Quem foi que apagou a Luz?

Instituto Solare
4 min readJul 15, 2019

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Astrologia bem pensada em tempos de Eclipse.

Relacionar-se consigo mesmo em estado obrigatório não é fácil e não é claro. Mesmo que seja estranho nos comparar aos corpos celestes, Sol e Lua, relacionar-se consigo mesmo nesse estado escuro e nebuloso mental e emocional, é quase o mesmo tipo de sofrimento que enxergamos na Lua, quando a mesma parece — do nosso limitado e geocêntrico ponto de vista — estar eclipsada pelo Sol.

O termo Eclipse, vem do grego: ekleipo, que significa ‘abandonar’, deixar para trás. E mesmo longe do que isso representava para os nossos ancestrais mais antigos e supersticiosos, a estrada que pegamos durante um período eclíptico deve valer como um ensinamento para toda a vida, para todo o ano.

16 de Julho de 2019, um Eclipse Lunar fecha o ‘festival dos eclipses’ do meio deste ano, iniciado em 2 de Julho. Este evento no céu, nos guia até uma estrada em que todos estamos, mesmo que não nos percebamos unidos no mesmo barco. A estrada leva até o resgate de consequências e mutações emocionais em relação aos padrões do passado, e nós somos os trabalhadores que irão restaurar esta estrada.

O que são mutações emocionais? Termo redundante, já que as emoções nunca são fixas e nem conseguem ser possuídas, entretanto é uma forma de evidenciar as flutuações que vivemos durante um período eclíptico lunar. As emoções que já são inseridas em nosso cotidiano, passam a se tornar mais evidentes e assim, as consequências da expressão ou não-expressão das mesmas passam a ser nosso problema diário.

“O que aconteceu, que eu nem vi como reagi daquela forma? Quem foi que apagou a luz da estrada?” Em tese, foi o eclipse, mas na verdade, fomos nós mesmos ao não estarmos íntegros da sombra e da luz existente em cada pensamento e atividade que temos em relação ao Todo.

Se nos perdemos no rumo inicial, talvez seja um momento de humildemente procurar um mapa ou assumir que não saberemos nunca qual o passo dar para que a vida “dê certo”. Digo isso, pois quero que se lembrem, que os signos trabalhados em momentos eclípticos, são os signos dos nossos erros e também dos nossos acertos.

‘Signo’ dá significado, nomeia, esclarece a relação entre uma situação e uma análise da mesma. Este Eclipse do dia 16 acontece em conjunção ao Nodo Sul, nodo representante das faculdades emocionais e instintivas com que já estamos habituados, o caminho mais fácil de saída daquilo que sentimos ou desejamos. O que acontece, é que geralmente essas faculdades habituais inconscientes geram inércia do comportamento habitual, a ponto de definhar virtudes e habilidades que ainda precisam ser desenvolvidos.

Capricórnio, mais do que uma constelação zodiacal e muito mais do que um signo para chamar de “seu” ao justificar algum tipo de comportamento — como em colunas de horoscopos mal feitos/intencionados — é um símbolo de comportamento social, material e universal.

Portanto, baseado no arquétipo do décimo signo zodiacal, as qualidades que devemos rever em nosso funcionamento emocional são as que nos levam a ter certeza ou controle de um certo plano para o futuro, devemos rever a forma de adquirir segurança social, perceber a receita do Bolo em que nos colocamos sempre que nos espelhamos na trajetória “que deu certo”, no “case de sucesso” para atingir visibilidade ou poder público.

Você já se viu sendo conservador em relação a algum tipo de relacionamento íntimo, seja com alguém do lado de fora do seu corpo, ou consigo mesmo?

Conservador é aquele que escolhe conservar, guardar, cuidar de algo de forma rígida e estruturada, para que aquilo não se perca e nem se desfaça. Como estamos tratando de um Eclipse Lunar, devemos abandonar algum modo conservador de reagir emocionalmente, ou algum pensamento e ideal que conservamos desde tempos remotos e continuamos tentando aplicar em nossa vida atual.

Neste signo há também o peso da procrastinação, que leva o medo e a frustração de mãos dadas, acrescentando a função emocional Lunar: deve ser de grande ajuda examinar sentimentos negligenciados, palavras e conversas não processadas, que se mostrarão bastante úteis para a estratégia da ascensão profissional e vocacional dos próximos tempos. Isso vale para muitas pessoas.

Mas pode não valer para aquelas pessoas que não se permitem observar os problemas, para aquelas que não conseguem ouvir suas mentes esperniando como crianças birrentas diante da responsabilidade de acolher essa parte vulnerável e mutável em primeiro lugar, deixando um pouquinho de lado os desejos que o “Eu” — mente e comportamento autocentrado, baseado na experiência individual — tinha para si. Essas são as consequências das mutações emocionais que um Eclipse lunar pode trazer.

O medo e o abuso da hierarquia, da governança pública, do senso de autoridade, e principalmente da estratégia social pode bater em nossa porta, quando pensamos neste Eclipse a nível sócio-cultural. Uma das ferramentas que temos para lidar com esse medo é a Consciência e a Clareza do Sol, que durante este eclipse do dia 16, ainda passa pelo signo de Câncer — signo oposto a Capricórnio — nos fazendo acolher o jeito antigo de ser feliz: cuidando do lado Mulher do mundo, aflorando nossa conexão ancestral, refazendo a visão de futuro com um pouco mais de pertencimento e inclusão.

Pautas que acredito estarem relacionadas aos Eclipses de 2019 que ocorrem nestes signos:

  • A conversa aberta sobre colonialismo e povos nativos, sendo Cancer a raíz e o retorno, e Capricórnio a estratégia colonial materialista de “sucesso” para uma cidadania ou um país.
  • Feminismo e Patriarcado; Constituições e Regras Sociais em oposição as Leis Humanas (Espirituais) entre outras.

Sem muitos rituais para um Eclipse como este, parto do princípio que um Eclipse traz a sombra a tona, o abandono revela a rejeição a algo, algo que um dia foi parte do que somos mas que hoje já não produz mais neste lugar. O maior ato de resistencia ritualística é abrir a mente e silenciar a opinião do passado conservado, para a manifestação de um futuro mais acolhedor, feminino, inclusivo e principalmente saudável para as nossas emoções.

Kyalene Mesquita, Praticante do Dharma, Astróloga Humanista e Fundadora do Instituto Solare.

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Escola de Astrologia Humanista - Fund. em 2016 por Kyalene Mesquita