O lado off-line do empreendedorismo

Bizcool
4 min readJul 27, 2016

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Muitas vezes acompanhamos a vida online dos empreendedores, em um processo inspirador e instigante que nos enche de admiração. Mas o empreendedorismo não acontece ali, somente naqueles poucos relatos.

A partir daí tivemos a ideia de fazer um convite, de chegar mais perto, saber mais perguntas, interagir… Porque? Porque o empreendedorismo acontece off-line e a gente quer que você veja e sinta como ele é emocionante.

Esse é quase um post depoimento, já que a maior parte de nossa equipe trabalha com empreendedorismo antes dessa grande onda. Na verdade, o Paulo Renato Cabral concebeu o Instituto Inovação em 2002, a primeira aceleradora do Brasil de que temos notícia. Imagine criar startups em 2002, sem Customer Development, sem Seed Money, sem Lei do Bem, sem NITs, coworkings, grupos de Whatsapp e Pokemons?

Nesse caminho e dessas vivências podemos aprender e observar empreendedores de todos os tipos, por todo o Brasil, ao longo de suas jornadas. São pessoas trabalhando com educação, biotecnologia, energia, tecnologia da informação, agronegócios, e por aí vai. O que observamos de relatos nas redes sociais e depoimentos são pedaços curtos e condensados de uma experiência muito mais intensa da interação do empreendedor com seu negócio e todas as pessoas envolvidas. Empreendedorismo, dito assim, é um ambiente, com milhares de interações que promovem sua mudança.

Paulo Renato Cabral, Renata Horta e Pedro Teixeira, conceberam a Ginga, mas ela só acontece com dezenas de empreendedores que compartilham a visão de transformação que ela pode gerar.

Pra entender o empreendedorismo como acontece de verdade é preciso observar a energia de um empreendedor que apresenta seu negócio nas primeiras vezes, e novamente depois de 5 anos. Aí a gente constata que nada mudou, as palavras sim, o negócio cresceu, a maturidade trouxe um olhar mais consciente, mas a energia e a paixão transmitidas são quase as mesmas.

Também é importante estar por perto e ver esse cara quase desistir. Quase. Quando tudo desaba na sua frente e ele tem certeza que no outro dia vai procurar outro caminho pra sua vida, porque assim não dá mais. Ele está cansado de tanto esforço e não vê mais saída. Só que, dois dias depois, lá está ele, com aquela energia de novo. Se recompôs, colocou a emoção de lado um pouco, conversou com outras pessoas — e com ele mesmo — e achoua saída.

Depois que ele vê a saída tudo parece mais fácil. Aí vem a parte emocionante… fazer acontecer. Nisso ele é bom, vai procurar a pessoa certa pra falar, vai montar uma equipe, vender o peixe, convencer, criar as ferramentas, solucionar os problemas. O avanço do processo através dessa multidão de interações com o ambiente alimenta a energia do empreendedor, e ele tem certeza que é capaz de construir a solução e atingir seu objetivo.

Outra coisa que a gente só percebe convivendo, é o encontro do empreendedor com a oportunidade de negócio. Frente a um parceiro novo, cheio de oportunidades em conjunto, é como o encontro de duas crianças com uma bola. É alegre, estimulante e até mesmo inconsequente.

Mas empreendedorismo é muito mais que esse empreendedor. Em um mundo tão complexo e dinâmico, é ingenuidade pensar que uma pessoa é responsável por grandes feitos transformadores. Tem muita gente envolvida aí, e quando falamos empreendedor, não devemos nos referir unicamente a quem teve a ideia, deu os primeiros passos ou liderou o processo.

Nenhum grande processo de mudança acontece sem empreendedores em todas as áreas críticas da empresa. Gostamos de dar um nome e uma cara a uma empresa, mas não sejamos ingênuos. Definitivamente devemos desconfiar de quem aceita muito facilmente essa posição de herói. Na verdade, observamos que quando a vaidade prevalece, o negócio aos poucos míngua.

Vamos pegar o empreendedorismo que realiza uma startup, por exemplo, e que é capaz de transformar uma ideia inicial em um negócio milionário, de impacto e duradouro. Ele é feito de dezenas de empreendedores que nesse processo são capazes de desenvolver oportunidades dentro da sua zona de conhecimento e atuação. Estes também precisam se recompor de tempos em tempos para não desistir frente aos maiores desafios, que se sentem alegres e estimulados frente a uma oportunidade, que mobilizam os recursos certos para realizar, ficam genuinamente contentes em propor soluções inovadoras e ter o espaço para implementar essas soluções.

São pessoas que trabalham por uma visão de longo prazo que acreditam e que as enchem de energia. São indivíduos que se desenvolvem e variam seu comportamento para encontrar novas soluções ou melhorar os resultados. Elas planejam e constroem os caminhos de forma que sejam capazes de realizar. O controle está em suas mãos. Sem desculpas, sem justificativas. Isso acontece todos os dias dentro de negócios inovadores.

Mais importante, são pessoas que fazem tudo isso em conjunto, em colaboração ou sinergia. Que sabem que a visão da outra complementa a sua e que o prazer da realização é maior do que o da autoria.

Ampliando assim o empreendedorismo de um herói para um ambiente, cheio de comportamentos empreendedores, vemos que há muito mais a ser observado, aprendido, e os fragmentos e relatos que temos acesso nas redes sociais, são uma pálida sugestão de algo que nossos olhos somente podem perceber observando “o mundo real”. E se essas pessoas já nos inspiram, que dirá esse ambiente. Mas a verdadeira motivação e inspiração será sentida quando você fizer suas primeiras mudanças no mundo, na direção em que acredita.

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