Euforia, ansiedade e produtividade

Guilherme Serrano
6 min readMar 12, 2017

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Sempre fui uma pessoa eufórica com novas ideias e projetos. Um lado bastante positivo disso é que quando estou animado com alguma coisa minha capacidade de foco naquele problema é muito maior do que o normal. Isso normalmente significa uma produtividade muito alta para construir soluções para aquele problema.

O lado negativo é a impossibilidade de “desligar” o foco. Não sei se a palavra é adequada, mas em alguns casos ficou um pouco obsessivo com determinados problemas e acabo sofrendo com ansidedade e com a incapacidade de concentração em qualquer outra coisa que não seja o problema que tenho em mente.

As vezes não consigo levar uma conversa de 3 minutos com alguém sem me perder em pensamentos no meio do caminho — e possivelmente seja nestes momentos que eu fico mais anti-social. A não ser que você queira falar sobre o mesmo assunto que eu, aí você é meu melhor amigo naqueles minutos de conversa e consegue toda a minha atenção.

No final do ano passado eu fiz um planejamento para o Eu Compraria. Para executá-lo pretendia que no primeiro semestre de 2017 o Eu Compraria fosse minha prioridade número um.

Por uma série de motivos (e boletos a pagar) não consegui fazer isso como eu gostaria — mas foi possível começar a implementar algumas coisas no ritmo “devagar e sempre” e com o mantra de melhorar meu negócio 1% por dia.

Até que sem aviso prévio e com o pé na porta, a euforia escancarou meus pensamentos. Começou a fazer as ideias funcionarem com um senso de urgência. Acho que uma das partes da ansiedade é um atribuir um senso de urgência para coisas que não são urgentes.

Como estou em um período tranquilo em relação a outras obrigações, deixei fluir e “surfei” esta euforia.

A euforia voltou

É ótimo — e provavelmente um privilégio — permitir que isso aconteça e poder se dedicar horas, dias, talvez semanas em uma solução aproveitando esta empolgação.

Foram nestes momentos de euforia que eu aprendi várias coisas e também que saíram vários projetos como o And After, o Smeagol, a Vitrine Fácil Buscapé, o formigueiro em javascript, uma série de artigos, estudos e conhecimento.

Aproveitando que consegui resolver outras demandas (e boletos), consegui me focar no que eu queria. Nos últimos dias estou estudando, testando ferramentas, buscando soluções e novos parceiros como a muito não fazia.

Neste final de semana a @biab foi mentorar um hackaton em SP e fiquei sozinho no Condado. E quando estou sozinho em casa eu faço meus planos mais birabolantes: na culinária, comer moela, língua bovina e coração. No tempo que não estou cozinhando e comendo pretendia jogar online com o meu irmão — tem maneira melhor de colocar os papos em dia?

Nada do que planejei aconteceu.

Na sexta a noite comecei a matutar sobre algumas prioridades desta nova fase do Eu Compraria. Só ansiedade e “improdutividade” — mas o cérebro estava lá, maquinando.

Durante a última semana troquei e-mail com alguns amigos sobre o Eu Compraria e seu futuro. Eles estão me ajudando muito mais do que imaginam, então quero aproveitar e agradecer especialmente o Lucas Pereira e o Emanuel Lima.

Muitas vezes empreender dói e um simples espaço para desabafar (como este texto ou um e-mail para um amigo) são incentivos que ajudam muito.

Ano passado foi o Vitor Campioni quem me ajudou. Ouviu o que eu tinha na cabeça, me explicou várias coisas e a reunião com ele sem dúvida foi um dos “gatilhos de ânimo” que me ajudou a levar o planejamento pra frente.

No sábado eu estava com a cabeça fervendo de ideais para validar. Comecei a testar algumas ferramentas que já havia levantado anteriormente, rabisquei folhas comparando prós e contras de cada uma, criei os novos e-mails para o Pacato, o CEO e Leon, o estagiário - que farão parte das nova comunicação da empresa.

Como já havia realizado testes em algumas plataformas, tirei dúvidas com amigos e consegui chegar na decisão da ferramenta que pretendo usar — contratei, liberei e fiz a configuração, saiu um peso gigante das costas.

Também fiz a importação de produtos para uma nova plataforma, ativei as vendas diretas no Facebook do Eu Compraria, fiz testes de layout e comecei a esboçar uma nova parte de organização de produtos que a @biab com certeza vai ter trabalho para melhorar quando voltar para o escritório.

Pacato, o CEO

Aproveitando o espaço, o Pacato está lançando um novo serviço gratuito. Ele está fechando parceria com o Eu Compraria! e outras lojas para conseguir promoções exclusivas para os assinantes do que está sendo chamado internamente de “Pacato News”.

Se você quer ser o primeiro a saber das novidades e ter acesso a umas promoções exclusivas é só deixar seu e-mail no formulário abaixo ou neste link, caso o formulário não apareça na plataforma que você está utilizando para ler este texto.

No fim do dia eu estava completamente exausto e de mal-humor por ter passado o sábado inteiro trabalhando e não “me divertindo”.

Pelas 19h, quando parei para jantar, estava trocando mensagens com a Bia e comentei que estava meio puto por ter ficado até aquela hora trabalhando e por estar muito cansado. Confesso que só parei para jantar pois estava sentindo que estava ficando improdutivo devido a exaustão mental — apesar do cérebro cordialmente solicitando que eu trabalhasse mais com pensamentos como “tá ficando bom, imagina isso pronto, que lindo?”, “olha só quanta coisa ainda tem para fazer”, “que resultado magnífico você conseguiu em um dia — poderia ter feito antes ein seu idiota?”.

A @biab, me conhecendo melhor do que ninguém neste mundo e sendo sábia como sempre foi, respondeu o seguinte:

“as vezes você fica puto quando trabalha muito e também fica muito puto quanto fica improdutivo… eu acho que você tem que aceitar essa sua condição gserrano, você não vai ser uma pessoa constante nunca, aceita seus momentos de euforia e os momentos de relaxamento. Acho que você vai ser mais feliz assim”

Jantei e refleti um pouco sobre a resposta da Bia. Depos da janta resolvi tomar uma cerveja, sentei no sofá assisti 3 episódios consecutivos de The Office UK (recomendo muito).

Caneca Dunder Mifflin — disponível no Eu Compraria

Consegui, por um breve momento, relaxar, descansar e rir com o genial Rick Gervais.

Pensei um pouco mais sobre o que a Bia havia me dito. Resolvi aproveitar a euforia e trabalhei até um pouco de pois de 1AM e só parei quando novamente comecei a sentir a produtividade caindo e o cansaço vencendo.

Acordei cedo e renovado, empolgado para terminar algumas coisas que comecei ontem. Levantei com clareza nas ideias, coisa que só boas horas de sono e reflexão podem proporcionar.

A euforia ainda está presente mas a ansiedade está mais controlada. Quero aproveitar este período de produtividade mas sem uma auto-cobrança de que preciso terminar tudo AGORA.

Com este texto não pretendo romantizar ou glorificar o trabalho excessivo ou a cultura do “workaholic” — acho que tempo é o bem mais valioso que nós temos e mensuro minha riqueza em tempo livre. Sou adepto do “stop the glorification of busy” — em tradução livre algo como “pare de glorificar a cultura de estar sempre ocupado”.

Como de costume, meu objetivo escrevendo é facilitar a minha vida no futuro (e a sua, se for possível) evitando perder o conhecimento gerando pelos problemas do presente.

Cerque-se de pessoas que te compreendam e, se você tiver este privilégio e achar que vale a pena, aproveite os momentos de euforia. Mas esteja consciente que provavelmente eles serão seguidos por um necessário período de descanço e ócio, não se culpe e aproveite.

Se não houver culpa pela “improdutividade” posterior, pode ser uma troca valiosa.

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