Hoje acordei, peguei o celular e com um olho aberto e o outro quase fechando vi essa notícia na minha timeline: "Empresas de TV paga preparam guerra contra Netflix".
Estes dois posts me fizeram lembrar de uma palestra que até então não fazia muito sentido para mim, mas que hoje caiu a ficha: vou perder meu emprego.
Se fosse para resumir a palestra inspiradora de Inaki Escudero em uma única frase, seria mais ou menos isso:
“A motivação de um negócio hoje é sustentar o problema ao qual ele é a solução.”
Tá, mas o que isso tem a ver com agência de propaganda? Tudo.
Para sustentar os “problemas” nós estamos construindo cercas e não precisamos ir muito longe para perceber isso.
Enquanto por um lado WhatsApp é o aplicativo mais usado no país, por outro as operadoras trabalham para criar cercas para preservar o modelo de negócio como existe hoje.
Quando por um lado, em ano de Olimpíadas no Rio, o Airbnb pode gerar renda extra para os brasileiros e uma alternativa de estadia para quem vem assistir os jogos, por outro as grandes redes de hotéis estudam novas formas de taxar quem quer colocar o apartamento na plataforma.
Não tem nada errado em construir cercas, o problema é não tentar enxergar o que está do outro lado.
Em todos esses exemplos existe um ponto muito importante em comum, o desejo das pessoas: queremos assistir filmes e séries quando quisermos, queremos mandar um what’s ao invés de fazer uma ligação, queremos pagar menos pela hospedagem e realmente é pedir muito ao optar por um serviço de transporte que me atenda melhor?
Na publicidade estamos constantemente construindo cercas ou tentando derrubá-las, mas para realmente entender o desejo das pessoas precisamos enxergar além disso.
Se antes a publicidade existia para resolver um problema do cliente, hoje ela deve existir para ajudar o cliente a resolver o problema das pessoas. E essa mudança faz toda a diferença.
Ver além das cercas é entender que o número de usuários em serviços como ADBlocker cresce a cada ano.
No Brasil a plataforma já beira 7 milhões de usuários, e ao invés de entender como a comunicação pode ser mais relevante estamos falando em punir os usuários e até restringir o acesso. Isso é enxergar além da cerca ou construir mais uma?
Ver além das cercas é perceber que surgem diariamente novas iniciativas que estão construindo um novo mercado de economia criativa, que não necessariamente é sustentado pela compra e venda de mídia, empresas como Mesa e Cadeira, Itsnoon, Mandalah, e se você trabalha em uma agência publicidade você precisa saber que elas existem.
Se continuarmos pensando da mesma forma é fácil encontrar argumentos que justifiquem para nós mesmos o porque essas empresas não representam uma ameaça para as agências hoje, mas a pergunta é: queremos continuar fazendo as coisas como fazemos hoje?
Ver além das cercas é entender que a modelo que estampa a capa de uma revista tem mais seguidores no Insta do que a revista tem de circulação no mundo inteiro, incluindo as visitas ao site.
Como o que fazemos hoje nos ajuda a entender as pessoas? Opa, a pergunta certa seria: como o que fazemos hoje ajuda os nossos clientes a entender melhor as pessoas?
Para não perder o meu emprego em uma agência, eu preciso enxergar além das cercas e pensar em caminhos que realmente façam a diferença na vida das empresas e das pessoas.
E se em algum momento a decisão for derrubar as cercas, quero ser o primeiro a segurar a marreta, mas de dentro para fora.
Este post é apenas um convite de um redator publicitário que não quer perder o emprego. Críticas, sugestões ou xingamentos fala comigo no facebook.
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