Síndrome do Impostor e a Superioridade Ilusória: duas faces da mesma moeda

Igor Drudi
5 min readMay 29, 2017

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Não se preocupe quando não for reconhecido, mas se esforce para ser digno de reconhecimento. Abraham Lincoln

Estudamos, corremos atras, fazemos acontecer, em meio a sorrisos e suor … e também stress e ansiedade, vivemos nossas vidas.

Mas as vezes pode bater aquela sensação: caraca, será que não sou sortudo demais? Tanto bambambam nas timelines da vida que as vezes até parece que não somos tão bons, e que as nossas conquistas são meras casualidades promovidas por termos pessoas que gostam de nós, o ambiente que estamos foi propicio, por sermos “gente boa” e tantos outros motivos. Tudo foi pura serendipidade.

O objetivo desse artigo não é um relato ou mesmo um texto de auto-ajuda, mas uma reflexão sobre esses momentos estranhos e bizarros (avaliação de quando não se está sob o seu efeito…) que podem surgir.

Pois isso é conhecido como , um fenômeno psicológico que reflete a crença de que você é um fracasso, que é inadequado ou incompetente, apesar das evidências indicarem que você é qualificado e bem-sucedido no que se propõem a fazer. Foi lendo este artigo na FastCo que conheci um pouco mais do tema e a autora Valerie Young.

Especialista no tema, a autora apresenta alguns perfis ou comportamentos que muitas vezes experienciam essa sensação de fraude:

  1. O Perfeccionista: por terem expectativas muito altas sobre e o mundo
  2. A Supergirl / O Superman: os compulsivos pelo volume de trabalho, que se sentem responsáveis em fazer mais e mais
  3. O Gênio natural: como os perfeccionistas, o desafio aqui são as altas expectativas
  4. O Individualista: independente demais para pedir ajuda ou trabalhar de forma colaborativa.
  5. O Expert: super especializado e competente, uma referencia em determinado campo

O complexo de herói solitário, com orientação para ordem, controle, imparcialidade e sempre com o paradigma de entregar a “obra-prima”, somado a baixa tolerância ao risco (pois a falha não gera aprendizado, gera punição) e o fanatismo workaholic. Fomos educados dessa forma, o ambiente de trabalho tradicional condiciona a este modelo e as figuras públicas inspiram para que vocês siga essas referencias.

E tem remédio? Estudos apontam que 70% das pessoas sentem isso em algum momento e de alguma forma. E não somente na carreira. Pais, mães, amigos, maridos e esposas, quem nunca? Lendo outro artigo na mesma FastCo, algumas dicas simples são propostas para respirar fundo e reavaliar melhor as coisas nesse momento:

  • Reconhecer que existe a Síndrome.
  • Quando você receber feedback positivo, acredite e internalize-o. Ao negá-lo, você está resignificando o julgamento dessa pessoa.
  • Não atribua seus sucessos à sorte.
  • Não fale sobre suas habilidades ou sucessos com palavras como “meramente”, “apenas”, “simplesmente”, etc.
  • Mantenha um diário. Escrever seus sucessos e fracassos nos dá uma visão retrospectiva sobre estes, e reler nos faz lembrar igualmente ambos.
  • Reconheça que performance perfeita não existe, e que os problemas aparecerão eventualmente. Tome-os como pequenos incêndios sob você que fazem você avançar.
  • Tenha orgulho de ser humilde.
  • Lembre-se que é bom procurar ajuda de outros, e que mesmo os melhores fazem isso.

Basicamente, equalizar as expectativas sobre o que “eu sei” e o “oque eu acho que os outros sabem”. Na Síndrome do Impostor, tendemos a supervalorizar o outro e subestimar a si próprio.

Paralelamente, indo da água para o vinho, existem sentimentos extramente opostos ao sentidos durante a Síndrome do Impostor. Você ou alguém realmente está um desastre ou falhando em algo, ou cria uma imagem, uma aura, de que é super bom nesse ponto que deixa a desejar. Acredita tanto que é bom (quando não chega ao extremo de achar que é o “melhor”) que usa para comparar-se com aqueles que realmente são. Isso é também psicológico (ou até mesmo patológico) e é conhecido como Superioridade Ilusória ou Efeito Dunning-Kruger.

O vídeo abaixo ajuda a contextualizar melhor, é do excelente Malcolm Gladwell, mote do seu Livro Davi e Golias que trata das vantagens das desvantagens e as desvantagens das vantagens, muito, vale a pena. Golias pode não ter sido o maioral e nem Davi o coitadinho que surpreendeu.

No mesmo exercício de equalizar as expectativas sobre o que “eu sei” e o “oque eu acho que os outros sabem”, no Efeito Dunning-Kruger tendemos a supervalorizar a si próprio e subestimar os outros. E de forma crítica e muitas vezes mentirosa. pessoas ignorantes que acreditam ser mais inteligentes ou melhores do que aquelas que realmente são.

E como não cair essa armadilha? O mesmo exercício sugerido pela FastCo para evitar a Síndrome do Impostor, porém sugiro os devidos ajustes:

  • Reconhecer que existe a Superioridade Ilusória;
  • Quando você receber feedback negativo, acredite e reflita;
  • Não atribua seus erros à má sorte; não fale sobre seus erros com palavras como “por azar”, “devido o fulano”, “ninguém imaginária”, etc;
  • Mantenha um diário; Reconheça que performance perfeita não existe.
  • Tenha orgulho de ser humilde.
  • Lembre-se que é bom procurar ajuda de outros, e que mesmo os melhores fazem isso.

Em ambos os casos, qualquer um dos nós pode ser acometido e muitas vezes não perceber. Já fui ambos. Ora Davi, ora Golias. Quanto mais se estuda, mais experiencias se adquire do mundo, percebe-se que o “só sei que nada sei” de Sócrates para nos colocar a fagulha da curiosidade e da humildade sempre alerta, mas também que o mundo é daqueles fazem acontecer e não dormem no ponto, sabem o seu valor no mundo, exercitando o a auto confiança e o respeito próprio.

As práticas colaborativas e que envolvam a criatividade são exercícios incríveis para o auto desenvolvimento, auxiliando o exercício de empatia e alteridade.

Uma grande abraço e até mais!!

Igor Drudi

https://www.igordrudi.com.br/

Originally published at https://www.linkedin.com on May 29, 2017.

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Igor Drudi

Designer e consultor apaixonado por inovação e a capacidade da criatividade mudar paradigmas, desenvolvendo projetos de impacto centrados em pessoas.