Eclipses: Metáforas sobre a História

Instituto Solare
6 min readJul 5, 2020

--

Eclipses são, antes ou depois de tudo: belas metáforas sobre a História e como essa mesma se constrói.

No dia 5 de Julho tivemos o encerramento de uma temporada, tão profunda e vasta como a última temporada de Dark (Netflix), e hoje eu vou te contar um pouco sobre essa pira necessária.

O termo Eclipse, vem do grego: ekleipo, que significa ‘abandonar’, deixar para trás. E mesmo longe do que isso representava para os nossos ancestrais mais antigos e supersticiosos, a estrada que pegamos durante um período eclíptico deve valer como um ensinamento para toda a vida, para todo o ano.

Este mero evento no céu, nos guia para experiências em que todos estamos, mesmo que não tenhamos tomado consciência direta sobre isso ainda, os telespectadores (todos vivos nessa terra) se inspiram na história que ele conta.

Por exemplo, a experiência dos eclipses que ocorreram em Câncer e Capricórnio nos últimos 1 ano e meio nos leva ao resgate da sincronicidade que NÓS atribuímos significado, no caso desses 2 zodiacais: um resgate de consequências, negligências emocionais e materiais em relação aos padrões do passado que ainda nos compõem.

Ilustração presente no documentário, dividido em 5 Episódios dirigidos por Luiz Bolognesi

O documentário que mais indico para fazer analogias astrológicas ao tema brasileiro Câncer-Capricórnio é o compacto “Guerras do Brasil — DOC” (Netflix) lançado no dia 19 de Abril de 2019.

Relembrando a minha interpretação

Já escrevi aqui mesmo no Medium (em Jul/2019) que ao analisar relação dos Eclipses com esses 2 signos, era possível interpretar algumas situações chaves como:

o medo e o abuso da hierarquia; governança pública; do senso de autoridade e principalmente da estratégia social batendo em nossa porta quando pensamos a nível sócio-cultural do estudo astrológico.

Disse também que Câncer e Capricórnio nos informam sobre ‘A FORMAÇÃO DA PESSOA’ e priorizando Câncer, teríamos que cuidar do lado mulher-anciã-interno do mundo, aflorando nossa conexão ancestral, refazendo a visão de futuro com um pouco mais de pertencimento e inclusão, olhando para a palavra ‘CUIDADO’ bombar nas publicidades do mundo comercial.

E por fim, avistei que as pautas que eu não conseguia parar de enxergar relação com esses Eclipses:

A conversa aberta sobre colonialismo e povos nativos (que obviamente inclui raça) sendo Cancer a raíz e o retorno, o reparo, e Capricórnio a estratégia colonial materialista de “sucesso” e economia para uma cidadania ou um país.

Feminismo e Patriarcado; Constituições e Regras Sociais em oposição as Leis Humanas (Espirituais) entre outras.

Voltando a falar de momentos eclípticos

Na dificuldade de absorver tanta transformação num momento sem luz, eclipsado, podem se evidenciar as flutuações que vivemos emocionalmente/internamente pois Câncer gera essa percepção.

As emoções e a falta de apoio que suprimimos em nosso cotidiano, passam a se tornar mais evidentes e assim, as consequências da expressão ou não-expressão das mesmas passam a ser nosso problema evidenciado pelo o efeito de luz e sombra do Eclipse Lunar.

“O que aconteceu, que eu nem vi como reagi daquela forma? Quem foi que apagou a luz da estrada?” Em tese, foi o eclipse, mas na verdade, fomos nós mesmos ao não perceber a densidade e a conexão do nosso presente com o que foi estruturado ou restringido no passado. Como indivíduos? Sim, mas também como coletivo.

Se estamos perdidos, como recordar qual era o rumo inicial? Talvez seja um momento de humildemente procurar um mapa ou assumir que não saberemos nunca qual o passo dar para que a vida “dê certo”, mas sim para que os problemas que nos afetam não sejam sempre os mesmos, de ano a ano, geração a geração. Digo isso, pois quero que se lembrem, que os signos trabalhados em momentos eclípticos, são os signos dos nossos erros e também dos nossos acertos.

Precisamos falar sobre datas e especificar os períodos em que atravessam o significado do Eclipse de 5 de Julho, para absorver melhor a síntese atemporal disso tudo pra nossa Odisseia Terrestre.

Deixa eu te explicar a lógica do astrologuês?

  • O Nodo Lunar Sul estava em Capricórnio desde 7 de Novembro de 2018, e seu par oposto, o Nodo Lunar Norte estava em Câncer desde essa data também.

Nesse tempo eles incentivaram (figurativamente) resgates entre esses 2 signos, só que dando uma ênfase maior para mensagem de Câncer, tentando controlar os excessos de Capricórnio. Eles saíram desses signos só em 5 de Maio deste ano, porém, mesmo que já tenham partido para outros ensinamentos (Gêmeos e Sagitário) ainda deixaram marcado seu último ato para 5 de Julho de 2020.

E se você acha que é coisa da Astrologia ficar conectando um ano com o outro, não considerou ainda que os Eclipses são eventos astronômicos datados, e na própria Astronomia existem séries de estudos sobre os anos que conectam Eclipses diferentes de um mesmo Ciclo.

Só olhar no Wikipédia, nos sites que mapeiam os Eclipses pelo mundo, isso se chama Série Saros (tema ja abordado em aulas e textos do Instituto). Existe uma importância mais do que técnica de compreender a qual Série Saros um eclipse está vinculado, assim podemos visualizar ‘por cima’ a duração de desenvolvimentos DE ANOS que chegam a um novo desfecho a casa 18,6 anos. Existem Série Saros para Eclipses Lunares e também para Solares

Portanto, baseado no arquétipo do 10º signo zodiacal, as qualidades que deveríamos REVER em nosso funcionamento (como indivíduo e coletivo) nesse período são:

  • as certezas e estratégias de controle da construção do futuro;
  • a fórmula de adquirir segurança social e estabilidade financeira;
  • a receita do Bolo em que nos colocamos sempre que nos espelhamos na trajetória “que deu certo”, no “case de sucesso” para atingir visibilidade ou poder público;
  • o afastamento da noção de ‘responsabilidade coletiva e social’
  • o tal abuso da hierarquia;

Para entender a experiência individual: É só olhar as casas onde Câncer e Capricórnio estão no seu mapa, e também as possíveis relações com planetas nesses signos e nos signos de Áries e Libra também.

Como estamos tratando de 1 Eclipse Lunar fechando todo esse ciclo de vários Eclipses no período de 1 ano e meio, devemos abandonar nossas negligências emocionais e abrir um terreno fértil para cuidar e acolher, uns aos outros mas principalmente as memórias e problemáticas que não tínhamos ‘tempo’ para acessar, é a fase de abandonar o ideal-ultrapassado de comparação que conservamos (Saturno) desde tempos remotos e continuamos tentando aplicar em nossa vida atual.

Mas é claro que como somos plurais, todo esse ensinamento também tinha (e teve) a chance de não se expressar bem naquelas pessoas que não se permitem observar os problemas que ajudam a construir paro mundo e para si, do comportamento autocentrado material e capitalista, deixando um pouquinho de lado os desejos para o ‘futuro’ baseado na experiência individual.

Por quê nos perguntamos quando vamos voltar a normalidade? Essa normalidade já existiu? Por quê normalizamos a barbárie? A história precisa parar de se repetir de maneira velada.

No nosso mundo, quais consequências da não transformação do comportamento autocentrado? Vejamos nos próximos capítulos se há a chance dessa história ter seu enredo transformado e melhorado.

Texto de Kyalene Mesquita, Astróloga, Professora e Fund. do Instituto Solare

--

--

Instituto Solare

Escola de Astrologia Humanista - Fund. em 2016 por Kyalene Mesquita