O primeiro mês de trabalho como um UX Designer Junior

E como lidar com a grande ansiedade que nos rodeia durante essa jornada.

Gabriel Santos
7 min readJun 20, 2022

Olá! Cá estou eu dando as caras por aqui mais uma vez, e como alguns já sabem eu fui contratado “recentemente” pela Play Serviços, e logo após postar sobre isso acabei fazendo várias novas conexões e recebendo algumas mensagens me perguntando como está sendo a minha rotina, como andam as minhas demandas, e perguntas nesse estilo.

Depois de um tempo pensando e observando com um pouco mais de atenção o meu Linkedin percebi que talvez isso pudesse ser uma dúvida bem comum entre o pessoal de nível Junior ou em processo de migração, e levando isso em conta decidi trazer pra vocês como foi o meu primeiro mês trabalhando como UX Designer dentro de um ambiente ágil, e em como a ansiedade se mostra presente nesse período.

Esse texto vai ser bem diferente dos meus anteriores já que se trata de uma experiência um pouco mais “pessoal” ao invés de um estudo de caso ou algo desse gênero, porém eu ainda espero que vocês tenham uma boa leitura e que de alguma forma esse texto te ajude ou tire alguma possível dúvida existente, e caso alguma pergunta não seja respondida no decorrer do texto sintam-se a vontade para falar comigo lá no Linkedin.

Sem mais delongas, vamos lá!

Gostaria de começar enfatizando que essa está sendo a minha primeira experiência como UX Designer Junior e ela pode ser completamente diferente em relação a uma outra que vocês conheçam ou viveram, então não pensem que tudo que eu vou falar é uma regra universal ou que todas as empresas vão seguir o mesmo padrão e/ou ritmo do pessoal aqui da Play.

E sim, tá tudo bem.

Na minha primeira semana de trabalho, eu fui introduzido na empresa, conheci alguns dos meus colegas de trabalho e mergulhei principalmente no mercado em que eles atuam e no contexto em que eles estão inseridos, e nesse processo me mostraram como as soluções deles funcionavam, os objetivos, regras de negócio e alguns jargões que eu poderia acabar ouvindo com uma certa frequência, e isso tudo foi incrível na hora de me sentir parte da empresa e estar realmente envolvido e entendendo onde eu poderia atuar de fato.

Posso dizer facilmente que isso foi muito necessário e muito legal da parte deles de me proporcionar e incentivar a isso logo na primeira semana.

Na segunda semana, as coisas foram começando a mudar! Eu ainda estava estudando e fazendo uma boa imersão porém já estava começando a entender melhor algumas coisas, tirar algumas dúvidas, e até ajudar o pessoal com algumas questões de UX e UI nos “elementos” que já estavam em funcionamento, o que acabou me aproximando dos Devs, e isso já me permitiu aplicar alguns dos meus conhecimentos e tentar mostrar um pouco de como funcionava o meu pensamento e processo de Design, além de aprender várias coisas novas com os Desenvolvedores.

E ainda nesse mesmo período fui começando a ser inserido nas ferramentas que o pessoal costuma usar com frequência, dentre eles o Slack, o Notion, Arquivos do Figma, os quadros do Trello, e o Gather que se mostrou ser uma coisa incrível e muito fofa, ainda não conhecia ele mas também recomendo o uso para empresas e times.

Já na terceira semana, tudo mudou completamente e eu comecei a receber as minhas primeiras demandas, dos Chefes, as vezes dos Devs, dos analistas de Dados, e cada um deles tem uma visão diferente das coisas e formas distintas de apresentar um request ou uma necessidade, cada um deles com sua própria maneira de agir e se expressar com os trabalhos. Nesse momento é bem interessante você manter um caderno, um planner, ou até mesmo um arquivo no Notion pra sempre documentar tudo isso, ajuda bastante!

E em caso de chamadas/vídeo conferências e exista essa possibilidade, faça uma gravação ou tente sempre ter um colega ao seu lado, vai por mim você vai querer “lembrar” daquela frase que o seu cliente falou em um momento específico.

Então nessa semana já comecei a implementar funções, mapear jornadas, sugerir algumas mudanças e etc! O que foi bem legal pra mim, poder ver aquilo “vivo”, é uma sensação bem única quando você vê um dedinho seu dentro de uma implementação ou algo assim.

E por fim a quarta semana, posso dizer com toda certeza que foi a mais puxada de todas, aqui eu já comecei a receber algumas demandas mais robustas, mais “sérias” por assim dizer, trabalhos que com certeza levaram e continuam levando mais tempo do que as outras que eu havia feito nas semanas anteriores, implementar mudanças de fluxos, novos layouts de tela de cadastro, melhorar jornadas e por aí vai, e foi exatamente nesse momento que bateu aquela ansiedade, aquele nervosismo de achar que eu poderia acabar não dando conta, a síndrome do impostor batendo na porta e dando um “oizinho”…

É bem complicado abordar esse tema de uma forma geral, mas infelizmente eu sou uma pessoa bem ansiosa e pensamentos assim acabam rondando facilmente na minha cabeça em momentos mais puxados e/ou tensos, e a grande chave que eu acabei usando pra “passar” por isso foi manter o mindset de que esse sentimento é temporário, e de que isso pode ser bem mais comum do que imaginamos…

“Como um profissional Sênior passa por isso?”

“E se várias pessoas ao meu redor também sofrem com esse mesmo pensamento?”

“Como eles mantém o foco ou o trabalho em dia com isso nas costas ?”

Esses pensamentos sempre viam a minha cabeça em algum momento, e depois de algumas pesquisas e até mesmo vídeos de alguns profissionais de Design, acabei encontrando algumas formas bem interessantes para “sair” ou quem sabe evitar esse estado, essa síndrome desde o começo ou de uma forma mais leve…

Sendo uma delas o Feedback, ouvir os feedbacks de pessoas que trabalham com você, de profissionais que você admira ou até mesmo de um mentor (dentro do seu curso de UX ou quem sabe de algum outro profissional que trabalha com mentorias) sobre o seu trabalho, sobre o seu currículo, portfólio e o que mais precisar! Afinal é bem mais difícil enxergar as nossas próprias qualidades e competências, então você pode acabar tendo uma ótima noção do que as pessoas pensam sobre você e o seu trabalho com os feedbacks!

Uma outra maneira muito interessante é Compartilhar esse sentimento com pessoas ao seu redor, talvez amigos, colegas de trabalho que possam estar passando pela mesma coisa, um psicólogo, é bem válido falar sobre isso pois te condiciona a entender o quanto isso pode ser “normal” e que esse problema pode não ser algo exclusivo seu…

Por isso não se sinta culpado, e não se sinta sozinho caso passe por essa síndrome ou algo parecido… lembrem-se de que somos seres humanos, e seres humanos falham diariamente, normal… Porém a partir do momento em que você reconhecer isso e se tornar capaz de pedir ajuda e/ou dar o seu melhor mesmo nos momentos de falha é algo extremamente poderoso!

E no “fim” (entre aspas, porque ainda não acabou) voltando a quarta semana, mesmo com toda a dificuldade as coisas foram se acertando… Aquilo que parecia um tornado, se tornou uma brisa leve, e de pouco em pouco, a demanda vai sendo entregue.

Até rimou;

E bom, caso fosse continuar escrevendo eu provavelmente chegaria ao agora (20/06) e passaria do “primeiro mês”, que é o objetivo do texto em um modo geral. Sendo bem sincero eu espero que esse texto possa de alguma forma te encorajar ou te ajudar nessa etapa tão complicada que é a primeira oportunidade, existem vários vídeos e textos que falam sobre isso também (Primeira oportunidade, ambiente ágil e até mesmo a ansiedade e síndrome do impostor), vou deixar alguns no final do texto.

Mais uma vez queria deixar meus agradecimentos ao pessoal da Play (caso leiam esse texto), que vem me dando um suporte incrível e tendo uma boa noção de que no momento eu sou um profissional de nível Junior, e não me entendam errado, estar em nível Junior não é algo ruim, errado, nem nada do tipo, mas existem certas demandas que nós provavelmente não vamos ter como resolver baseado nas nossas capacidades atuais, e é isso, não tem problema nenhum. Eu realmente espero que vocês encontrem empresas que também tenham essa maturidade e auxiliem vocês no decorrer de todo o processo.

Atualmente eu continuo tendo algumas demandas mais puxadas, porém estou fazendo o meu melhor para lidar com elas independente dos meus pensamentos ansiosos, e acho que lidar com isso enquanto trabalha é possivelmente algo que torna um profissional mais “casca grossa”, resiliente e mais capaz dentro de um ambiente de trabalho acelerado, não quero de maneira alguma romantizar a ansiedade ou algo do tipo, busquem ajuda profissional se necessário, e espero muito que vocês consigam superar isso caso passem por uma situação parecida.

E é isso, acho que posso fechar esse texto aqui… queria contar como foi o processo desde a introdução e imersão da primeira semana até o ponto das demandas mais puxadas da quarta semana em diante, e comentar sobre a ansiedade que vem me fazer companhia as vezes.

Novamente eu espero que de alguma forma esse texto te ajude, tire alguma possível dúvida ou até mesmo você faça respirar fundo, essa jornada de migração e/ou ingresso no mundo de UX é bem desafiadora… porém ela também é muito incrível quando vista com os olhos “certos”.

Muito obrigado por chegarem até aqui!
Espero que tenham um ótimo dia, e até a próxima!

Algumas recomendações de Canais:

- Álvaro Souza (UX em geral, muita informação e dica pra galera Junior- PT)
- Design Team (Muita conversa, apresenta técnicas e várias dicas- PT)
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Gabriel Santos

UX Designer @ Editora Edebe Brasil, escrevendo meus processos, vivências e experiências.