Por trás da consciência há Sol

Igor Teo
2 min readMay 12, 2021

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O grande problema da ciência moderna é explicar a consciência. Sabemos que somos conscientes, podemos perceber e sentir as coisas. Mas por que? O que nos faz saber que sabemos?

Podemos explicar a consciência através de uma série de mecanismos biológicos, físicos e químicos. Podemos esquadrinhar o cérebro e suas infindáveis conexões com o corpo e o mundo. Mas toda ciência atual pode apenas nos dizer como temos consciência, e não o que é a consciência.

Poderia a consciência falar da própria consciência? Se a consciência é o meio pelo qual vemos o mundo, como veria ela a si mesma? Por exemplo, olho é o instrumento pelo qual vemos o mundo, mas, ao vermos o mundo, não vemos o olho. O olho precisa ser esquecido para admitirmos que enxergamos algo.

A consciência é meio, e não fim. Para ver a si mesma necessitaria um tipo de espelho. Porém, o que veríamos já seria um reflexo, um objeto, possivelmente distorcido pelo próprio olhar. Este é o grande paradoxo da consciência, da mente cognitiva que conhece o mundo. Ela conhece as coisas enquanto objeto, e para conhecer a si mesma deveria tratar-se como objeto. Mas a consciência não é objeto, nem pode ser reduzida a um sem enganos.

Nos Upanishads, um dos livros sagrados do hinduísmo, os sábios védicos se fizeram a mesma pergunta. Como podemos conhecer o conhecedor? Vejam como a questão não é recente. Então responderam: o espírito é o fogo, a consciência é a luz.

Para que haja consciência, algo deve manifestá-la. A consciência é efeito de superfície. Mas do que? Do cérebro? Do corpo? Também, mas do espírito que arde.

A alma é manifestação do ar, do sopro, da anima. O espírito é manifestação do fogo, do que arde, da pulsão. Portanto, a consciência só pode ser consequência da pulsão, a metafísica de Freud. Podemos conhecer a pulsão tanto quanto o espírito, somente por seus efeitos, as nossas paixões.

Quando os antigos diziam que cada um carrega uma chama interior, um fragmento do Sol dentro de si, estavam dizendo que a vida é energia. O espírito (e a espiritualidade) é a consciência desta energia.

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