O RUIDO COMO UM ELEMENTO MUSICAL: A Contribição de Luigi Russolo e Francesco Balilla Pratella

Iheringguedes
4 min readMar 5, 2024

Luigi Russolo e Francesco Balilla Pratella emergiram como figuras centrais na vanguarda musical do início do século XX, impulsionando o movimento futurista com fervor e criatividade. Inovações que se deram em dois planos: teórico e prático.

No plano teórico por meio dos Manifestos Musicais Futuristas:

“During the years 1911–12 the two Futurist musicians, Francesco Balilla Pratella and Luigi Russolo, published their radical manifestos, gave many concerts, and invented a number of new instruments that are spiritual ancestors to the very latest synthesizers. Today Pratella and Russolo are largely forgotten; a few journal articles, an occasional passing reference, is all they have received from scholarship. They deserve better. In .their own time their experiments were no less an affront to contemporary sensibility than Le Sacre du printemps, and until their efforts are recognized and evaluated we cannot say we have an adequate picture of the early twentieth century or understand how deep are the roots of some of our contemporary artistic expression” [PAYTON, 1976:25]

Luigi Russolo e o autor da “A Arte dos Ruídos” (1913): Um marco na história da música, no qual proclamou a emancipação do ruído da esfera musical tradicional, reconhecendo-o como um material criativo legítimo.

Francesco Balilla Pratella por sua vez contribuiu para o movimento futurista com seus escritos teóricos e composições inovadoras. Ele é o autor do Manifesto “Música Futurista” (1910) no qual defendia a ruptura com as convenções musicais do passado, abrindo caminho para a experimentação e a liberdade criativa, o qual deve desdobramentos em outros manifestos:.

“Il manifesto dei musicisti futuristi was quickly followed by manifesto technico della musica futurista, on March 11, 1911, a by La distruzione della quadratura on July 18, 1912. These thre works form the backbone of Futurist musical polemic and h very much the flavor of the other Futurist manifestos, in particula those signed by the painters connected with the movement.23 This unanimity is probably due to the iron editorial fist of Marinetti, wh maintained considerable control over the polemics of the mo ment.24 […] 3 These manifestos are all available in English. For a selection, see Michael Kirby, Futurist Performance (New York, 1971). For complete texts of the musical manifestos, see Rodney J. Payton, “The Futurist Musicians] PAYTON, 1976:32]

Por outro lado, no plano prático a atuação de Luigi Russolo e Francesco Balilla Pratella deu-se través da exploração inovadora do ruído como elemento musical, por meio do abriram caminho para novas estéticas e técnicas que continuam a influenciar a música contemporânea.

No caso de Luigi Russolo, ele não somente criou instrumentos futuristas que produziam uma variedade de sons ruidosos, expandindo significativamente a paleta sonora da música. Ele construiu vários Intonarumori , cada um com características sonoras únicas, como o Ruggitore, o Romboide e o Crissitatore, por meio dos quais a) expandiu a paleta sonora, ampliando as possibilidades expressivas da música, permitindo a criação de texturas sonoras inéditas e impactantes. A invenção de Russolo influenciou profundamente compositores subsequentes, inspirando o desenvolvimento da música concreta, eletroacústica e experimental. Ele também compôs uma série de obras musicais, entre as quais se destacam como “Risveglio di una Città” e “Perforazione di Eliche” nas quais demonstrou sua aplicação prática do ruído, criando paisagens sonoras dinâmicas e evocativas.

Enquanto que Francesco Balilla Pratella compôs obras musicais, a exemplo de “Musica Futurista per Orchestra” e “Balilla, Sinfonia Futurista”, nas quais exemplificam sua exploração de timbres dissonantes e ritmos complexos, alinhados com os princípios futuristas.

Resumindo: Russolo e Pratella deixaram um legado duradouro na música contemporânea, por meio das suas defesas dos ruídos como elemento musical e a criação do Intonarumori abriram caminho para novas estéticas e técnicas que continuam a ser exploradas por artistas e compositores até hoje. Ou seja, avanguarda futurista, impulsionada por sua criatividade e ousadia, contribuiu significativamente para a diversificação e a evolução da linguagem musical.

REFERÊNCIAS

ARTUT, Selçuk Hüseyin. Futurism art and its significance to computational generative art. 2018.

D’ANTONI, Claudio A. Il futurismo musicale secondo Francesco Balilla Pratella. Il futurismo musicale secondo Francesco Balilla Pratella, p. 1000–1014, 2007.

EGAN, Kelly Fawn Weiss. “The Projector’s Noises: A Media Archaeology Of Cinema Through The Projector. PhD Diss, Trent University, 2013.

PAYTON, Rodney Johns. 1974 The futurist musicians: Francesco Balilla Pratella and Luigi Russolo. 1974. Tese de Doutorado. The University of Chicago.

PAYTON, Rodney J. 1976 The music of futurism: concerts and polemics. The Musical Quarterly, v. 62, n. 1, p. 25–45, 1976

STEFANOU , Danae., Music, Noise and Silence in the Late Cinema of Jean-Luc Godard IN COOKE, Meryin & FORD, Fiona, eds. 2017 The Cambridge Companion to Film Music. Cambridge University Press

Tacco Movie Talks, Eric Rohmer — Re-Exploring French New Wave Cinema IN https://www.youtube.com/watch?v=uTdIIs2_aUU

THORN, Benjamin. Francesco Balilla Pratella (1880–1955). Music of the twentieth-century avant-garde: a biocritical sourcebook, p. 380, 2002.

VENN, Edward. rethinking russolo. Tempo, v. 64, n. 251, p. 8–16, 2010.

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