10 semanas de gravidez

Quando me perguntam como eu to, as minhas respostas normalmente são alguma variação de humor ("to bem", "to mal", "to esquisita", "sei lá", "to indo") seguido de “é uma montanha russa né”.

Eu sei que engravidar tem de tudo, cada gravidez é uma gravidez e cada mulher é uma mulher. Mas posso afirmar que a minha parece a montanha russa mais radical do Six Flags.

Tem dias em que tudo o que eu coloco na boca eu vomito. Tem dias que eu me sinto absolutamente plena, conectada comigo mesma e com o universo, parece que eu transcendi. Tem dias que eu não consigo produzir nada no trabalho e me sinto obrigada a deitar por vinte minutos no horário de almoço (um salve ao home office que me permite fazer isso no sofá da minha própria casa). Normalmente nesses dias eu acordo uma hora e meia depois parecendo que um caminhão passou por cima de mim. Tem dias que eu vou na academia e parece que fiz mais do que eu fazia antes da gravidez. Esses que começam ótimos, normalmente terminam comigo destruída à noite sem forças pra tomar banho. E tem os dias que é tudo isso aí junto e misturado, no repeat non-stop.

O tragicômico é que muitas vezes parece que eu esqueço esse mix de sentimentos (gravidez também dá aminésia), aí quando eu to plena, a vontade é de berrar para o mundo como é maravilhoso engravidar. Nesses dias eu também sinto pena dos meros mortais que nunca vão passar por essa experiência. Mas logo chega a noite e eu não consigo dormir com dor nas costas (sim, desde 9 semanas), ou acordar de cansaço, ou comer de enjôo. E eu sinto máximo respeito por quem não quer engravidar ou ter filhos. E juro por tudo que nunca vou glamorizar a gravidez e me sinto grata e acolhida por todos os relatos reais que li e escutei até agora.

Parece que a vida virou uma roleta russa diária dos hormônios e eu nunca sei qual vai bater mais forte no dia. É choro, é sorriso, é gratidão e raiva. É preguiça, cansaço, dor de cabeça e desejo de comer açaí. É medo e alegria, loucura e beleza.

Gravidez é a gente criando vida, e é claro que vivê-la não seria diferente de viver.