Curiosidades olímpicas parte 1: O Time Olímpico de Refugiados

Guilherme Freitas Acadêmico
3 min readJul 23, 2024

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O Time Olímpico de Refugiados no Rio-2016 — Foto: Reprodução

Assim como fiz durante a disputa da Copa América e da Eurocopa, pretendo montar alguns textos sobre curiosidades dos Jogos Olímpicos. Porém, como estarei atuando na cobertura do evento com a galera da Swim Channel, não vou ter tanto tempo assim para escrever. Desta forma, irei fazer textos mais curtinhos sobre fatos e curiosidade envolvendo migração, história, geopolítica e assuntos que me interessam sobre o evento.

Vou começar falando sobre o Time Olímpico de Refugiados, equipe presente no Movimento Olímpico desde a edição do Rio-2016. Naquela ocasião o Comitê Olímpico Internacional (COI) criou em parceira com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) um projeto que buscava atrair atenção para a causa do refúgio mundial e criar uma forma de integração através do esporte para estas pessoas. No Rio-2016 foram selecionados dez atletas que puderam ter a oportunidade de disputar os Jogos, já que isso era impossível de ser realizado através de seus países de origem. Em Tóquio-2020 o time foi mantido e a delegação aumentou para 29 nomes.

Logomarca do Time Olímpico de Refugiados — Foto: Reprodução/COI

Para integrar o Time Olímpico de Refugiados, os atletas precisam cumprir com várias questões, como ser reconhecido como refugiado no país onde residem, ter destaque esportivo no cenário internacional e integrar o Projeto Solidariedade Olímpica do COI, que é gerenciado pela Fundação Olímpica de Refugiados. Este plano do Comitê Olímpico financia atletas refugiados ao redor do mundo, os ajudando a manter seus treinamentos e despesas com competições. A grande maioria destes atletas treina e vive em países ricos ou desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e países europeus.

Nesta edição o time olímpico terá sua equipe mais volumosa. Serão ao todo 37 atletas de 11 países, alguns disputando sua segunda Olimpíada. O que me chamou minha atenção quando a escalação foi anunciada, e confesso que me deixou com a pulga atrás da orelha, é o fato de a maioria do time ser formado por iranianos. São ao todo 14 atletas oriundos do Irã, nove a mais do que os nascidos na Síria, país com mais refugiados no mundo. Qual o motivo de tantos iranianos no time? Há quem cogite que seja até uma provocação geopolítica ao Irã, já que o COI ainda é uma instituição muito ocidentalizada. Enfim, não dá para saber, e o que existe são apenas suposições. Mas quem sabe um dia não pesquise isso?

O cubano Fernando Jorge — Foto: Balint Vekassy

O grande ponto positivo dessa equipe de refugiados é poder dar a esses atletas a oportunidade deles competirem nas Olimpíadas, algo que jamais poderiam fazer sob suas respectivas bandeiras. Porém, não entendo porque o cubano Fernando Jorge integra a equipe. Nada contra o canoísta, mas o fato dele ter sido campeão olímpico em Tóquio-2020 e já estar apto para defender o Time Olímpico de Refugiados agora é um pouco estranho. São apenas três anos de intervalo entre os Jogos e ele foi considerado como refugiados pelos Estados Unidos (país onde reside) em 2023. Existem diversos atletas refugiados há mais tempo no programa do COI e aguardando uma oportunidade de competir. Sendo um campeão olímpico, Jorge teve alguma preferência para a convocação? Não dá para saber, mas se ele cumpre com os critérios estabelecidos pelo COI não há discussão e ele pode ser convocado.

Os atletas do time refugiados estarão em ação em várias modalidades e Fernando Jorge é justamente o principal destaque da equipe. Para conferir a programação completa dos Jogos visitem o site oficial de Paris-2024 aqui: https://olympics.com/pt/paris-2024.

E sobre mais detalhes do Time Olímpico de Refugiados, confiram um artigo que escrevi para a Revista Olimpianos, da USP, em 2022: https://journal.olimpianos.com.br/journal/index.php/Olimpianos/article/view/142.

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Guilherme Freitas Acadêmico

Alguns textos e trabalhos sobre esporte, sociedade, migração, globalização e identidade por Guilherme Freitas, doutor em Ciências e mestre em Filosofia pela USP