Encerrando uma startup e indo para a carreira corporativa: o que me levou a tomar essa decisão?

Gustavo Kremer
4 min readSep 26, 2018

Texto escrito pelo convidado do mês Leonardo Quaini.

“man sits typing on MacBook Air on table” by Cytonn Photography on Unsplash

A Hidrointel surgiu com a ideia de ter meu próprio negócio.

Entrei na Graduação de Engenharia de Controle e Automação em 2013.1, desde então já tinha o objetivo de ter minha própria empresa. Para entender como funcionavam as empresas, participei da Empresa Júnior (Autojun) e da FEJESC (Federação das Empresas Juniores do Estado de SC), bem como, comecei a participar do ambiente de empreendedorismo existente em Florianópolis (Palestras, rodas de discussão, painéis).

Em 2014, encerrando esse ciclo, verifiquei que ainda não estava pronto para empreender, ainda precisava de uma experiência em uma empresa que já estivesse rodando. No entanto, surgiu a oportunidade de trabalhar em um Fundo de Investimentos em Startups, onde seria responsável pela análise inicial dos negócios, o que me despertou muito interesse, pois assim conheceria diferentes modelos de negócio, equipes, finanças e então teria uma boa bagagem para empreender.

Trabalhei nesse Fundo por cerca de um ano e meio, tive contato com diversas empresas, cases de sucesso, insucesso, empresas que não prosperavam, eram inúmeras as situações. Participar dessa experiência me motivou muito a empreender, logo, comecei a pensar em um setor que eu poderia atuar. Paralelamente a isso, abriram inscrições para o Sinapse da Inovação, um programa de incentivo ao empreendedorismo do Estado de Santa Catarina.

O primeiro ponto que considerei foi buscar um setor em que poderia propor melhorias ligadas à Automação e gerar valor para os clientes, economizando recursos ou aumentando receita. Identifiquei que no setor do agronegócio muitos procedimentos são manuais, de modo que haveriam grandes quantidades de processos que poderiam ser automatizados.

Sendo assim, iniciei um mapeamento dos processos que eram realizados em uma fazenda, entrando em contato com agricultores e lendo sobre as atividades realizadas. Ao final, conclui que Pivôs Centrais (responsáveis pela irrigação em grandes áreas) eram equipamentos que demandavam muito trabalho manual e consumiam grandes quantidades de água e energia, sendo que isso poderia ser simplificado e economizar esses recursos com sistemas de Monitoramento e Controle Remoto.

Comecei a planejar o negócio e identifiquei a necessidade de um sócio com perfil técnico, por isso busquei um colega muito bom do meu curso, Erich Alves, para me auxiliar com esse ponto.

Realizamos a inscrição da empresa no Sinapse da Inovação, pois é essencial ter recursos para começar o negócio caso você não tenha algo a entregar aos clientes (fonte de receita) e trabalhe com o desenvolvimento de produto que envolva hardware.

Em relação aos principais aprendizados, temos:

Experiência anterior

“man standing in the middle of woods” by Vladislav Babienko on Unsplash

Com certeza, o conhecimento prévio das experiências acima citadas, permitiu eu ir direto ao ponto em algumas atividades, sem precisar errar, aprender e então fazer de novo. Isso se mostrou na estrutura organizacional da empresa, no planejamento estratégico, composição de metas e equipe.

Foi essencial ter começado com um sócio muito bom tecnicamente, pois conseguimos definir e tornar claro diversos pontos que teríamos que trabalhar no futuro, reduzindo o número de incertezas em relação ao produto. Por isso, é essencial ter pessoas muito boas trabalhando com você, isso irá poupar tempo, resultar em melhores soluções e agilizar o desenvolvimento do produto.

Montando um time

“people doing fist bomb” by rawpixel on Unsplash

Ainda em relação a equipe, eu considerava que uma boa forma de buscar pessoas era por meio de entrevistas. Realizei 26 entrevistas para buscar um novo membro para a equipe, no entanto, apenas um estava alinhado com o que buscávamos. Esse é um problema dos Processos Seletivos, muitas pessoas se candidatam, mesmo não tendo interesse e alinhamento inicial com o negócio e descritivo da vaga.

No entanto, esse mesmo candidato, que estava alinhado, foi participar de um projeto próprio. Assim, fomos buscar candidatos por indicação, ao invés de realizar um novo processo seletivo. Verificamos que os candidatos indicados por pessoas que confiávamos e que conheciam da área do profissional que precisávamos estavam muito mais alinhados com o que buscávamos, facilitando o processo de contratação de um novo membro para a equipe.

Desenvolvimento de Hardware é … Hard

“gray and green computer processor” by Roman Spiridonov on Unsplash

Tínhamos uma proposta de desenvolvimento de hardware, o que se mostrou totalmente incompatível com o cenário brasileiro atual. Desenvolver hardware no Brasil é uma atividade cara e exige importação de componentes, cujos impostos pagos são de quase 100% sobre o valor do produto. O desenvolvimento de hardware também apresenta peculiaridades em relação ao processo de debugg (mais complicado do que software) e caso necessite mudanças ou novos componentes, deve ser verificada a compatibilidade com a especificação do projeto.

Além disso, após instalarmos o produto em campo, a manutenção deve ser feita in loco, sendo necessário estar presente no local da instalação para modificações, o que representa um custo de descolamento de pessoal, visto que o produto foi instalado no Mato Grosso.

Nota dos editores: Leonardo hoje, depois dos aprendizados, optou por uma carreira corporativa ao final da faculdade em busca de novos aprendizados e uma maior experiência no mercado. A ideia é se especializar mais em um problema para empreender no futuro.

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