Universidade: Sem liberdade não há excelência!

Gleisson Brito
2 min readJan 18, 2019

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As universidades constituem o coração pulsante do conhecimento científico. São também um espaço para a formação humanística e cidadã, bem como um meio para a integração cultural e social. Com tamanha responsabilidade sobre seus ombros, precisam se caracterizar como instituições onde a liberdade de expressão e opinião seja preservada, sem quaisquer formas de cerceamento, sejam pela via administrativa ou através de grupos políticos divergentes que a compõem.

A palavra liberdade é muito cara aos membros da comunidade universitária, e as discussões sobre o assunto muitas vezes estão circunscritas às temáticas de ordem político/ideológica. Mas falamos também em liberdade de cátedra, liberdade para definição de linhas e projetos de pesquisa, liberdade para firmar parcerias interinstitucionais, liberdade para a configuração dos currículos acadêmicos. Nestes temas, um dos maiores entraves à liberdade acadêmica é de ordem burocrática.

Evidentemente, existe uma burocracia necessária e indispensável para a saúde institucional, seja do ponto de vista da infraestrutura, seja do ponto de vista da responsabilidade fiscal e legal. Não obstante, a burocracia administrativa pode se converter em um buraco negro de absorção de energia e criatividade da comunidade acadêmica, impondo-lhe desgastes muitas vezes desnecessários.

Para mitigar este fenômeno é necessário organizar fluxos processuais lógicos e racionais, definir regras claras para o atendimento de demandas da comunidade, evitar o sombreamento de trabalho e a replicação de atribuições em instâncias administrativas e órgãos colegiados, rastrear e corrigir as normativas conflitantes, distribuir os recursos humanos e econômicos de maneira condizente com as funções das unidades de gestão e unidades acadêmicas, bem como sempre planejar e agir de forma a facilitar e aperfeiçoar a realização daquelas que são a razão de ser da universidade: as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão.

No âmbito acadêmico, excelência está evidentemente atrelada à formação de profissionais competentes, capazes de atender as demandas da sociedade, aptos a solucionar problemas complexos do dia a dia, e comprometidos com o progresso social e econômico. Contudo, a excelência acadêmica não pode ser concretizada sem a excelência administrativa, que tem como principal sintoma a facilidade com que as ideias acadêmicas são colocadas em prática.

Liberdade para exercer sua autonomia, princípio expresso na constituição brasileira, liberdade para manifestação do pensamento, com independência de governos ou partidos políticos, e liberdade para produzir e disseminar conhecimento, livre de amarras burocráticas desnecessárias, e com uma gestão técnica, focada em aprimorar suas atividades finalísticas. Eis aí três pilares fundamentais para uma universidade de excelência!

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Gleisson Brito

Fisiologista. Professor universitário. Reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana.