferramentas metodológicas, como entrevistas, questionários, mapas de empatia, criação de personas, entre outras, que deverão ser selecionadas pelo designer de acordo com a necessidade de cada projeto.

Todo esse processo de investigação se faz extremamente necessário, pois muitas vezes clientes e designers acreditam que já possuem a solução ideal para os problemas, porém durante a investigação acabam surgindo novas ideias e soluções oriundas das sugestões e necessidades do usuário através do design participativo.

Portanto, as fases de imersão e de análise de um projeto devem ser consideradas primordiais no desenvolvimento do produto, pois são elas que irão garantir, através da investigação, que o produto criado satisfaça as necessidades e anseios de seus usuários finais, para que, através destes requisitos estabelecidos nestas fases iniciais o designer possa iniciar o processo de desenvolvimento das interfaces do produto.

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