Eu tava lá

Igor Mariano
3 min readSep 14, 2018

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Eu tava lá quando não aguentava mais andar, mas não tinha nenhuma outra opção.

Eu tava lá quando desabei de chorar em um aeroporto no meio da Ásia.

E de novo na Oceania.

E de novo e de novo.

E chorei sem motivo, um derramar libertino e espontâneo que cresceu tanto que escapou.

E chorei também com motivo, quando tudo que me era estrangeiro desaguou dentro de mim com a beleza insuportável da felicidade.

Eu estava lá. Só eu.

Quando não dormi uma noite inteira, ou várias. E quando foi a febre que não me deixou pegar no sono também. Onde mais eu poderia estar?

Quando fui enganado, iludido, despejado, expulso, empurrado e pisado.

Eu estava diante da grandeza de vários oceanos e da pequenez de um dólar que me passaram a perna.

Eu estava quando achei que não seria possível continuar estando. E continuei.

Sozinho.

Quando tive certeza de que eu era imparável e do mesmo modo quando não conseguia sair do lugar.

E estava lá quando me perguntei porque estava fazendo isso comigo. Quando me questionei se estar ali ainda me fazia feliz. Quando senti falta da minha cama. Quando senti falta de você.

Mas continuava fazendo sentido.

Apesar do vôo que não decolou. Do café que derramaram na minha mochila. Do dinheiro que faltou. Das portas que bateram na minha cara.

Em todos esses momentos pouco fotogênicos que não vão parar no LCD do seu smartphone, ah, eu tava lá.

E fui do êxtase ao abismo tantas vezes que um emoji de montanha-russa exprime melhor a ideia do que várias letras pretas em fundo branco.

Porque os altos e baixos são puro movimento e eu não consigo evitar.

Sempre lembro do Vaca quando estou no meio de um looping. Ou da rua de casa. Ou do tapete da sala. E sonho com a Índia em Singapura. Sinto falta de Hong Kong em Sydney. E roda e roda e roda em um ciclo infinitamente igual.

Mas aí que tá.

Eu estava lá quando não tive dúvidas de que era isso que eu queria pra sempre. E quando vi o pôr-do-sol de várias bússolas. Quando a alegria e a mágica me subiram à garganta. Quando escuto um novo som ou provo um novo sabor pela primeira vez. Quando percebo que essa deve ter sido e de fato foi a melhor experiência da minha vida.

E não me arrependo de nada, porque eu estava lá, onde eu devia estar.

No mundo.

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Igor Mariano

Brasileiro, gestor de marketing, apaixonado por viagens, café, cerveja, livros e tudo que nos distrai • www.instagram.com/igor_mariano