#4 Como percebi que ninguém precisa de um cargo pra exercer liderança. E gestão de pessoas é outra história também.

Janaína Pereira
13 min readFeb 27, 2021

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Como já escreveu Jorge Ben e foi eternizado por Originais do Samba: "Falador passa mal, rapaz. Falador passa mal."

Fonte: https://meunegocio.uol.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/06/lider-1440458071393_600x320.jpg Descrição de imagem: duas cabeças humanas desenhadas com fundo verde e preenchidas totalmente de preto. Estão uma de frente pra outra. Na cabeça da pessoa da esquerda, há um emaranhado de fio de cor creme que sai pela boca até entrar na boca da outra pessoa. Nessa outra mente, o fio já está enrolado num formato uniforme.

Chegamos ao texto número quatro! Que emoção! 🤩 Agradeço mais uma vez a oportunidade de dividir com você mais um capítulo dessa série de artigos sobre VUI Design e a minha trajetória profissional de quase 10 anos. 😬 O registro desse caminho começou com esse post, então, a escrita daqui em diante leva em consideração o que já foi dito nas outras três publicações. Caso já tenha passado por elas, vem que esse relato não tem taaaaanta dica técnica assim...😌

💬 🔑 palavras-chaves: #treinamento #suporte #empatia #escutaativa #melhorquevocê #contratação #autogestão #liderança #autoconhecimento #desespero #erros #aprendizados #mediaçãodeconflitos

"Vocês acham que a gente consegue seguir sem a pessoa que começou o departamento de VUI da empresa?"

Descrição de conteúdo: quadrinho da Turma da Mônica com 3 personagens: Floquinho, um cachorro de porte médio, verde e bem cheio de pêlos, na parte superior central; Cebola, pai do Cebolinha usando short azul claro, tênis e meia de cor branca e blusa polo branca, do lado esquerdo inferior; e Cascão, blusa amarela e short vermelho com suspensório, do lado direito inferior. Os três estão com os olhos arregalados, boca aberta, língua pra fora, e os dois personagens humanos de braços abertos, mostrando que estão andando confusos e sem rumo.

Me lembro muito bem do impacto que essa pergunta do diretor causou quando ele teve que anunciar para o time a saída do nosso mentor, o gênio James Giangola. E de como, durante o discurso, o olhar dele buscava apoio nas pessoas com mais tempo de casa e que mais têm trânsito no dia-a-dia do time — eu e mais um profissional. Meu diretor enxergava através do job description, a prova está no relato da minha contratação no primeiro texto. Por fora, todo mundo sério. Por dentro, caos. E não existiam papos no Linkedin com profissionais de outras empresas sobre a área de VUI, a própria comunidade que só apareceu 4 anos depois disso… uma ou outra pessoa de fora era conhecida sim, mas a bolha era real! Eu só pensava: pior que bater num iceberg porque ninguém avisou desse perigo com antecedência é não ter ninguém pra vigiar o oceano enquanto a gente continua navegando. E AGORA? 😱

Lição aprendida número 17: Lidere pelo exemplo, presença e colaboração, independentemente da sua fase profissional. Cargo é uma questão de qual responsabilidade você tem na empresa e o nível representa o tamanho dessa responsabilidade com base no seu repertório profissional e de mundo. Agora, agir com profissionalismo e inteligência emocional não tem relação alguma com dinheiro ou hierarquia, essas características sempre serão horizontais e possuem ritmos próprios de desenvolvimento.

Independente dessa preocupação dele para com o time, todos estávamos numa empresa e empresas do ramo que conquistam novos clientes contratam mais designers conversacionais. Capitalismo, minha gente. 🙆🏾‍♀️ Estávamos em pleno 2014 na explosão da área de tecnologia onde o mercado de chatbots estavam cada vez mais chamando a atenção no Brasil e os bots por voz humanizados começavam a surfar na mesma onda ganhando cada vez mais espaço também.

Portanto, o time precisou se reorganizar totalmente perante esse contexto para equilibrar o emocional e o racional.

  • Quais eram os principais conhecimentos de cada um, tanto técnicos quanto de negócio dos clientes, para que rolasse uma rede de apoio?
  • Quem possui experiência, mesmo que em outras empresas ou grupos sociais, de identificação de habilidades?
  • Temos um processo único de trabalho? Se não, quais temos?
  • Como estruturar o time durante o crescimento da empresa?

Até mesmo o estúdio se aproximou ainda mais dos designers para levantar novos modelos de trabalho. As pessoas procuraram apoio em quem conseguiam transmitir conforto pessoal e profissional ali, nas pequenas solicitações, no dia-a-dia de escrita e gravação de apenas 3 áudios novos, por exemplo. E quem estava na posição de senior (eu e mais uma pessoa) não deixava essa chama se apagar. Mesmo assim, o elefante branco ainda estava na sala: o que vamos fazer com as pessoas novas? Elas precisam de treinamento. Foi aí que me ofereci para fazer essa atividade, por pura identificação com a causa e confiança nas experiências de liderança que tive em projetos sociais. Ensinar alguém é aprender de novo. Eu estava amando a possibilidade de contar tudo o que fazíamos de legal e deixar o caminho aberto para que backgrounds diferentes contribuíssem de formas diferentes.

Lição aprendida número 18: Use o dia a dia de trabalho para identificar quais atividades mais gosta de fazer, quais não gosta e quais gostaria de começar a fazer. Converse com pessoas que possuem a mesma atribuição que você, dentro ou fora da empresa, para ir definindo sua atuação e características profissionais. E é mais complexo do que definir se quer seguir carreira técnica ou de gestão: é entender onde estão seus pontos fracos e fortes.

Com 6 meses de nível SR, fui para Lead. Motivos? Repertório de mundo, da empresa e, reitero, crescimento da carteira de clientes. Não há uma receita e tempos de profissão pré-determinados.

Só um adendo: fui para a nova missão sem fazer tudo isso que eu disse na lição 18. Esse texto seria BEM diferente se eu estivesse escrevendo durante esse caminho. Eu não tinha essa maturidade. Na época, entrei de cabeça na tarefa com o pouco de visão que eu tinha sobre o que estava fazendo. E isso foi bom e ruim ao mesmo tempo. 🤯

De VUI Designer SR para VUI Lead 👣

Descrição de conteúdo: imagem tipo gif. Cena de uma série na qual há 4 pessoas enfileiradas em close sendo que a mais próxima da câmera está do lado direito. Essa pessoa é uma senhora de idade avançada que está olhando compenetrada para alguém, sem piscar, e diz: "Quer liderar algum dia? Comece liderando pelo exemplo."

Minha nova atribuição foi super bem recebida pelo time e pela gestão executiva. Consegui construir uma trajetória prévia, uma relação interpessoal com todes e um traço de liderança que me ajudaram a legitimar o novo passo. Mas claro que isso não seria suficiente para que eu cumprisse a nova tarefa com sucesso, não é mesmo? Esse era o meu combustível. O que eu também precisava era de coragem (diária, no caso) e uma estratégia: fazer com que essas pessoas adquirissem conhecimento e confiança para atuarem sem dependerem de mim.

Por ser uma posição até então inexistente na empresa, defini com meu gestor que teria três atribuições principais:

  • Prestaria suporte para a equipe de designers;
  • Me envolveria diretamente nos projetos de mais complexidade que exigiam o consumo de serviços novos e;
  • Faria o treinamento de quem estava chegando.

Consegui fazer tudo? Sim, mas não de uma maneira uniforme. Foquei totalmente na estruturação e acompanhamento do treinamento das pessoas e atuei nas outras duas atividades conforme eu tivesse tempo. Me arrependo? De maneira nenhuma! Hoje vejo essas pessoas desempenhando trabalhos e posições tão incríveis… Elas são gestoras ou estão em posição de lead, já ministraram cursos, escrevem artigos, estão em outros rumos no mercado utilizando a experiência que adquiriram com interfaces de voz, deixam legados quando trocam de empregos… e claro que não sou a única responsável por tudo. Eu só dei a oportunidade, elas são as grandes responsáveis pelo que fizeram com essas oportunidades. 🤩

Lição aprendida número 19: Lead não é aquela pessoa que replica seu modo de trabalhar. É aquele profissional que conhece caminhos diferentes para as mais variadas situações do dia a dia e que sabe apresentar com profissionalismo e inteligência emocional todas essas possibilidades para cada pessoa do time fazendo com que saibam decidir, com base em argumentos técnicos e de negócio, em qual delas apostar e como fazer isso.

Um dos meus grandes desafios foi tentar mostrar para quem estava chegando que independente do nível do cargo e nicho de mercado que atuariam, eles tinham que confiar que suas experiências profissionais anteriores a esse novo emprego seriam utilizadas, que não era algo do zero. A maioria pensava: "Vou fazer interfaces de voz e não sei nada sobre isso, nem conheço ninguém que já fez fora vocês. Não tem curso sobre isso, só materiais em inglês. Eles servem? SOCORRO!" E em nossas interações eu tentava mostrar que eu estava lá para ajudá-los a adaptar para o pensamento VUI esses conhecimentos adquiridos, além de transmitir novos, pois quem aprende a essência do que faz consegue passar por essas mudanças de trabalho com mais facilidade. Exemplos: quem entende de design de conversa, sabe que essa é base tanto para chat quanto para voicebots, por mais que encontre uma outra camada específica para cada tipo de interface. Quem escreve pra tela, sabe que uma das funções do UX Writing é conduzir quem usa a interface. Em outras interfaces, temos a mesma necessidade. São os elementos e a proposição de valor que mudam. Fiquei MUITO feliz e honrada por ter sido citada pela Victoria Dal Bello nesse texto sobre a migracão dela para UXW. É DISSO QUE EU ESTOU FALANDO 🥲

Lição aprendida número 20: Ninguém tem a obrigação de ser amigo, amiga ou amigue de ninguém, mas seja próximo de todas as pessoas com quem você trabalha diariamente a ponto de você encontrar apoio nelas em certo momento para determinados assuntos/aspectos e vice-versa. Como disse meu gestor entre 2019–2020, tudo o que criamos no trabalho, no final das contas, é relacionamento.

Após 1 ano nessa trajetória de Lead, Fausto Sposito, coordenador de um time de 8 VUI designers, resolve deixar o cargo para ter outras experiências pessoais e profissionais. E mais uma vez minha atuação e comportamento me levaram para um dos maiores desafios de qualquer profissional: o cargo de gestão de pessoas.

De VUI Lead para a Coordenação de VUI :(:

Descrição de conteúdo: imagem tipo gif. Três personagens de uma séria estão na área de pouso de aviões de um aeroporto. Os três estão lado a lado, de frente para a câmera, e só vemos seus corpos do umbigo para cima. À esquerda, temos um personagem masculino de cabelos pretos até a altura do ouvido segurando o microfone de um fone de ouvindo dizendo "É hora de empatizar pessoas!". Ao lado dele, uma personagem feminina de saia azul escura, blusa azul clara, cabelos também na altura do ouvido, usando óculos e dizendo também pelo microfone: "Vocês precisam olhar pra isso com as perspectivas dos outros.". E ao lado dela, no canto direito, temos outra personagem feminina que apenas olha a situação. Usa blusa verde, cabelos pretos nos ombros e um chapéu de orelhas longas de cor rosa, como se fossem orelhas de coelho.

No primeiro convite, pensei em não aceitar. Eu observava o modo como o Fausto coordenava o time e falávamos sobre isso, pois começamos a atuar como dupla oficial assim que assumi o cargo de Lead, mas eu tinha tanta coisa pra fazer que nunca me coloquei no lugar dele e nem precisei cobri-lo.

Por mais que meu diretor, mais uma vez, acreditasse no meu potencial e trajetória, eu tinha enraizada na mente a cartilha de senso comum que somente pessoas preparadas tecnicamente para fazer isso deviam ser gestoras. E os motivos não paravam por aí… Não fiz MBA nem administração, sou de Comunicação. Não sei o que se passa na cabeça dos gestores das áreas parceiras. Aliás, seria a primeira mulher gestora dessa diretoria da empresa, portanto, meus pares serão todos homens. E o adicional: meus pares de time se tornariam meus liderados. Todas essas pessoas envolvidas, inclusive eu, claro, teriam maturidade profissional suficiente para entender as novas regras que essa nova dinâmica estabeleceria entre nós? 🤔

Conversei sobre isso com meu diretor. Além de ser a pessoa que me contratou há 3 anos e meio, ele é homem, branco, hétero, cis e de classe abastada. Recebi seu apoio, mas percebia que ele não entendia muito bem o que eu, mulher, negra, hétero, cis e de classe desabastecida, dizia. 😕

Depois de três conversas entre nós, pensei: eu vou errar e apanhar para um c*r*lho, mas eu vou porque não sei se terei uma chance assim de novo. Além disso, sei que algumas pessoas da equipe vão me apoiar e me ajudar, não estarei sozinha.

E assim foi. Assumi a equipe de VUI Designers e o time de sound designers do estúdio também.

Descrição de conteúdo: tirinha com 4 quadros. No primeiro, temos 4 personagens com traço simples, um gestor e 3 liderados. Ele pede que a equipe dê ideias em um toró de ideias. Quando um deles começa a falar, já é cortado pelo gestor com a frase "Muito ariscado.". No segundo quadro, outro liderado se expressa e o gestor interrompe mais uma vez com a frase "Não seja idiota."” O terceiro quadro tem a mesma cena com o terceiro liderado no qual o gestor diz "Não." O quarto quadro demonstra a cara franzida de insatisfação das três pessoas olhando para a cara de felicidade do gestor. Para finalizar, ele diz: "Continuem compartilhando! Eu valorizo as ideias de vocês."

Eram 11 pessoas. O primeiro ano foi um massacre interno em pleno horário comercial… Por não ter referências de casos parecido com o meu, me fechar para o mundo tentando resolver sozinha as questões do time e atuar com um perfil mais conciliador a todo custo do que firme quando necessário, acredito que tenha sido o ano de mais chororô e desespero da minha vida. Eu notava que a equipe e eu não estávamos nos comunicando bem. Hoje vejo isso de uma forma MUITO cristalina.

Lição aprendida número 21: Ao aceitar uma oportunidade de gestão de pessoas, não se feche. Vi que esse foi meu grande erro no primeiro ano e fui me corrigindo a partir do segundo. Dividir com alguém de confiança ou uma referência não é transferir a sua responsabilidade ou envolver mais uma pessoa no caos (meu medo na época!), dividir é buscar outras perspectivas para enxergar a situação de outra maneira e, enfim, elencar possíveis atitudes e/ou soluções. Ninguém faz nada sozinho, nem mesmo liderar. Somos da espécie humana o tempo todo.

Tive momentos em que enxergava que estava também colhendo frutos, nem tudo foi tristeza, mas estava muito decepcionada por não ser uma gestora parecida com a que tive no meu primeiro emprego no call center e por não ser uma profissional leve dentro e fora da empresa como antes. E esse foi outro erro que eu cometi: ao invés de me inspirar, quis seguir os mesmos passos de outras pessoas. Não fiz o mínimo que se faz hoje que é criar networking em eventos e no Linkedin para troca de experiências. Na metade da trajetória, percebi que precisava de referências para decidir o que eu faria, não para copiá-las.

Portanto, a segunda metade da minha coordenação foi menos pesada. Eu adorava contratar mais pessoas para o time porque ele sempre estava em crescimento (tive a oportunidade de trazer mais 5, uma delas, a Ariana Dias, uma das grandes UX Writers desse país!). Aceitei que os problemas não eram mais escopos incompletos ou ajustes sem fim de texto e fui aprender, ler, vivenciar minha gestão… Me abri. Estudei UX Metrics e UX Research na Mergo, pontos que ajudariam na argumentação da equipe com os clientes, conversei com pessoas iniciantes e experientes em gestão dos mais variados mercados e tipos, iniciei um feedback trimestral com cada pessoa do time para trocarmos nossos pontos de vista nessa relação um para um... E percebi que elas buscavam algo além do viés técnico. Todas esperavam oportunidades de crescimento e valorização de seu trabalho, cada uma ao seu modo.

Descrição de conteúdo: foto que eu mesma tirei. Meu computador em close está apoiado em cima de uma mesa de madeira. Na tela, o e-mail que recebi da escola Mergo com instruções sobre o curso de UX Metrics.

Lição aprendida número 22: Nessa nova fase de gestão, coloquei em prática minha habilidade de mapeamento de situações e cenários, adequei minha comunicação com cada pessoa, mesmo que alguns dos meus pares ainda se recusassem a entender que minha posição era de gestão, e comecei a criar novas relações com o time. Desde o auxílio com decisões e demonstração de apoio em posicionamentos, pois eu acreditava MUITO no trabalho das pessoas que estavam comigo, até interferir nos momentos de desgaste e mudar a rotina de quem já estava se sentindo na mesmice.

Escolhi atuar pela sugestão, ao invés da ordem. Sem microgestão, validação de trabalho ou misturar minha antiga postura de Lead com a de Coordenadora. Ouvi o time para saber quais necessidades tinham prioridade e o que precisava dar uma oxigenada. Mediar conflitos? MUITOS. Para uma pessoa que fugia do conflito assim como a acurácia foge da imprecisão, me vi entendendo que é preciso escolher batalhas e SEMPRE mediar os conflitos internos e externos. Quis mais provocar a reflexão do que direcionar. Todas as pessoas tinham condição de se responsabilizarem por suas escolhas. Escolhi ser a líder que eu pude ser dentro das limitações humanas e corporativas que eu tinha buscando sempre aprimorar essa arte. Ela sempre se renova a cada nova pessoa liderada. E aproveito o post de hoje para agradecer T-O-D-O M-U-N-D-O que já esteve sob minha gestão. Peço desculpas pelos erros e agradeço pelos reconhecimentos. Escuto até hoje frases como "você foi a melhor gestora que eu tive, Jana" e "Te indiquei para falar de mim em um processo seletivo, pode ser?" ISSO SIGNIFICA MUITO PRA MIM! Somente a partir de 2018 vi que posso ser sim uma boa gestora e sou sim uma boa líder, mostro um pouco mais desse lado nos próximos posts.🧶😌

Da Coordenação de VUI para…

Descrição de conteúdo: foto pública da internet. É o trecho de um e-book que está sendo lido pelo Kindle, um leitor digital. O trecho diz: "Segura as pontas que você dá conta, mulher. Você não cogitou ir tão longe e mesmo assim conseguiu. É arrebatador traçar o próprio roteiro."

Esse é o trecho do livro "Tudo nela brilha e queima" de Aryane Leão. É o que eu sentia quando já estava consciente do que acontecia na minha mente e na minha trajetória profissional como gestora. Estive no cargo por 2 anos e 8 meses. Sempre acho que foi mais tempo porque viver é diferente, mas quem me posiciona de volta no espaço-tempo é o Linkedin. Fico feliz em poder reconhecer que, hoje, com mais absoluta certeza, a situação que eu estava e a falta de mentoria foram determinantes para que eu acreditasse, erroneamente, que não poderia ser uma boa líder e uma boa gestora. 💪🏾

E se é no caos que tudo se transforma, eu estava preparada para delimitar até onde conseguiria ir como gestora até aquele exato momento, Fevereiro de 2018. Nesse mês e ano, já com outro diretor, participei de uma reunião daquelas que a gente nunca esquece na vida. Ele me disse, não com essas palavras, mas com essa intenção: "Jana, o comercial fez a lição de casa e, agora, teremos mais de um cliente novo em nossa carteira ao mesmo tempo. E dois desses 7 clientes novos são de grande porte, portanto, precisamos DOBRAR o time." Parei de ouvir ali e levei minha mente para o espaço. Dias depois, bati na sala dele e respondi a pergunta que nem ouvi: "Olha, eu admito desde já que não conseguirei fazer sozinha a gestão de 30 pessoas. Claro que vamos e devemos crescer o time, mas eu não dou conta. Portanto, preciso de alguém do meu lado, preciso de um par de gestão. Temos dois caminhos: posso me manter na coordenação e promovemos um SR para especialista ou faço uma movimentação para o lado para me tornar especialista e você traz uma pessoa do mercado que já atuou com times extremamente grandes." Uma semana depois, chegou a resposta: "Já fiz a entrevista com uma pessoa e ela topou ser coordenadora tendo você como especialista."

Se iniciaria uma nova fase na minha carreira porque voltar para a linha técnica, com a clareza do meu desenvolvimento como gestora, fez com que eu me visse como gestora sob uma nova perspectiva interna e me abrisse totalmente para o que estava acontecendo fora da empresa.

A partir de 2018, tudo, ABSOLUTAMENTE tudo mudou pra mim. Por dentro e por fora. E eu não fazia ideia de que extrapolaria as paredes da empresa. Vieram novas oportunidades, cursos de liderança, rede de contatos, o início da comunidade de VUI, projetos paralelos na área… e a despedida na empresa que me empregou por 8 anos… Conto TUDO no post do mês que vem 😌

Esse é o fim de mais um artigo! Estamos nos encaminhando pra metade, hein? Programei 12 artigos para esta série! Nos vemos no próximo? 😃

Por enquanto, acompanhe as comunidades VUI Design BR e Women In Voice Brasil para mais conteúdos meus e de outros profissionais da área de VUI e correlatas também. 🤩

Indicações finais

Deixe um comentário e não se acanhe de continuar esse papo via mensagem no meu Linkedin. 😉 Até mais!

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Janaína Pereira

Design Manager | Conversational AI+6exp | LLMs e IAGen +1exp | CX e VUI +12exp | Aqui escrevo sobre como design, liderança e IA se entrelaçam com minha carreira