Os games como aliados da saúde
Nos últimos anos, os jogos eletrônicos vem ganhando cada vez mais expressividade e atingindo cada vez mais públicos maiores. Mas desde sempre costumamos ouvir que jogos eletrônicos estão associados ou causam o sedentarismo, bom, pode ser que sim e pode ser que não. Uma nova onda que está surgindo no mercado são os Exergames, que são jogos que utilizam a interação física do jogador como comandos, e eles chegaram não só para acabar com o dito sedentarismo causado pelos jogos como também estão sendo usados como alternativa de melhorar as condições de saúde.
A chamada “Gameterapia” une o lúdico ao terápico, segundo o professor Leandro Lazzareschi, que coordena uma clínica de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul. Em sua clínica, já foram atendidos pacientes de 5 a 90 anos através da gameterapia, que utiliza o Kinect do Xbox One e jogos como Just Dance, Zoo Tycoon, Zumba Fitness e Kinect Sports Rivals.
A junção dos desafios, gráficos e/ou recompensas costumam entreter bastante os pacientes a ponto de os fazerem esquecer suas limitações e se movimentarem motivados pela diversão e pela imersividade. Alguns dos pacientes gostaram bastante da ideia, como é o caso de Laís, de 17 anos, que tem problemas motores e fez gameterapia para um estudo. Segundo a menina, os exergames a ajudaram muito, porque além de promoverem a diversão, também é um teste de concentração.
As seções duram entre 40 e 50 minutos e as vítimas de AVC, paralisia cerebral e problemas de mobilidade são tratados em conjunto com outras terapias. De acordo com o professor Lanzzareschi, os pacientes não precisam ser conhecedores ou ter intimidade com os games, e que até mesmo pessoas que nunca jogaram antes reagem e aceitam bem o tratamento. Apesar das dificuldades que vem com o envelhecimento, os idosos se mostram motivados e determinados a realizar as atividades. “Os idosos competem de verdade para ver quem dança melhor. A tendência é envelhecer com mais saúde e a gameterapia age no sentido de prevenção, para fortalecer os músculos, melhorar o equilíbrio e evitar quedas”, comenta o professor.
Além dos exercícios físicos, a gameterapia pode ser um bom caminho de ajuda para os idosos, não só para as questões físicas, mas também questões como a solidão e a depressão. Muitos idosos são abandonados pela família ou moram sozinhos, isso pode acarretar muitas vezes numa solidão tão grande que pode virar depressão e levar a morte. A criação de espaços que promovam a gameterapia é uma ótima ideia pois, como dito mais acima, também promove a diversão e até mesmo a socialização dos idosos entre si.
Segundo o professor, já existem games que foram desenvolvidos especialmente para atuar na gameterapia. “Um jogo é controlado pelos batimentos cardíacos do paciente por meio de uma cinta polar, o outro depende da pressão da mão apertando um objeto para movimentar o personagem. Ou seja, são jogos que já foram criados com o caráter terapêutico.” Um problema que existe e restringe um pouco a gameterapia é que esses jogos ainda não tenham alcançado outros consoles e fiquem restritos somente ao Xbox.
A desenvolvedora Marina Camargo, que trabalhou na criação de uma série de games voltados para o público idoso, lamenta a falta de investimento nessa área por parte dos hospitais e das clínicas. “O jogo como aliado de tratamentos ludificam a atividade deixando-as menos tediosa e até mesmo acelerando o processo do tratamento”. Segundo Marina, os jogos voltados para a área da saúde ainda são pouco explorados. Em sua equipe, o foco são jogos para fins terapêuticos a partir da observação do reflexo do idoso com o objetivo de melhorar o tempo de resposta do indivíduo, para que em situações simples do dia a dia, não hajam lesões ou traumas.
O professor Leandro Lazzareschi aposta e acredita na importância dos jogos eletrônicos na área da saúde e com o advento da realidade virtual, a previsão é que as coisas só melhorem para os exergames.
