Por que os modelos de negócio HSaaS vão ficar cada vez mais populares no mundo

Igor Marinelli
3 min readMar 28, 2020

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HSaaS (Hardware and Software as a Service): Isso não é um modelo de negócios trivial. Termo ainda pouco difundido no meio de VCs — venture capitalists, esta nova forma de resolver problemas une o que tem de melhor nos dois mundos: software e hardware, e por hardware, entenda o mesmo que IoT (internet das coisas), dispositivos físicos que coletam dados, com longa duração de bateria e alta escalabilidade. É a representação do fim de uma era de tecnologias proprietárias em eletrônica, protocolos inacessíveis e a venda de licenças de software para integração com sistemas legados. Este modelo é a ligação perfeita entre o que eu preciso medir no mundo físico e a experiência que o mundo digital proporciona.

A disrupção que está prestes a acontecer nesse mercado é a mesma que aconteceu no mercado de pagamentos há 5 anos atrás. Majoritariamente dominado por pessoas que trabalharam longas carreiras em telecomunicação, acostumados no estilo "business old school" e sabotage, levaram uma verdadeira sova das startups (a.k.a. Pagarme / Stone / Hash) que não pediram licença nem desculpa para chegar com os dois pés no peito e revolucionar a forma de resolver o problema do usuário — valeu Thiago Arnese pela referência.

Não precisa ter bola de cristal para saber que o mesmo vai acontecer em breve.

Algumas grandes inovações não surgiram criando-se uma nova tecnologia, mas criando-se uma nova forma.

Pensem nas seguintes diferenças: Correios vs Loggi — continua utilizando os mesmos entregadores, mas com uma abordagem para com o cliente totalmente fora da curva. Taxi vs Uber, mesmo meio de locomoção, focado na experiência do usuário. Bancos Tradicionais vs Nubank, fornece as mesmas funcionalidades que os outros bancos, de uma maneira a colocar o usuário no topo dessa cadeia, tanto que o time de customer service do Nubank é do mesmo tamanho que o time de engenharia.

Essa é uma das razões do porque é tão difícil fazer previsões sobre internet das coisas. Todo mundo sabe que vai ser grande. E ninguém tem a menor ideia, em minha opinião, do quão grande será. Estamos no meio de uma indústria tão promissora quanto a criação da internet, mas milhares de pessoas estão tentando te vender um modem e poucas realmente entendendo que problema você tem e como te oferecer uma "ferramenta de pesquisa integrada" que resolva seu problema.

O HSaaS surge como resposta para finalmente atingir esse mercado, focado no problema e centrado no usuário. Ao invés de forçar meu usuário a adquirir um sensor caríssimo + uma licença de um software para análise de dados, forneço um serviço recorrente que simplesmente resolve o problema que ele possui. Não só o usuário geralmente não tem ideia do que ele precisa, as Steve Jobs always say, como está mais interessado na forma que você resolverá o seu problema e não no "o quê". Uma das frases que meu pai sempre me dizia: "Não importa se é pato ou pata, eu quero o OVO".

Eu quero o OVO!

No lado das startups, a.k.a. TRACTIAN, botar esse ovo não é tarefa fácil, mas é possível. Deve-se equilibrar uma balança de 25% foco em hardware e 75% software, para que consiga oferecer ambos como um mesmo serviço. O hardware é a ponta que permite atingir o mercado e o software é o secret sauce do quão rápido se consegue priorizar as informações relevantes e quão eficaz é o mecanismo de ciência de dados que gera os insights ao meu usuário.

Provavelmente você, usuário de Android, sabe exatamente quantos cores o processador do seu celular possui. Você que usa iPhone, já não liga para isso. Ele simplesmente funciona. Nós queremos coisas que simplesmente funcionam.

HSaaS simplesmente funciona. Às startups que também tomaram essa "red pill" e estão prestes a entrar nessa ride, o meu mais sincero bem-vindo, parafraseando Florian Hagenbuch: não existe transformação sem medo, resistência e apego. “Sempre tem uma tempestade antes da bonança”.

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