Impressões — MONSTA X [One Of A Kind]

Dan
6 min readJun 5, 2021

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O MONSTA X é um dos boygroups mais proeminentes da terceira geração do kpop. Debutado em 2015, consolidou uma identidade forte embasada em sons eletrônicos intensos, ritmos agitados e uma postura que moderniza os “beast idols” da segunda geração — idols que traziam uma atitude forte, máscula e carregada de sensualidade. Desde “FANTASIA X”, álbum do começo de 2020, o grupo vem refinando esse estilo e apresentando tanto familiaridade aos fãs de longa data (chamados “monbebe”) quanto novidades.

Fazendo seu comeback no dia 1 de junho de 2021 com o mini-album “One Of A Kind”, o grupo composto pelos dançarinos Shownu e Hyungwon, os vocalistas Kihyun e Minhyuk e os rappers Joohoney e I.M. (que já recebeu um review de seu solo aqui!) nos mostra um trabalho que ao mesmo tempo que é mais tranquilo se comparado com a agressividade presente nos anteriores também está mais seguro de si. Através de suas sete músicas, os vemos já um tanto desapegados de algumas fórmulas que criaram para si mesmos, uma vez que adquiriram a certeza de qual é sua própria marca. Além dos membros terem participação em todas as composições, vemos aqui o MONSTA X começando a trazer mais peso em outras influências além da EDM e do hip-hop.

Faixa-a-faixa:

  • “GAMBLER”: title-track do mini-album, já o abrindo com muitas surpresas e mostrando as novas influências do MONSTA X. Após uma rápida introdução de Joohoney nos convidando a apostar, temos uma forte batida marcada por um baixo acompanhada de vocais muito marcantes de Minhyuk e Hyungwon (que costumavam a ter poucas linhas em titles até os trabalhos do ano passado) juntos de alguns adlibs dos rappers, contrastando a voz mais brilhante do primeiro com a sussurrante do segundo. Logo depois, outra surpresa — os raps de I.M. e vocais de Kihyun vem acompanhados de um riff de guitarra que lembra muito o de Walk This Way (clássica música do Run-D.M.C. com o Aerosmith). O riff logo se junta ao baixo e os sintetizadores que tanto marcam o MONSTA X ressurgem; porém, tudo isso compõe um instrumental mais limpo do que estamos acostumados nas titles deles. Em um drop muito interessante focado no baixo e sintetizadores, mais uma surpresa — Joohoney nos entrega uma nota alta, mostrando que ainda vai nos impressionar mais e mais com habilidades vocais além do rap. Carregada da sensualidade do grupo, a faixa nos coloca em um novo patamar do que esperar deles.
  • “Heaven”: uma faixa mais calma, com uma introdução instrumental lembrando bossa nova, jazz e toques de lo-fi. Logo surgem sintetizadores e um vocal alto de Shownu, mantendo o ritmo suave enquanto adiciona força à música. Os trechos mais calmos ficaram por conta dos rappers, que fizeram declamações limpas. Um dos maiores destaques nessa faixa fica com a distribuição de linhas, muito bem equilibrada entre todos os seis membros, gerando um vocal estável e agradável entrecortado apenas pelas duas declamações em rap. Monbebes atentos devem ter notado que I.M. fez uma referência à sua mixtape em seus versos, usando a expressão “happy to die” (nome de uma das suas músicas).
  • “Addicted”: é comum que os álbuns do MONSTA X tenham ao menos uma música mais dramática, e aqui esse espaço é ocupado por esta faixa. Batidas pesadas e graves de trap se unem à acordes românticos para compor uma narrativa sobre relações tóxicas e obsessivas. Com pré-refrões de sonoridade grandiosa contrastando com a letra repleta de perigo, os vocais de Joohoney, Minhyuk e Hyungwon novamente tiveram destaque. Provavelmente será a favorita entre fãs que gostam mais do lado melódico do MONSTA X.
  • “Secrets”: mais uma surpresa no álbum, uma faixa totalmente em inglês. O MONSTA X já possui um EP completamente nesse idioma, que confesso sentir falta nele de mais dessa “identidade de MONSTA X” que temos nos lançamentos coreanos; porém não foi o caso nessa faixa, que possui participação de Hyungwon, Joohoney e I.M. em toda sua produção. Embora sua principal base seja eletrônica (refletindo bem as preferências de Hyungwon, que também possui trabalhos como DJ), é outra música suave e repleta de pianos e saxofones lembrando R&B e jazz. O saxofone começa discreto no fundo do refrão, e vai se tornando mais acentuado até virar o principal som no encerramento da música.
  • “BEBE”: escrita totalmente por Hyungwon, essa música já foi confirmada por ele como algo que o nome já sugere — uma carta de amor aos fãs. O instrumental é muito suave e segue nas mesmas misturas rítmicas das faixas anteriores, deixando espaço para os vocais brilharem e que o foco seja em sua letra. O resultado foi envolvente, usando de uma listagem dos dias da semana cantados no mesmo tom que outras linhas do refrão para que todo monbebe possa sentir a dedicação do MONSTA X e receber a gratidão do grupo. Com certeza muito carinho foi colocado na música, tornando todo um momento muito especial para todos os fãs. Muito obrigado, Hyungwon e MONSTA X!
  • “Rotate”: escrita e produzida por I.M., a faixa traz a sensualidade de sua mixtape agora também para o MONSTA X. O grupo não teve medo de trabalhar o tema abertamente, com linhas como “I like to make dirty” (algo como “eu gosto com safadeza”) e o próprio I.M. mencionando como gosta de “trocar posições” e “rotacionar”. Os vocais de Minhyuk ficaram impressionantes nessa música e combinaram muito com o tom, começando melodiosos e ascendendo durante os versos e cheios de distorções no refrão. Houve um trabalho elaborado de I.M. na parte instrumental deixando a música cheia de camadas de som e ritmos, a tornando mais agitada que as outras B-sides até agora mas ainda com uma suavidade que resulta em um clima muito convidativo. Não podemos deixar de destacar que nos versos de Joohoney há uma referência à sua mixtape de 2020, “PSYCHE”.
  • “Livin’ It Up — Korean Version”: a faixa final do mini-album é uma versão coreana para um single lançado previamente em japonês; por causa disso, destoa das outras. Aqui temos o estilo totalmente EDM que mais tipicamente se associa com o MONSTA X, repleto de efeitos sonoros de sirenes. Embora haja um contraste grande entre essa música e as outras do EP, se ouvirmos com atenção notamos que as batidas eletrônicas no decorrer dele — especialmente em “GAMBLER” — são bem parecidas com as dela, variando mais no tempo. Se trata de uma música intensa de festa, nos lembrando da energia pelo qual o MONSTA X é tão conhecido.

Assim como no nome da faixa-título, podemos dizer que estamos vendo o MONSTA X fazer uma aposta. Embora as sonoridades que estão trazendo sejam familiares aos fãs de kpop e estejam bem presentes na indústria, são novidade ao MONSTA X e ainda não tínhamos uma noção de como ficariam em relação a eles. Embora a aposta não tenha sido tão alta ou arriscada, ela trouxe um retorno muito grande — conhecemos uma nova faceta do grupo através dela e o vemos amadurecido, se entregando à música e aos fãs cada vez mais. Ao mesmo tempo que se expandem e começam a ir além, existe um cuidado para manter toda a linguagem e o carisma que os marcou nesses seis anos de carreira.

É muito bom também notar como os trabalhos individuais dos membros estão influenciando o MONSTA X como um todo. Espaços individuais são explorados, mas em algum momento isso é trazido e absorvido também pelo MONSTA X — como podemos ver bem nos trabalhos escritos e produzidos pelo Hyungwon e pelo I.M. Isso nos deixa querendo ver mais de cada um dos membros, e ansiosos para ver como toda essa produção vai se retroalimentar.

Minha faixa favorita no mini-album foi “Rotate”, com suas muitas camadas de som e os vocais incríveis de Minhyuk; mas “GAMBLER” chega bem perto, com seus riffs de “Walk This Way”. Seria demais os ver em um futuro comeback usando ainda mais do rock! Não deixem de contar quais foram as suas favoritas, o que você gostaria de ver o MONSTA X explorar no futuro e claro, os apoiar muito!

Assista ao MV de GAMBLER” |Ouça o álbum no Spotify

[Escrito originalmente em 04.06.2021]

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Dan

Um fã que kpop querendo compartilhar com outros o que anda ouvindo