Projeto Encanto- Como estimular a literatura nacional entre os adolescentes?

Giovana de Miranda
8 min readApr 26, 2022

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O projeto Encanto foi desenvolvido entre Dezembro de 2021 e Maio de 2022, pelo grupo Giz, composto por Luís Antônio Nascimento, Vinícius Nascimento e eu, Giovana de Miranda.

Essa solução veio a partir das aulas de Design UX/UI da Cubos Academy, sob a mentoria das professoras Laís Galvão e Marcela Medina, e do monitor Caio Vinícius.

Como framework, utilizamos o Double Diamond associado a conceitos do Design Thinking.

Double Diamond é um processo de UX mais tradicional, que divide o design de UX em duas fases principais (ou “diamantes”): pesquisa e design. Cada fase tem duas etapas. Quando combinadas, estas são as quatro etapas: Descoberta, Definição, Concepção e Validação.

DOUBLE DIAMOND

Para nos auxiliar no desenvolvimento, utilizamos as seguintes ferramentas:

Logo do Notion, Google Forms, Google Docs, Miro, Figma, Photoshop e Useberry, respectivamente.

Desafio

Durante o curso, recebemos o seguinte desafio: criar uma solução que estimulasse a literatura nacional entre adolescentes.

Nas primeiras discussões em grupo, percebemos a complexidade desse assunto e as diversas vertentes que poderíamos seguir, por isso decidimos estudar melhor o cenário e encontrar informações mais precisas sobre o nosso público.

Assim, demos início à primeira fase do projeto: Descoberta.

Fase 1: Descoberta

Como entender o cenário da literatura nacional?

Essa foi a primeira questão que nos deparamos. Intuitivamente, fomos para o Google e começamos a levantar dados secundários e compilá-los no Notion, para melhor visualização:

Esse processo é conhecido como Desk Research.

Análise da Desk Research

A partir das referências encontradas, tivemos mais clareza sobre a relação dos adolescentes brasileiros com a literatura nacional:

“O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores. Apesar disso, adolescentes na faixa de 11 a 13 anos respondem por 84% dos leitores. Entre 14 e 17 anos, 75% também afirmam ter o hábito de leitura.”

Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 2016

“É a partir do reconhecimento do que dá prazer aos mais jovens que os pais poderão atuar para ampliar o repertório dos filhos”

Simone André, Instituto Ayrton Senna

“Oferecer o maior número de gêneros, formatos e autores é um modo de fomentar a curiosidade e o gosto pela leitura.”

Thaís Marcondes, Parábola Editorial

O Problema

Após essa primeira pesquisa, elaboramos um quadro com as nossas Certeza, Suposições e Dúvidas, isto é, uma Matriz CSD (Certeza, Suposições e Dúvidas).

Certezas:

Suposições:

Dúvidas:

O intuito foi identificar as incertezas e sensos comuns que tínhamos em relação ao tema e comparar com as informações levantadas na Desk Research.

Questionário

Assim, percebemos que haviam dados sobre o público que precisávamos explorar mais, principalmente porque ainda restaram dúvidas e suposições sobre seus hábitos.

Então, criamos uma pesquisa quantitativa em formato de questionário no Google Forms.

Recebemos 77 respostas de pessoas entre 10 e 18 anos, do país inteiro.

Optamos por segmentar o formulário em 2 sessões, uma voltada para alunos do Ensino Médio e outra para alunos do Ensino Fundamental, pois analisamos anteriormente que os hábitos de leitura são diferentes nessas duas fases.

Portanto, sobre alunos do Ensino Fundamental, obtivemos as seguintes respostas:

Já os alunos do Ensino Médio responderam:

Entrevistas

Outras forma de levantarmos dados relevantes para validar nossas suposições e dúvidas foi realizar entrevistas com o nosso público, ou seja, uma pesquisa qualitativa.

Por meio dessa, podemos identificar as percepções, emoções e motivações dos usuários entrevistados.

Nos encontramos com 10 pessoas de idades diferentes, porém dentro do recorte de 12 a 18 anos. Após conversar com elas, percebemos algumas falas interessantes:

“Eu gosto de literatura, mas o livro precisa me chamar a atenção. Na verdade, a maioria dos livros não me chama a atenção, por isso não costumo ler.”

“O único livro que eu gosto é Diário de um Banana, porque é engraçado e divertido. Já os outros, eu acho muito sem graça e não são interessantes.

“Para desenvolver um hábito de leitura, comecei a procurar livros que tinham a ver com temas que me interessavam. Também, achei pessoas de influência que falavam sobre isso e tinham muita vida de leitura no Instagram.”

Fase 2: Definição

A fase de Descoberta ampliou nossa visão sobre o cenário da literatura nacional e o público adolescente, e durante a análise dos dados, tivemos alguns padrões de comportamentos e hábitos.

Assim, reorganizamos as informações e montamos dois mapas de empatia e duas personas, de acordo com os dois tipos de perfis identificados:

  • Mapas de Empatias
Mapa de Empatia Primário, criado no Miro
Mapa de Empatia Secundário, criado no Miro
  • Personas
Persona Primária, Bruno
Persona Secundária, Ana Luiza

Canvas de Proposta de Valor

Por fim, sentimos a necessidade de criar um Canvas de Proposta de Valor para entendermos como desenvolver uma solução que correspondesse aos problemas do Bruno e da Ana Luiza:

Fase 3: Concepção

As fases de Descoberta e Definição nos ajudaram compreender a relação dos adolescentes com a literatura nacional, isto é, como eles consomem e percebem esse tipo de conteúdo, o que gostam e não gostam e como queriam que fosse.

Agora, para transformar nosso Canvas de Proposta de Valor em um produto, criamos uma Matriz Moscow. A partir dela, tínhamos uma base para priorizarmos as funcionalidades do nosso aplicativo e qual seria o seu objetivo principal.

  • Matriz Moscow
Matriz Moscow, criada no Miro
  • Priorização de Funcionalidades

Portanto, definimos que o objetivo principal da nossa solução seria facilitar o encontro dos usuários com livros nacionais interessantes para eles.

As demais funções funcionariam como secundárias, uma forma de agregar ainda mais valor à plataforma.

Fluxograma do aplicativo

Com as funcionalidades definidas, desenvolvemos o fluxo que o usuário deveria seguir dentro da plataforma para alcançar seu objetivo principal: receber sugestões de livros de acordo com seus gostos.

Fluxograma de Inicial

Além do fluxo acima, realizamos mais 11 jornadas para as outras funcionalidades do aplicativo:

  • Wireframes

Fase 4: Validação

Assim, nasceu o Encanto!

O nome do aplicativo foi inspirado na frase de Irene Maluf, especialista em psicopedagogia pela PUC de São Paulo:

“A obrigatoriedade rouba dos alunos o interesse da descoberta. Escolher um livro para ler faz parte de um processo de encantamento com a obra”

Os adolescentes merecem ter experiências maravilhosas com a literatura, se sentirem representados e se divertirem com as incríveis obras nacionais existentes. Isso não deve ser um processo imposto, e sim voluntário!

Portanto, queremos que os usuários se sintam encantados com os livros nacionais a partir da facilidade de pesquisa e sugestão que o nosso aplicativo oferece a eles!

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede”

Carlos Drummond de Andrade

Style Guide

O primeiro passo para a criação do layout das telas foi o desenvolvimento de um Style Guide que conversasse com o público adolescente e ao mesmo tempo com o conceito do Encanto.

Style Guide desenvolvido no Figma

Protótiopo

Baseado nos Fluxos, Wireframes e Style Guide desenvolvidos, finalmente chegamos na fase de prototipação e tornamos o Encanto real!

Por conta do tempo curto que tínhamos para desenvolver o protótipo, optamos por criar as telas com as funcionalidade principais, logo essas são a representação do nosso MVP (Mínimo Produto Viável).

Teste de Usabilidade

Mas, será que de fato o Encanto encantou os usuários?

Para descobrir, realizamos um Teste de Usabilidade com 10 usuários adolescentes, para identificar padrões de uso, pontos positivos e pontos de melhoria.

Ao final, também deixamos uma pergunta para avaliar qual foi a experiência de cada um deles após o teste.

Portanto, percebemos que, de modo geral, o teste foi positivo e os usuários gostaram da plataforma, embora existam alguns pontos de melhoria, os quais pretendemos ajustar no futuro.

O que a construção do projeto me ensinou?

Desenvolver o Encanto foi uma experiência de grande aprendizado para mim, porque pude perceber que a concepção de uma solução que realmente considera a experiência do usuário envolve muita sensibilidade, criatividade, técnica e pensamento estratégico.

A criação de um produto exige dedicação e empatia, mas acima de tudo é necessário muito amor por aquilo que está sendo desenvolvido, porque isso é o que realmente nos motiva a entregar o melhor resultado, tanto para o usuário, quanto para os responsáveis do projeto.

Quero agradecer à Cubos Academy por me proporcionar tanto crescimento por meio de profissionais impressionantes que me guiaram e ensinaram com dedicação e cuidado. Laís, Marcela e Caio, vocês foram fundamentais para a minha trajetória , nunca me esquecerei do que fizeram por mim!

“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.”

Leonardo Da Vinci

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Giovana de Miranda

Sou alguém que que tornar a tecnologia mais simples, acessível e agradável de se usar!