“A Morte Te Dá Parabéns” é sucesso em fim de semana de sexta-feira 13

Mais uma comédia-terror do que um slasher, o filme equilibra bem os gêneros e faz jus ao que se compromete

Henrique Nascimento
5 min readOct 15, 2017

15 OUT 2017 — Em 1993, o meteorologista Phil Connors (Bill Murray) se encontrava preso no dia dois de fevereiro, na cidade de Punxsutawney, na Pensilvânia, cobrindo o “Dia da Marmota”, uma festa tradicional onde as pessoas assistem a uma marmota determinar se o inverno terminará mais cedo naquele ano ou se perdurará por mais algumas semanas. Completamente insatisfeito com o trabalho ao qual havia sido designado, Phil mal via a hora de voltar para casa, mas não tinha ideia de que passaria mais tempo na cidade do que imaginava.

Trailer legendado do filme “Feitiço do Tempo” (“Groundhog Day”, 1993)

Feitiço do Tempo (Groundhog Day, dir. Harold Ramis, 1993) mostrava Phil tentando se adaptar à convivência na cidade, após tentar lutar contra o misterioso evento que o prendia à ela, fazendo com que revivesse o Dia da Marmota inúmeras vezes. Lá, Phil, outrora extremamente arrogante e presunçoso, tem a oportunidade de aproveitar a sua vida de forma desenfreada, conhecer melhor a si mesmo e as pessoas do seu convívio, chegando até a se apaixonar por sua colega de trabalho, Rita (Andie MacDowell), procurando diversas formas de conquistá-la todos os dias.

Cena do filme “A Morte Te Dá Parabéns” (“Happy Death Day”, 2017) (Foto: Divulgação/Universal Pictures)

24 anos depois, quem está presa em um mesmo dia é a colegial Tree Gelbman (Jessica Rothe), mas sua situação é bem pior que a de Phil: Tree está presa no dia do seu aniversário, uma data que detesta, e que também é, ainda por cima, o dia em que é morta por um assassino mascarado.

Após uma festa em que bebeu demais, Tree acorda na cama de Carter (Israel Broussard), de ressaca. Arrogante e com um enorme senso de superioridade, Tree deixa o quarto do garoto após uma pequena e grosseira troca de palavras, pedindo para que ele finja que aquilo nunca aconteceu. Durante o dia, Tree dá mais demonstrações de que é uma pessoa difícil de lidar: é desprezível com suas colegas de fraternidade, inclusive a sua colega de quarto, Lori Spengler (Ruby Modine), que a preparou um cupcake de surpresa pelo seu aniversário e que Tree descarta no lixo sem a menor cerimônia; e com seu professor, Dr. Gregory Butler (Charles Aitken), com quem mantém um caso. Além disso, a menina evita completamente as tentativas de contato do pai, que liga insistentemente para a filha o dia todo e, quando encontra Carter mais uma vez no campus, esculacha o menino que só queria devolver a pulseira que Tree havia esquecido em seu quarto. Quando é assassinada, a caminho de outra festa naquela noite, a lista de suspeitos é gigante, considerando que Tree não era legal com ninguém.

Cena do filme “A Morte Te Dá Parabéns” (“Happy Death Day”, 2017) (Foto: Divulgação/Universal Pictures)

Ao acordar para o mesmo dia que havia acabado de viver, Tree começa a achar que está vivendo um grande déjà vu — até ser assassinada mais uma vez. Desesperada e mesmo sem entender muita coisa, Tree explica o que está acontecendo a Carter e pede para que a ajude a evitar que acabe morta permanentemente. Carter, então, traça um plano com Tree para descobrir quem é seu assassino. Nesse meio tempo, a garota começa a se acostumar com a situação e passa a se aproveitar dela, vivendo sua vida no limite. Não só isso, Tree, assim como Phil em Feitiço do Tempo, tem a oportunidade de rever suas atitudes e se tornar uma pessoa melhor.

Seguindo a marola de produções do gênero comédia-terror, encabeçada pelo lançamento, no começo do mês passado, de Pequeno Demônio (Little Evil, dir. Eli Craig, 2017), filme original da Netflix que conta a história de Gary (Adam Scott), que se casa com Samantha (Evangeline Lilly), uma mãe solteira e a mulher dos seus sonhos, e tenta se aproximar do seu enteado, um garoto estranho do qual Gary desconfia ser o Anticristo; A Morte Te Dá Parabéns (Happy Death Day, dir. Christopher Landon, 2017), filme da produtora Blumhouse Productions, que tem em seu acervo os filmes Corra! (Get Out, dir. Jordan Peele, 2017), Uma Noite de Crime (The Purge, dir. James DeMonaco, 2013) e A Entidade (Sinister, dir. Scott Derrickson, 2012), é muito mais uma comédia do que um filme de terror. No entanto, tanto a comédia quanto o suspense são bem trabalhados para que um não se sobressaia mais que o outro — e tudo funciona muito bem, obrigado, com piadas e sustos intercalados na medida certa.

Tree (Jessica Rothe) e Carter (Israel Broussard) em cena do filme “A Morte Te Dá Parabéns” (“Happy Death Day”, 2017) (Foto: Divulgação/Universal Pictures)

O filme não é condescendente e, aos poucos, vai acrescentando elementos na história de Tree, mostrando como ela chegou até aquele momento da sua vida, porque se tornou a pessoa ranzinza que é, além de dar dicas que ajudam a desvendar quem é o assassino por trás da máscara, deixando para que o espectador monte o panorama do filme por si só.

Também muito comparado aos filmes da série Pânico (Scream, 1996–2011), de Wes Craven, as semelhanças, na realidade, são bem poucas: há o assassino mascarado, o tom cômico e é só. As comparações, assim como o trailer focado no suspense, podem levar os que esperam um grande filme slasher a se decepcionarem; se dará melhor aquele que é mais familiarizado com Feitiço do Tempo e não tem nada contra comédias-terror. O diretor, Christopher Landon, é responsável por outro filme do gênero, o divertido Como Sobreviver a um Ataque Zumbi (Scouts Guide to the Zombie Apocalypse), de 2015, onde escoteiros tentam salvar o mundo de um apocalipse zumbi.

Trailer do filme “A Morte Te Dá Parabéns” (“Happy Death Day”, 2017)

O filme estreou no Brasil no último dia 12, véspera de sexta-feira 13, quando estreou nos Estados Unidos, e, por lá, arrebatou, aproximadamente, US$ 26 milhões em seu primeiro fim de semana, desbancando Blade Runner 2049 (dir. Denis Villeneuve, 2017), continuação do clássico de 1982, do primeiro lugar das bilheterias. O filme custou apenas US$ 4,8 milhões para ser produzido.

Para quem ainda não estiver satisfeito, no mesmo dia, a Netflix lançou mais uma de suas produções originais, outra comédia-terror: em A Babá (The Babysitter, 2017), Cole (Judah Lewis) é apaixonado por Bee (Samara Weaving), sua babá, até descobrir que ela sacrifica humanos e pratica rituais em adoração ao Diabo. O filme tem direção de McG, de As Panteras (Charlie’s Angels, 2000) e As Panteras: Detonando (Charlie’s Angels: Full Throttle, 2003), e o elenco ainda conta com Bella Thorne (do recente Amityville: O Despertar), Robbie Amell (das séries The Tomorrow People e The Flash) e Hana Mae Lee (de A Escolha Perfeita e A Escolha Perfeita 2).

Trailer legendado de “A Babá” (“The Babysitter”, 2017)

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Henrique Nascimento

Falo de cinema, de séries, de memes, da vida e, às vezes, falo um pouco sério.