Terrorismo Nutricional

Hugo Vilhena
2 min readFeb 7, 2017

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A visão extremista e hiperbólica da Nutrição

O Terrorismo (Alimentar e) Nutricional gera uma relação complicada com os alimentos e nos distancia da nossa própria alimentação

Uma das consequências da ideologia do Nutricionismo é o Terrorismo Nutricional, termo bastante disseminado e, infelizmente, uma das formas como a nutrição tem sido associada ultimamente. Eu não sei se o termo Terrorismo Nutricional é o mais adequado, até porque o terror não se restringe a questões estritamente nutricionais, mas abrange também os alimentos e a dimensão alimentar. Acho que seria mais apropriado, então, o chamarmos de Terrorismo Alimentar e Nutricional

O problema desse Terrorismo é que o foco está em um determinado nutriente ou um alimento, e ele é apontado como o causador das complicações desencadeadas por uma alimentação inadequada (bem típico do Nutricionismo). Mas, além disso, a situação ainda piora porque o nutriente ou alimento que recebe o papel de “vilão” vão se modificando, nem é preciso citar quem já foi “vilão” nessa história toda e quais são os da vez… E o resultado desse maniqueísmo alimentar e nutricional é uma relação complicada e confusa com a própria alimentação, podendo ainda ser permeada de culpa e desencadear modismos e restrições alimentares.

Precisamos, então, procurar deixar de lado todo esse Terrorismo e disseminar um discurso mais positivo em torno dos benefícios de uma alimentação adequada como um todo, sem focar em alimentos ou nutrientes específicos e sem dicotomias (“saudável” x “não saudável”; “bom” x “ruim”), mas sim abordando todos os componentes do ato de comer: para quem, o que, quanto, quando, onde, como, com quem e por que comer. Além disso, precisamos, enquanto nutricionistas, buscar a melhor adequação entre a alimentação e o sujeito de forma que todas as dimensões da alimentação estejam de acordo com as características e peculiaridades do sujeito e não apenas a parte biológica.

Uma crítica que vi em algumas palestras e cursos que pude participar, e até mesmo em alguns artigos, com relação à formação dos nutricionistas, é o enfoque grande no aspecto biológico. Eu acho essa crítica bastante pertinente e penso que erramos muito ao enxergarmos a alimentação somente sob essa ótica, bem como ao considerarmos o ser humano como apenas um sujeito biológico. Talvez, então, precisamos fazer uma nutrição mais humanizada, considerando o indivíduo de forma holística, assim como o ambiente no qual ele está inserido, além de buscar (re)aproximá-lo da sua própria alimentação promovendo, assim, o seu empoderamento e maior autoeficácia.

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