“Model Citizen” | Dystopian Animated Short Film (2020)

Ana Laura Balsan
4 min readAug 13, 2021

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Distopia para nós é definido como “lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.”¹. Tendo isso em mente, fico na dúvida em definir “Cidadão Modelo” | Distópico Curta-metragem Animado (2020)², um pequeno filme que mostra a vida da família Robinson. Mas para quem se interessou pelos contos da cidade sombria de Autodale, sabe que David James Armsby só mostrou uma minúscula parte de como as coisas funcionam por lá. No canal do Youtube, Dead Sound, já existem mais histórias sobre o bizarro e assustador desempenho desse lugar. O que é diferente em Cidadão Modelo, é que desta vez estamos presenciando a vida dos adultos pela primeira vez, visto que nas histórias anteriores sempre tínhamos crianças como protagonistas.

https://www.youtube.com/watch?v=mVLrBJYGxk4

“What is a Model Citizen? A Model Citizen is a providing father. A Model Citizen is a caring mother, all in service of a scrappy, young boy or girl. A Model Child raised by a Model Family, to become a Model Citizen of their own!”

“O que é um Cidadão Modelo? Um Cidadão Modelo é um pai provedor. Um Cidadão Modelo é uma mãe cuidadosa, totalmente a serviço de um desconexo, jovem garoto ou garota. Uma Criança Modelo é criada por uma Família Modelo, para se tornarem um Cidadão Modelo elas mesmas!”², é assim que o cenário abre, com o robô propaganda fazendo este discurso para uma criança na sala de estar, que está acompanhada de seus pais. As máquinas têm um papel muito importante para Autodale, pois são elas que a dominam. Elas são os ídolos das crianças, bons amigos dos pais e a segurança de seus lares. Para nós espectadores, são a mais pura opressão e fonte da mais carregada lavagem cerebral. Enquanto isso, o papel dos Robinsons é demonstrado em um ciclo repetitivo e monótono de trabalhar, jantar, cuidar do filho, socializar e dormir. A animação 3D é cartunizada e as características dos personagens deixam claras as suas expressões. Apesar de tudo, eles ainda riem, dançam, sentem melancolia; Eles ainda tem sentimentos.

Unida a essas imagens marcantes, o filme apresenta uma trilha sonora muito bem selecionada: o ensaio de ballet Tchaikovsky — Waltz of the Flowers. A composição foi criada para uma ópera e um ballet, onde a peça seria O Quebra-nozes e o Rei dos Camundongos, um romance natalino. O ponto de usar uma música primordialmente romântica e fantástica em um mundo totalmente cinza é a ironia. A sensação de estranheza, de que há algo de errado ali e a expectativa de que as coisas vertam para a nossa perspectiva de mundo no final é a sensação que mais instiga os sentidos do telespectador.

Mas elas não vertem. Uma das cenas mais marcantes do conto é uma paisagem que não deixa espaço para chegar a uma conclusão diferente: é um campo de concentração. Instantaneamente é possível perceber que as pessoas estão ali para morrer.

Porque é assim que o sistema funciona — uma vez velho e com seu papel concluído, você é descartado. Vendo os Robinsons no seu ponto final, o sentimento de expectativa aumenta: eles são humanos que seguiram todas as regras e mesmo com todo seu esforço eles não ousam se revoltar, nem mesmo questionar. A lavagem cerebral é tão eficiente que não deixa brechas para duvidar do sistema. Além do mais, isso não se faz necessário: os adultos se mostram totalmente benevolentes e felizes com seus planos de vida — mesmo que impostos a eles. Essa é a minha dúvida quando se trata de Cidadão Modelo ser uma distopia: pois tanto para as máquinas quanto para as pessoas, a vida em Autodale é perfeita.

Um dos pontos positivos em ver a série ou pelo menos Cidadão Modelo é experimentar um tipo diferente de horror. Para quem gosta do gênero, vai encontrar um roteiro onde um “final feliz” não existe e a tragédia dura até o fim. Afinal, a ideia é tudo acontecer exatamente como deve acontecer. A relação do tema com a imagem e a trilha sonora são uma solução que cumpre o papel de expressar de forma coerente tudo o que precisa ser expressado. Ainda, a obra está disponível no Youtube, que é uma plataforma gratuita e facilmente acessível.

Infelizmente a série não é traduzida para o português e as legendas estão em inglês, então não é possível aproveitar o conteúdo sem saber o básico ou intermediário do idioma.

Por fim, deixo aqui a minha recomendação para aqueles que gostam de universos diferentes, com regras únicas e comportamentos que se desviam da nossa concepção de normal, igualmente para quem gosta de uma pitada de suspense e terror. Para quem prefere contos com rumos diferentes da história, onde personagens tomam as rédeas dos acontecimentos e fazem um final alegre: melhor ocupar-se com outra coisa.

Referências e fontes:

  1. Definição distopia: pesquisa do Google: https://www.google.com/search?client=opera&hs=pSf&sxsrf=ALeKk02oUwKwVQBKR_hUuqTUsh-5NEzKkQ%3A1599326959392&ei=78pTX-jFF-aj5OUPjsqruAk&q=definição+distopia&oq=definição+distopia&gs_lcp=CgZwc3ktYWIQAzIHCAAQRhD5ATIGCAAQFhAeMgYIABAWEB4yBggAEBYQHjIGCAAQFhAeMgYIABAWEB46BAgAEEc6BwgjEOoCECc6CQgjEOoCECcQEzoHCC4Q6gIQJzoECCMQJzoFCAAQsQM6CAgAELEDEIMBOgIIADoECC4QJzoECAAQQzoHCAAQsQMQQzoECC4QQzoKCAAQsQMQRhD5AToCCC46BQguEJMCOggIABAWEAoQHlDB3gVY7qQGYNeoBmgDcAF4AYABvwGIAecSkgEEMC4xOJgBAKABAaoBB2d3cy13aXqwAQrAAQE&sclient=psy-ab&ved=0ahUKEwio-ayaxdLrAhXmEbkGHQ7lCpcQ4dUDCAw&uact=5;
  2. Tradução da autora.

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Ana Laura Balsan
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