Review: Anitta — Kisses

Guilherme
3 min readApr 10, 2019

Dia de 05 de abril a cantora Anitta lançou seu álbum Kisses, que segundo ela, mostra 10 versões de si. Com 10 músicas e 10 clipes, sendo apenas 2 solos, a cantora prova mais uma vez que sua imagem está desgastada e que seu objetivo de virar um grande nome internacional a tornou uma cantora genérica.

Desde o projeto CheckMate que teve início em 2017, a cantora deixou de lançar álbuns e trabalhos completos para lançar singles, em espanhol, português e inglês. Com “Paradinha” a internacionalização de Anitta começou cativante e nos deu até orgulho de ver uma artista brasileira ‘chegando’ a níveis internacionais, mas parece que a cantora empacou aí.

Com Kisses a cantora/empresária deu um grande passo, que só seria grandioso se tivesse vindo em 2018, antes do desgaste de sua imagem, que faz com que o álbum pareça um compilado de singles com clipes sem conexão.

O álbum começa muito bem com “Atención”, que segundo a cantora mostra uma Anitta cheia de atitude, independente, que gosta de exaltar as outras mulheres e não gosta de ver julgamentos entre elas. A música, que apesar de ser em espanhol, foge dos reggaetons genéricos que a cantora tem lançado, passa uma mensagem de empoderamento feminino e o clipe ainda mostra mulheres fazendo o autoexame preventivo da mama, começando o trabalho de forma bem positiva.

Já “Banana” com Becky G mata toda a esperança que Atención nos deu. Não que a música seja ruim, mas o clipe brega e o versos batidos de Becky G, que já não apostava mais em raps e versos no estilo do pop americano há algum tempo, deixam a música com um tom genérico e desconfortável. Porém, com a força das duas artistas nos serviços de streaming, com certeza será um hit.

O álbum traz outras colaborações interessantes como Ludmilla e Snoop Dogg em “Onda Diferente”, um híbrido de pop, funk e rap, a música escrita por Ludmilla traz um pouco da essência de Anitta no início da carreira.

Alguns pontos fracos do álbum são “Sin Miedo”, onde a cantora tenta passar uma imagem edgy e inconsequente mas acaba objetificando mulheres que se relacionam com outras mulheres no clipe (mas isso é outra discussão rs), “Tu y Yo”, “Rosa” e “Juego”, também trazem mais do mesmo reggaeton que a cantora lançou no último ano.

“Poquito” é um dos pontos altos, senão a melhor do compilado de singles. Um pop em espanhol que nos lembra a vibe de 2004–2005, mas que infelizmente tem o clipe mais fraco do trabalho. De qualquer forma segue sendo a melhor aposta para ser o carro chefe do trabalho.

“Get To Know Me”, a falecida colaboração da cantora com Rita Ora, é um pop suave que lembra o single do auge de Anitta, “Deixa Ele Sofrer”. Não diria que é um dos pontos altos do álbum, mas segue sendo uma das mais diferentes dos últimos trabalhos da cantora.

E por fim, “Você Mentiu” com Caetano Veloso, sem dúvidas uma das melhores do álbum. Anitta combina com qualquer estilo, mas sua voz no pop/MPB é doce e flui muito bem com os elementos.

No geral, o trabalho é interessante em alguns momentos, mas não está no nível do pop nacional feito por Iza ou Pabllo Vittar. Anitta foge do cenário nacional para lançar clichês e conquistar o mercado internacional, mas deixa de lado sua essência e originalidade que conquistaram o Brasil para se tornar só mais uma com números expressivos no exterior.

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