Quem é Greta Thunberg? Tudo o que você precisa saber

O que a Greta Defende?

Igor Pereira
9 min readApr 26, 2021

A ativista Greta Thunberg é uma adolescente sueca de 16 anos, que se tornou a voz por trás dos protestos do movimento “Sextas Pelo Futuro”. Ela é a líder em defesa do meio ambiente e tem sido amplamente celebrada pela mídia internacional por sua luta pela preservação do clima.

O mundo precisa de pessoas mais corajosas como Greta Thunberg, que foi capaz de desafiar representantes conservadores controversos, como Jair Bolsonaro e Donald Trump.

A ativista nasceu em 3 de janeiro de 2003, filha da cantora de ópera Malena Ernman e do ator Svante Thunberg, ganhou reconhecimento internacional, consolidando a sua biografia, quando desafiou os líderes mundiais a tomar medidas imediatas contra as mudanças climáticas e o efeito estufa.

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Qual o objetivo da Greta Thunberg?

O objetivo principal do movimento contra as mudanças climáticas, liderado por Greta Thunberg, é incentivar os representantes políticos a reduzirem os gases causadores do aquecimento global até 2030.

No ano de 2018, a ativista deu início à greve climática nas escolas, todas as sextas-feiras, e os seus discursos públicos se tornaram internacionalmente reconhecidos pelos ativistas do clima. A sua popularidade explodiu nas redes sociais, com estratégias que envolviam discursos na ONU, rapidamente disseminados no YouTube.

Greta Thunberg estava na nona série na época e iniciou o seu ativismo em agosto do mesmo ano, quando exigiu que o parlamento sueco reduzisse as emissões de carbono para cumprir as determinações do Acordo de Paris.

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Do Parlamento da Suécia à Pessoa do Ano

Por protestar apaixonadamente contra essa injustiça por três semanas fora de Riksdag, todos os dias durante o horário da escola, usando cartazes como Skolstrejk för Klimatet (“Greve Escolar pelo Clima”), que atraiu muita atenção devido à sua eficácia — a ativista Greta passou a não ser mais ignorada pelos políticos, que ainda estavam debatendo, sozinhos, sobre como eles queriam que as demandas sobre o clima fossem atendidas. Mal sabiam que aquela pequena criança se tornaria, em breve, a pessoa do ano.

Os esforços dela foram poderosos e a levaram a se tornar uma estrela das redes sociais. A ativista Greta inspirou outros alunos em todo o mundo, liderando-os em greves na escola, sempre às sextas-feiras. O conteúdo de cada discurso atraiu cada vez mais a atenção do público e logo outros estudantes se juntaram às suas demonstrações no parlamento da Suécia, até tomar tomar a Europa e o mundo.

Greta continuou fazendo greves da escola sozinha, como porta-voz do movimento, enquanto também organizava manifestações sobre o clima em grande parte da Europa, com discursos de alto impacto, que resultaram em um número crescente de seguidores no Facebook e no Twitter: as pessoas admiravam a rapidez com que ela se tornou uma ativista internacional tão jovem e ainda na escola!

Ela fez alguns dos discursos mais memoráveis ​​da história recente, em conferências e reuniões ao lado de líderes mundiais, para falar sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global.

Em 2018, ela fez um discurso antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP24) com sua mensagem ressoando além das fronteiras para pessoas de todas as idades, que estão preocupadas com esse problema, bem como para quem deseja que as instituições em todo o mundo assumam a responsabilidade de enfrentar as mudanças climáticas juntos.

Todo este impacto global, de greve e engajamento de jovens do mundo inteiro, culminou na sua eleição como pessoa do ano, em 2019, pela Revista Time.

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A Ativista Greta contra Donald Trump e Jair Bolsonaro

Ela agora se tornou o rosto de um movimento global. O que começou como uma greve escolar pela mudança climática em frente ao parlamento sueco, rapidamente se espalhou pela Europa e depois para outras partes do mundo.

Greta se reuniu com representantes mundiais e falou em eventos da Assembleia Geral da ONU, aumentando a conscientização sobre a urgência da mudança climática, ao faltar às aulas da escola às sextas-feiras, para protestar em frente ao parlamento sueco em Estocolmo. O Papa Francisco agradeceu por tudo o que ela fez.

Em 2020, no Fórum Econômico de Davos, Greta Thunberg arrematou que nada foi feito pelo clima, que os líderes mundiais nada fizeram para reduzir as emissões de CO2. Ela quer que a voz dos jovens e da ciência tenham mais peso nas discussões sobre proteção climática, colaborando para que o capitalismo dos conservadores entrasse em crise.

Quando o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tweetou “pare a contagem!”, Greta Thunberg, então com 17 anos, retribuiu uma zombaria feita pelo norte-americano no passado.

Nas palavras dela: “Tão ridículo, Donald deve trabalhar em seu problema de controle da raiva” e passou a oferecer uma alternativa para o que ele deveria fazer a seguir, que seria assistir um bom filme antiquado com os amigos. “Acalme-se, cara.”, ela arrematou.

Em abril de 2021, Greta confrontou Jair Bolsonaro, dizendo que ele não leva a questão climática a sério, aprovando um corte de 24% no orçamento ambiental neste ano, em relação ao nível do ano anterior. Ele fez isso um dia após se comprometer a aumentar os gastos para combater o desmatamento.

Greta Thunberg na Anistia Internacional

Em 2019, aos 16 anos, Greta ganhou o Prêmio Embaixador da Consciência de 2019, na Anistia Internacional. A ONG disse que ela demonstrou uma liderança única e coragem para defender os direitos humanos.

O prêmio foi entregue pelo secretário-geral da Anistia Internacional Kumi Naidoo, que foi também um jovem ativista durante o regime do apartheid na África do Sul. Greta recebeu o prêmio em Washington, DC, após viajar de barco até os EUA.

Síndrome de Asperger como Superpoder

A estudante era muito quieta e isolada na infância. Sofreu bullying. E, de repente, o movimento que ela iniciou “saiu do controle” e ela se tornou uma das pessoas mais famosas do mundo.

Quando tinha 11 anos, Thunberg foi diagnosticada com Síndrome de Asperger. Ela descobriu que, embora seu diagnóstico a limitasse em alguns aspectos, ela não acreditava que o autismo fosse uma doença e, em vez disso, o via como um superpoder. “Eu tenho Síndrome de Asperger, o que significa que às vezes sou diferente do normal”, disse Thunberg. “Mas, dadas as circunstâncias certas — ser diferente é um superpoder!” Em uma entrevista ao New York Times, ela disse que ser autista é dizer as coisas como elas são.

O Orgulho Autista e a Neurodiversidade como Direito Humano

Hoje em dia, Greta acha que o autismo é uma dádiva, fortalecendo o movimento do #orgulhoautista. Ela disse: “Em quase todos os lugares, há recursos muito limitados para dar às pessoas autistas o suporte necessário. Sem esses ajustes, o autismo pode se transformar em uma deficiência.”

Mas, nas circunstâncias certas, pode realmente ser um presente e se transformar em algo que você — e a sociedade — pode se beneficiar. (…) O autismo não é uma doença. Não é algo que você “tem”. Definitivamente não é “causado” por nada como vacina ou dieta. Significa simplesmente que você é um pouco diferente de todas as outras pessoas.”

Greta está no caminho certo. Hoje, médicas como Catherine Crompton já pesquisam que o autismo não tem, necessariamente, relação com deficiência de comunicação (aliás, como dizer isso após Greta?). Autismo envolve uma comunicação e uma interação diferenciada, conglobando uma inteligência específica diferente da maioria.

Greta Thunberg, o Meio Ambiente e as Mudanças Climáticas

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A ativista sueca Greta Thunberg recebeu muitos prêmios de prestígio por seu trabalho. Em 2019, ela recebeu o Prêmio Frit Ord, Prêmio Rachel Carson, Prêmio Embaixador da Consciência e foi nomeada Pessoa do Ano da TIME, entre outros.

Ela se recusou a aceitar o prêmio do Conselho Ambiental Nórdico, em 2020, como um protesto contra a falta de ação dos políticos sobre as mudanças climáticas. Ela também possui um diploma honorário da University Mons Belgium.

A estudante também escreveu os livros: “Ninguém é pequeno demais para fazer a diferença” e “Nossa casa está pegando fogo”. Nas horas vagas, ela gosta de fazer quebra-cabeças, assistir a muitos documentários, ler muito e estar com os seus cachorros.

Do Parlamento Sueco ao Prêmio Nobel da Paz

A ativista Greta foi indicada duas vezes para ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Os parlamentares suecos Jens Holm e Håkan Svenneling escreveram na carta ao comitê responsável pela indicação dos vencedores:

“Greta Thunberg é uma ativista climática, e a principal razão pela qual ela merece o Prêmio Nobel da Paz é que, apesar da tenra idade, ela trabalhou duro para fazer os políticos abrirem os olhos para a crise climática.”

O Prêmio Nobel ainda não chegou para ela, mas ninguém tem dúvidas que essa vitória é uma questão de tempo.

A Crise Climática é uma Crise Social

Thunberg sustenta que a crise climática é uma crise social. As pessoas mais vulneráveis são aquelas que são mais afetadas.

Ela diz que a crise climática é “sobre o tempo e a quantidade de CO2 acumulado na atmosfera e sobre o que fazemos agora. Não devemos nos concentrar em cenários vagos e hipotéticos no futuro, mas sim no que precisa ser feito agora. Mas precisamos tratá-la como uma crise — e se isso parecer vago, dê uma olhada na pandemia do coronavírus. Tratamos isso como uma crise? Sim. Isso mostra que a mídia é capaz de tratar algo como uma crise e mudar sua forma de operar.”

O Efeito Greta Thunberg

Em fevereiro de 2020, o ente regulador de mídia do Reino Unido, Ofcom, reconheceu a influência da ativista Greta nos jovens de todo o mundo como “O Efeito Greta Thunberg”. Isso levou a um maior ativismo online entre os jovens em 2019.

Em comparação com os anos anteriores — de acordo com o Ofcom — quase um quinto dos jovens nas redes sociais, com idades entre 12 e 15 anos, as usam para expressar o seu apoio a causas / organizações ambientais, políticas ou de caridade online.

Greta Thunberg e o COVID-19

A ativista têm relacionado a crise do COVID-19 com as questões climáticas. Na sua lógica, as crises biológicas e climáticas são crises sociais, que eclodiram pela inércia dos lideres mundiais de fazerem o que precisa ser feito.

Recentemente, ela disse no Facebook que cerca de 1 em cada 4 pessoas em países de alta renda receberam a vacina COVID-19, em comparação a apenas 1 em mais de 500 países de baixa renda. Na crise biológica, o problema é maior onde há mais pobreza.

A fundação da estudante doou € 100.000 para apoiar a COVAX e garantir uma distribuição global mais justa da vacina COVID-19.

Há esperança para o mundo?

Greta Thunberg acredita que as pessoas estão subestimando o poder delas e o da democracia de colocar pressão sobre as pessoas no poder.

As alterações climáticas são uma emergência, os jovens e as pessoas, em geral, precisam descobrir a sua força de produzir esperança na política e salvar o clima.

Em seu discurso no COP-25, da ONU, em Madrid (2019), Greta disse que há esperança, mas ela não vem dos governos e corporações:

“Vem do povo. As pessoas, que estavam inconscientes, mas que agora estão começando a acordar. E quando tomamos consciência, mudamos. As pessoas podem mudar. As pessoas estão prontas para a mudança. E essa é a esperança, porque temos democracia e a democracia está acontecendo o tempo todo, não apenas no dia das eleições, mas a cada segundo e a cada hora. É a opinião pública que administra o mundo livre.”

Quem é Greta Thunberg? E o que ela representa?

Em uma entrevista sobre o meio ambiente ao “The Big Issue”, a ativista disse:

“Vemos a crise climática como algo que nos atingirá no futuro. E, claro, vai. Mas esquecemos que inúmeras pessoas já estão sofrendo e morrendo por suas consequências hoje. Portanto, a crise climática já está nos atingindo.

Não seremos capazes de evitar todas as consequências disso — isso já é tarde demais — mas nunca é tarde demais para fazer o máximo que pudermos. Cada fração de grau é importante e ainda temos tempo para evitar as piores consequências. ”

Ela se tornou uma pessoa que muitos jovens aspiram a ser e já é parte da história do século XXI.

Quem é Greta Thunberg?! É a nossa campeã do clima. A ativista criou um novo modo de fazer política com esperança, desenvolvendo-o em cada discurso de proteção da natureza.

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Igor Pereira

Doutor e Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Estuda Master of Laws na Universidade da Califórnia — Berkeley.