Desigualdade social no Brasil: reflexo da globalização
Apesar de estar sempre entre os dez melhores PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, o Brasil também figura entre os dez com maior desigualdade social, segundo dados, divulgados em março deste ano, no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas. O ranking que é liderado pela África do Sul, calcula a diferença de renda entre os habitantes, que varia de 0 a 1. Quanto menor for o número, mais igualitária é a nação.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, se considera ‘‘extrema pobreza’’ pessoas que vivem com até R$ 234,25.
Selvino Heck, assessor da Secretaria Geral da Presidência da República, divulgou no ano passado, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) que ainda existem mais de 20 milhões de brasileiros nesta situação.
Recentemente essa desigualdade presente no país foi caso de um estudo orientado pelo economista Thomas PikettyMilá em Paris, que verificou, a partir da divulgação da declaração de imposto de renda da pessoa Física (IRPF), que a população mais rica no Brasil detém 27% de toda a renda do país.
Essa grande concentração de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população tem ligação direta com a baixa tributação que as grandes riquezas têm, como explica o cientista político Luiz Domingos Costa
‘’O Brasil é um dos países que mais tributa o consumo, onde todos estão pagando impostos, e menos tributa a renda, onde se paga pelo que se ganha. Os EUA retiram 40% de seu orçamento de tributos sobre a renda, já o Brasil retira 18%. Nós taxamos muito os consumidores e não os rentistas. Esse é o grande problema tributário do Brasil, pois coloca a conta da despesa governamental nos ombros dos consumidores, da maioria, e não tributa os rentistas, as grandes empresas. ’’
A globalização
A globalização, de forma breve, é um processo mundial de integração política, econômica e social. É possível se aprofundar e entende-la melhor na obra ‘’Globalização: As consequências humanas’’, de Zygmunt Bauman.
Esse processo tem diversas características: diminui as distâncias geográficas, pois amplia a comunicação e os horizontes de deslocamento, diminui os custos do contato cultural e estreita laços comerciais, porém gera também a concentração de poder, no qual os grandes blocos econômicos como União Europeia atua para afirmar sua dominação econômica sobre os mais pobres com um pretexto de ajuda econômica.
Para Costa o pior fator se faz presente quando falamos da tecnologia e comunicação ‘’. As maiores empresas de tecnologia da comunicação e informação estão nos países ricos, e eles dominam informação, incluindo aquelas que os usuários não sabem e que envolvem a sua liberdade e privacidade. Se esses grupos registram como as pessoas usam o Facebook ou o WhatsApp, eles controlam toda a dinâmica cultural e privada do mundo. São informações sobre sexualidade, religião, ideologias, sobre gosto pessoal e sobre deslocamento que podem se transformar informação estratégica, de mercado. Os governos, que deveriam pensar nos direitos dos indivíduos, não estão olhando para isso. Por esse ângulo, a globalização parece funcionar como um novo colonialismo, pois existem os players mundiais que comandam as economias e ordenam a política econômica dos países periféricos. ’’, relata.
A crise econômica
A crise econômica presente nos últimos anos no Brasil, e no mundo, agravou ainda mais a situação de desigualdade. Dados divulgados pelo IBGE em 2015 apontaram que a desigualdade tinha havia caído devido a todas as classes sociais tendo menos recursos. Fato que segundo órgão já era resultado da piora do mercado de trabalho. E em 2017 pela primeira vez em 22 anos, os dados que se mantinham estáveis mostraram um aumento e o retrocesso entre 2013 e 2015 quando os índices eram estáveis ou mostram redução, como em 2014.
Costa aponta que a crise econômica prejudicou a economia como um todo incluindo os empresários, entretanto quem mais sente são as classes baixas, já que a crise corrói a renda do trabalhador e piora os empregos, como citado pelo IBGE
“ Essas são as medidas mais importantes para medir enriquecimento ou empobrecimento. E a média brasileira está em R$ 1.200,00 reais percapta, mas esse valor chega a R$ 575,00 no Maranhão. Então, quando a economia vai mal, a renda do trabalhador decresce. ”, diz.
Os Programas Sociais
A pós doutora em economia, Aldaíza Sposati, explica que a globalização não atinge todos os países do mesmo modo e que é necessário pensar em alternativas que assegure os direitos da população excluída desse processo, e que é papel do Estado de coordenar o desenvolvimento.
Historicamente o Brasil sofre com questões de exploração e desigualdade, ao longo dos anos o país criou diversos programas sociais visando o combate à desigualdade.
Em âmbito nacional temos exemplos como:Bolsa Família, Prouni. Já no âmbito internacional: 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Médicos Sem Fronteiras, entre outros.
Entretanto, mesmo com programas e ações que visam diminuir a desigualdade o Estado ainda falha nas suas principais funções. A partir disso alguns indivíduos assuem esse papel, como as Organizações não Governamentais (ONG) e projetos que oferecem auxílio.
A Associação Emaús Casa do Peregrino é uma dessas iniciativas. A ONG que atua em Curitiba, presta serviços à população de rua em vulnerabilidade social. Arli Brasil, é coordenador da Casa do Peregrino de Curitiba e fala um pouco do projeto e da atuação da sociedade civil para uma nação mais justa.
O que é?
PIB: Representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, atua como o indicador na macroeconomia, quantificando a atividade econômica de uma de um país
RDHs: segundo a ONU o relatório inclui o Índice de Desenvolvimento Humano e apresentam dados e análises relevantes à agenda global e abordam questões e políticas públicas que colocam as pessoas no centro das estratégias de enfrentamento aos desafios do desenvolvimento.
IDH: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde.
Por: Andréa Ross, Gabriela Jahn, Isabella Eger, Jehnifer Kammer e Leonardo Henrique.