Colégio Estadual Albino Feijó: ocupado
Entre 10 h e 10h30min, o Colégio Estadual Albino Feijó Sanches foi ocupado. Essa foi/é a primeira escola ocupada em Londrina-PR. No estado já são 40, de acordo com a última atualização da página da UPE (União Paranaense dos Estudantes).
O colégio foi ocupado sem problemas; a maioria dos professores e alunos compreendeu e apoiou o movimento (assim como os pais dos estudantes), mas havia dois professores no local, eles se diziam de ‘línguas’, que conversavam sobre um projeto e disseram desconhecer o “porquê da ocupação e as reinvindicação dos alunos”. Os alunos são, basicamente, contrários à Medida Provisória (MP) 76, que trata da “reforma” do Ensino Médio, e a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241, que limita as despesas do governo de Michel Temer (PMDB) à variação do índice oficial de inflação (IPCA) aferida no ano anterior (conhecida também por “congelamento” dos gastos).
Segundo o presidente do Grêmio Estudantil do Colégio ocupado, Leonardo Assis de Oliveira, a maior dificuldade é com relação às chaves da cozinha e da sala onde ficam os aparelhos de educação física (ambas não foram deixadas pela direção); além disso, os estudantes do período noturno não são favoráveis à ocupação.
Ele, assim como vários outros estudantes, acha que é necessário ocupar a escola e brigar por uma melhor educação. Leonardo apoia a proposição de Ensino Integral, mas não concorda com ela ser para “todos” (deveria ser opcional, segundo ele).
Os estudantes disseram que várias assembleias aconteceram e vão continuar acontecendo e que tudo está sendo votado pelos participantes. Outros grêmios estudantis participaram (e participam) da ocupação. É possível ver alunos do Colégio Estadual Maria José Balzanelo Aguilera e da Escola Estadual Professora Vani Ruiz Viessi, por exemplo.
O Albino Feijó conta com cerca de 1400 alunos e possui Ensino Médio Regular e Técnico (com áreas como Meio Ambiente, Química e Enfermagem) nos turnos da manhã, tarde e noite. Para uma melhor organização de todo o processo, os alunos criaram comissões (Alimentação, Limpeza, Segurança, Comunicação e Cultura) e um líder foi definido para cada uma delas — depois os outros escolhem uma ou duas para participarem e ajudarem no que for preciso. Quem explicou isso foi Giovana (Diretora de Imprensa); ela também disse que todos estão ajudando no colégio.
A diretora de imprensa e Ana Gabriele Hernandes Arruba são algumas das pessoas que estão conversando com a imprensa tradicional (eles não deixaram veículos como a RPC e Tarobá entrarem e fazerem imagens de dentro do colégio , pois, segundo eles, esses veículos são “sensacionalistas”. Enquanto falávamos com os alunos, Rafaela Freitas, também do movimento estudantil, explicava alguns cuidados a serem tomados no trato com a imprensa, a fim de garantir que suas palavras não sejam distorcidas).
Ana Gabriele disse que participou do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB) e passou uma semana em Brasília. Seu projeto (os estudantes propõem um e são selecionados para passar um tempo na capital) foi sobre questões de gênero — como é importante debate-las e, com isso, reduzir o número de mortes e agressões e fazer com que as pessoas sejam mais tolerantes. Ela disse que agora entende que o trabalho dos deputados não é fácil e perdeu um pouco da imagem de que política é uma coisa ruim.
A inciativa das ocupações é totalmente dos alunos, assim como a organização. Eles contam apenas com o apoio dos pais, a maioria dos professores e a comunidade (principalmente na questão da alimentação e de como serão feitas as pernoites — disponibilização de colchonetes, por exemplo, já que há alguns, mas sujos), além de outros grêmios. Eles disseram não ter tido problemas ainda e que, inclusive, a Polícia Militar foi ao colégio e disse apoiar os jovens.
O presidente do Grêmio Estudantil do Colégio MJ Aguilera, Matheus Henrique, do 3º ano, por exemplo, estava presente e diz que sempre foi influenciado e apoiado por sua família, que levava várias dessas discussões para dentro de casa, seus irmãos são formados em Jornalismo e Ciências Sociais na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e seus pais em Ciências Sociais e Engenharia Elétrica.
Enquanto eram feitas as entrevistas e as imagens, os jovens tocavam violão, cantavam, conversavam e se organizavam para a próxima assembleia do dia. Segundo Leonardo, nos próximos dias haverá aulas e atividades para os estudantes.
Guilherme Bernardi.