Impressões - ATEEZ [ZERO:FEVER Part 2]

Dan
5 min readMar 16, 2021

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No dia 1 de março de 2021 o ATEEZ (boygroup de oito membros, sendo eles os rappers Hongjoong e Mingi e os vocalistas Seonghwa, Yunho, Yeosang, San, Wooyoung, e Jongho; Hongjoong frequentemente também assume o papel de compositor) fez seu comeback com a aguardada continuação de seu atual projeto, Zero:Fever. O EP conta com sete faixas, sendo uma delas uma versão em inglês de uma das B-sides e outra um remix da title track, “Fireworks (I’m The One)” (불놀이야). Partindo de seu debut em 2018 até o início de 2020 o ATEEZ conduzia um conceito baseado em piratas e na busca de um tesouro, sendo marcante o quanto o tema se refletia tanto na sonoridade quanto em letras; podíamos encontrar de instrumentais que lembravam filmes do gênero até versos sobre a jornada de um navio. Atualmente, eles consolidam seu espaço para além dos “meninos piratas” e mostram uma identidade amadurecida, com suas marcas musicais muito claras.

Este review foca nas primeiras impressões obtidas escutando o álbum, ainda sem buscar as letras (com exceção da versão em inglês de “Take Me Home”) e as compreender em sua totalidade (meu coreano infelizmente ainda não me permite pegar tudo logo de primeira). Referências latinas que os acompanham especialmente nas titles desde “Answer” continuam presentes aqui, porém agora o trap também faz uma presença forte — ainda mais que em Zero:Fever Part 1. O ATEEZ se impõe com intensidade, declamando sua presença de forma muito ruidosa e celebrativa; mas ainda dedicando espaço a nos mostrar algumas de suas outras facetas. Embora o rapper Mingi esteja afastado dos palcos devido a questões de saúde, podemos ouvir sua voz por todo o álbum, matando um pouco da saudade dos fãs (chamados de “ATINY” pelo grupo).

Vamos a um faixa-a-faixa:

  • “Fireworks (I’m The One)” (불놀이야): a faixa-título mantém o nome “Fogos de Artifício” tanto em inglês quanto em coreano. É mais dramática e um tanto mais sombria que as outras titles do ATEEZ até agora, embora construa um refrão muito empolgante e festivo, cheio de onomatopeias. Percebemos logo de cara a influência do trap nos vocais gritados com bastante autotune da introdução, entregues por Seonghwa, Yunho e Yeosang, que logo são cortados por vozes suaves de San, Jongho e Wooyoung. O ritmo latino surge junto do refrão, que cresce dentro de si mesmo. Uma title que te deixa animado para mais, com muita variação de ritmo. Entrega o ATEEZ que conhecemos, enquanto também nos mostra que estão indo além.
  • “The Leaders” (선도부): o título coreano significa algo como “papel principal”, “papel de destaque”, como em uma peça teatral. É a faixa onde o ATEEZ abraça fortemente o trap, com uma batida grave e caótica entrecortada por piano, adlibs e vozes repletas de efeitos. Somos surpreendidos por raps de Seonghwa e Wooyoung, mostrando a versatilidade dos membros, e também por versos sussurrados por Hongjoong. Uma distrack seguindo a mesma linha de “To The Beat” do álbum anterior, trazendo ainda mais agressividade.
  • “Time of Love”: o lado romântico do ATEEZ. Uma música alegre, nos entrega um amor carregado da energia celebrativa dos meninos. Embora ela diminua um pouco o nosso ritmo depois de duas faixas muito intensas, mantém-se o clima alegre. Remete muito aos trabalhos da era Treasure, especialmente One to All. Talvez, por isso, a música me soe bastante como um single de verão, mesmo tão fora de época.Tenho uma associação grande desse tipo de single com o ATEEZ.
  • “Take Me Home”: seguindo uma tendência atual em grupos de kpop, o ATEEZ vem com uma música de ritmo dançante, repleta de referências ao pop estadunidense dos anos 80. Pela versão em inglês, sabemos que se trata de uma música sobre solidão, sentimento destacado na vocal-line. Os versos de rap e partes das pontes diminuem um pouco a batida oitentista e colocam influências de hip-hop e da música eletrônica atual. A faixa conclui com um solo de saxofone, algo que talvez tenha sido um clichê demasiado para soar oitentista.
  • “Celebrate”: essa foi a minha maior surpresa com o álbum, definitivamente! Sabemos que o kpop sempre vai longe e absorve sonoridades variadas em si, e aqui temos uma referência grande aos corais do gospel afro-estadunidense (como aqueles destacados no filme “Mudança de Hábito”). Hongjoong abre a música nos falando em inglês sobre construir um bom momento juntos, provavelmente se dirigindo aos fãs, acompanhado de uma base de piano que segue por toda música. Efeitos sonoros com adlibs de corais surgem em alguns momentos. Embora o ritmo seja mais suave mesmo nos versos de rap, o clima alegre e de união dos artistas com o público encerra muito bem o EP.

Assim, temos um EP que consolida ainda mais a identidade do ATEEZ. Um boygroup festivo e agitado, porém sem medo de colocar o dedo na cara de eventuais haters. Conseguem manter muito da sonoridade que os lançou em Treasure, ao mesmo tempo que crescem além e nos mostram que podem e poderão muito mais. Fica uma pequena reclamação que senti o EP um tanto curto, com apenas cinco músicas (excetuando a versão em inglês e o remix) variando entre 2:50 minutos e 3:40 e um ritmo mais acelerado. Existe ainda uma certa chance das vozes autotunadas vindas da influência de trap se tornarem algo ultrapassado, caso o gênero decaia; embora isso tenha sido contornado , intercalando com versos mais vocais.

Embora a minha surpresa com “Celebrate”, minha música favorita no EP foi “The Leaders”. Gosto demais das músicas mais intensas e foi bom demais ver tantos membros mandando ver nos raps. Não deixe de contar qual foi a sua!

Assista ao MV de “Fireworks (I’m the One)” | Ouça o álbum no Spotify

[Escrito originalmente em 05.03.2021, e revisado por Gi Toyomi]

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Dan

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