Etiqueta RFID: O que é, como funciona e como implementar

Helson Santos
7 min readDec 8, 2018

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E se você pudesse, em uma só etiqueta, armazenar dados do produto que vão além do código de barras? E se fosse possível fazer a leitura de em lote e à distância dos produtos armazenados?

A boa notícia é que isso já é possível com as etiquetas RFID. Economia de tempo e simplificação de processos são as principais vantagens de implementar essa tecnologia em armazéns, sistemas de segurança e até em hospitais.

Vamos entender melhor como funciona e como garantir sucesso na implementação das tags RFID no seu negócio.

O que é RFID

RFID é a sigla para Radio Frequency Identification. É um método de identificação através de sinais de rádio que recuperam e armazenam os dados à distância utilizando dispositivos chamados etiquetas RFID ou tags RFID.

Uma etiqueta RFID pode ser aplicada em pessoas, animais, produtos e documentos. É um objeto pequeno composto por uma antena e um microchip: enquanto a antena se comunica com as leitoras e sensores, o microchip pode armazenar dados tanto no formato de leitura quanto no formato de escrita, dependendo da tecnologia adotada.

Os dados são armazenados no formato EPC (Electronic Product Code), um número que permite identificá-lo de forma exclusiva, assim como um código de barras. As leitoras podem ler os identificadores EPC a distância, sem necessidade de contato ou campo visual.

Como funcionam as etiquetas RFID

Cada aplicação RFID deve ser equipada com três elementos essenciais: etiquetas (ou tags) RFID, leitoras e sistemas informatizados com middleware.

As etiquetas e leitoras se comunicam por sinais de radiofrequência por meio de antenas instaladas em ambas. Já o middlewarefunciona como um intermediário, agrupando dados de diferentes leitoras e sensores, filtrando a informação e gerenciando a infraestrutura e o fluxo de dados do RFID. Isso acontece por meio da integração com sistemas como ERP e WMS, por exemplo.

Veja um diagrama que explica com detalhes como funcionam as etiquetas RFID:

Etiquetas RFID X Código de Barras

Antes de implementar as etiquetas RFID no seu negócio, talvez se pergunte qual é a diferença efetiva entre elas e os já conhecidos códigos de barras.

A primeira delas é que o RFID não armazena apenas o código do produto. Dependendo da tecnologia empregada (leitura, escrita ou ambas), as etiquetas RFID podem ajudar até no monitoramento de temperatura e umidade, sendo importantes aliadas da tecnologia hospitalar e do transporte de alimentos perecíveis.

Também há possibilidade de incluir outras informações mesmo com o processo já funcionando. Entre outras vantagens, os sistemas RFID são considerados os sucessores dos sistemas de código de barras porque permitem a produtores e fornecedores rastrear itens em lote, reduzindo o tempo e os custos operacionais.

Aplicações da tecnologia RFID

Basicamente, todas as operações que atualmente utilizam códigos de barras podem ser substituídas pela tecnologia RFID. É por isso que as aplicações são inúmeras, mas destacamos algumas delas abaixo:

  • Gestão da cadeia logística;
  • Controle de documentos;
  • Controle de acesso;
  • Segurança e patrimônio;
  • Linhas de montagem industriais;
  • Identificação animal;
  • Rastreabilidade na origem de produtos;
  • Pagamento de pedágios.

Como planejar a implementação de etiquetas RFID no seu negócio

Depois de tomar a decisão de implementar um projeto RFID no seu negócio, existem algumas etapas e levantamentos que devem ser feitos. Como em qualquer projeto de tecnologia, vai demandar tempo e recursos, além da gestão de todos os envolvidos para que tudo ocorra conforme planejado.

A seguir listamos alguns passos essenciais para garantir o sucesso no seu projeto RFID.

1. Visão executiva do projeto

O primeiro passo para decidir a implementação de um projeto de tecnologia RFID no seu negócio é avaliar os requisitos e as expectativas que esse novo sistema pode oferecer.

Essa análise deve estar fundamentada na capacidade de fornecimento do projeto e no benefício imediato no processo, de maneira que justifique a implementação do RFID em relação à tecnologia já existente.

Faça um levantamento de impactos e tendências a serem ocorridos na empresa e certifique-se que estão alinhadas com as expectativas de fornecimento do RFID.

2. Análise dos processos

Desenhe o processo chave, bem como o lugar do RFID dentro desse projeto, esse é o elemento mais importante de uma implementação bem sucedida. A implementação do RFID é um projeto de melhoria de processos, por tanto é fundamental analisar as práticas de negócios atuais e determinar quais aspectos podem ser melhorados com a implementação de uma solução RFID.

Comece com a coleta de informação de gestão de negócios entre todas as áreas envolvidas, membros de TI, pessoal de manutenção e usuários finais. Esboce os fluxos de processos e as especificidades requeridas no processo, identifique as excepcionalidades envoltas no sistema e indique se as mesmas devem ou não serem também tratadas no processo com RFID.

3. Documentos de requisitos

Todo projeto, mesmo em pequena escala, depende da documentação de processos para redação de um documento contendo todas as especificações necessárias para implantação. Algumas considerações significativas que o gestor deve ter em mente antes de iniciar o projeto são:

  • Requisitos de softwares, hardwares e middlewares
  • Etiquetas RFID
  • Fatores ambientais
  • Preocupações regulatórias
  • Confiabilidade
  • Segurança
  • Manutenção
  • Rede
  • Produção.

Além desses requisitos básicos, as responsabilidades também devem ser delimitadas e assinadas neste documento. É importante ressaltar que esses requisitos podem aumentar durante a execução do projeto, mas o documento inicial pode servir como instrumento para quantificar os custos envolvidos na gestão.

4. Levantamento do Local

O levantamento do local é um processo necessário para fazer a análise do espectro de radiofrequência e para procurar possíveis interferências de sinal ou sinais concorrentes na mesma área. Além disso, o exame do local vai ajudar a planejar a localização e a instalação dos leitores e antenas.

Para esse quesito faz-se o uso do Site Survey para quantificar e identificar a quantidade de equipamentos (leitores, antenas, tags e aplicativos), qualificar a arquitetura de rede do local para atestar a qualidade de sinal e potência de cobertura do sistema e verificar a quantidade e conteúdo de dados necessários na etiqueta e onde e como aplicá-las.

O layout físico da área de instalação deve ser documentado e anotado em um relatório para identificar os locais em que serão implementados os pontos de leitura. Todas as partes interessadas para o planejamento e execução do projeto devem estar envolvidas.

5. Combinação de tecnologias

Às vezes pode ser necessário considerar a utilização de uma tecnologia híbrida, combinando o RFID com outra tecnologia para criar uma solução única. Por exemplo, podem ser utilizadas as tradicionais etiquetas com códigos de barras como backup nos casos em que o leitor RFID ou chip falhar.

Da mesma maneira, pode haver alguma parte do processo em que não vá ser aplicado o RFID e os códigos de barra podem cumprir esse papel. Nas partes do processo em que a interação humana esteja envolvida ou quando é necessário localizar e identificar um único item dentre vários, é possível utilizar um coletor de dados RFID manual para ler uma tag RFID assim como faria se fosse um código de barras convencional.

6. Modelo de tag RFID ideal

Existem centenas de configurações disponíveis no mercado. Você se lembra do documento de requisitos do qual falamos há alguns tópicos? Esses requisitos podem ajudá-lo a encontrar o modelo de etiqueta RFID que se adapta melhor ao seu projeto:

  • Tipo de aplicação;
  • Quantidade de dados armazenados;
  • Condições do ambiente de trabalho;
  • Formato de fixação da etiqueta no produto;
  • Modelo de leitura;
  • Particularidades do projeto;
  • Qualidade de receptibilidade.

A qualidade de receptibilidade é um dos fatores mais importantes para decidir qual o modelo de tag deve ser aplicado, pois é preciso garantir uma performance constante em todas as leituras apontadas.

7. Dados onboard

Uma das principais vantagens do RFID é a sua capacidade para armazenar uma grande variedade de dados na própria tag, tornando a informação on-line disponível sempre que a tag for localizada. É possível em aplicações que utilizam tags UHF EPC GEN 2 que informações adicionais sejam inseridas ao longo do processo, possibilitando que o código de identificação serial único do produto “ID” seja gerado no final do curso do processo e referenciado em um banco de dados com as informações coletadas em tempo real de cada etapa.

Isso é possível pois a tag oferece suporte a um número virtualmente ilimitado de campos de informações que podem ser armazenadas e acessadas sobre essa tag, sendo assim limitada apenas as próprias limitações da base de dados.

8. Cabeamento

O Cabeamento para o projeto de RFID se faz necessário para um bom resultado da instalação, sendo considerado uns dos fatores importantes de qualquer instalação de RFID por afetar diretamente no desempenho do sistema.

O sistema RFID pode utilizar uma combinação de cabos de dados Ethernet, cabos de alimentação e cabos coaxiais para ligação de um leitor fixo e para o seu par de antenas. Em frequências UHF, as perdas de RF podem afetar o desempenho, mesmo quando se utiliza cabos de alta qualidade e de baixa perda. Observe que cada ponto de conexão gera perdas e comprimentos de cabo superiores a 20 pés pode reduzir significativamente os níveis de sinal. Quanto menor o comprimento do cabo RF, melhor desempenho.

9. Integração do sistema

A integração do sistema RFID com o software de gestão e o banco de dados do cliente é a operação mais trabalhosa no processo de implementação de etiquetas RFID.

A integração entre o sistema existente e o sistema RFID se faz através do middleware, o intermediário responsável por integrar os dados capturados pelas leitoras e sensores aos sistemas de WMS ou ERP em tempo real e online.

O levantamento de dados e a especificação da interface a ser desenvolvida para a conversação entre os sistemas ERP ou WMS devem ser feitos minuciosamente, uma vez que toda a comunicação do sistema se dará de acordo com esse levantamento.

É principalmente por essa integração que as equipes de Tecnologia da Informação ou o Centro de Processamento de Dados da empresa devem estar envolvidas diretamente no levantamento e especificação.

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