The Music of Marie e a propaganda.

walter
3 min readMar 29, 2018

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Magi é um manga onde há dungeons espalhadas pelo mundo e quem conseguir conquistar pelo menos uma delas é tido como candidato a rei, recebendo um poder que o da relevância nas disputas políticas desse mundo. O principal mote sempre foi quem teria o melhor ideal como rei para um mundo melhor, sendo a relação entre os estados a afetada pelos desdobramentos dos candidatos. Porem Alibaba, personagem principal da história, mesmo sendo um candidato a rei, nunca mostrou interesse em ocupar tal cargo.

O último cenário em que Alibaba foi posto à prova, havia dois candidatos a rei buscando reconstruir o mundo de acordo com os seus ideais limitando a liberdade individual. No clímax, Alibaba expôs sua convicção como candidato a rei, optando por lutar para manter a liberdade de decisão que cada indivíduo possuía.

Tomar a posição de Alibaba como certa, é de fácil aceite, mas o que Sinbad — um dos candidatos a rei que buscava limitar a liberdade individual — buscava como mundo ideal não muito é diferente do universo de The Music of Marie. O que Sinbad buscava como mundo ideal é facilmente questionável, porém essa mesma facilidade não é encontrada no mundo de Marie.

The Music of Marie retrata um mundo sem conflitos, onde todos tem suas necessidades saciadas em uma sociedade igualitária. Para evitar uma disparidade entre os indivíduos o progresso tanto individual como coletivo são limitados. Toda essa harmonia entre os indivíduos é mantida pela música que emana de Marie.

Marie é apresentada como uma entidade que apenas é vista pelo Kai, personagem que descobre ter a função de legitimar a existência de Marie. No momento em que Kai tem que escolher em manter ou não a vigência de Marie, sua decisão é pela liberdade individual, porém Marie em resposta mostra a Kai como era o planeta antes de sua existência. Mostrando assim a miséria, violência e a conformidade das pessoas com o caos. Apesar de ser real o que Marie apresenta é de uma parcialidade inquestionável.

Essa propaganda leva Kai a reavaliar sua decisão o levando a manter Marie. Sua legitimidade é de difícil questionamento pela propaganda que é apresentado em toda a obra, de um mundo em paz em que todos são felizes. Assim que a música de Marie falha, sentimentos são exaltados e a parte mais triste da humanidade é aflorado, mas de forma tão iminente e extrapolada que age como propaganda a favor de Marie. Toda essa propaganda e misticismo criados para ou pela Marie só leva a associa-la a um regime totalitário.

O mundo ambicionado por Sinbad é questionável pelo fato de que, para tornar real esse ideal Sinbad recolheria através de uma imposição onde todos perderiam sua liberdade. Enquanto que em Marie esse ideal já está estabelecido e o status quo e a propaganda só corroboram por manter esse sistema.

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