Gustavo Monteiro
2 min readMar 28, 2017

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Olá, Barbosa!
Gostei como o texto ataca o ponto nevrálgico da questão: o aumento estrondoso do desemprego permitiu a aprovação de reformas que tiram direitos dos trabalhadores, sem muita discussão.
Mas eu tenho uma notícia boa e uma ruim. A boa é que vc nunca foi (pelo que diz no texto) um desalentado. A ruim é que isso significa que há uma imprecisão no seu texto :(

O IBGE, na verdade, mede a taxa de desocupação e não a taxa de desemprego. Se vc estiver ocupado, mesmo que em uma ocupação péssima ou informal, vc não é considerado nem como desocupado nem como desalentado. (Até 2015, mesmo se vc trabalhasse sem rendimento não seria considerado desocupado). O desalento não se refere à procura por um trabalho fixo ou formal, se refere à procura por qualquer trabalho, mesmo bico. No seu caso, vc estava desempregado, mas não estava desocupado. E, os desalentados não estão nem ocupados (seu caso) nem desocupados!
Funciona assim: a população economicamente ativa (PEA) é composta por: ocupados + desocupados, que são as pessoas que não estão trabalhando mas estão procurando ativamente trabalho. Se um desocupado desiste de procurar trabalho, ele vira um desalentado. Ele não é mais classificado como desocupado e também não faz mais parte da PEA.

O IBGE não investiga o tamanho do desemprego oculto pelo desalento. Ele simplesmente tira os desalentados da PEA e do cálculo da taxa de desocupação (desocupados/PEA). Na prática, quanto maior o número de desalentados, menor o desemprego!

Mas, para nossa sorte, o Dieese investiga e divulga esses dados! Vc pode consultá-los na Tabela 6 do link abaixo:
https://www.dieese.org.br/analiseped/mensalSINTMET.html

Espero que tenha contribuído!
Abço

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