memorial.diário
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01/08/2014 — Comecei a me relacionar somente através do inbox (deixei de usar as ferramentas curtir/comentar/compartilhar) e realizei postagens mais despersonalizadas (na falta de uma expressão melhor), tais como um vídeo apenas com o burburinho de um café ou um print de uma mensagem de erro do Google.
11/08/2014 — Removi minha foto de perfil. Pensei em como o Facebook pode ser, além de uma espécie de extensão do corpo, uma antropomorfia de seus usuários (acoplado a ele, a identidade): a rostidade como a foto de perfil, a fala como o espaço de postagem (o que você está pensando? | “O pensamento se faz na boca” T. Tzara — o digitar é o processo de verbalização do pensamento), os espaços inbox e caixa de comentários como o deslocamento do tom de voz, do posicionamento para este ou aquele indivíduo. Uma antropomorfia do corpo, enfim, em relação a outras antropomorfias, constituindo uma espacialidade virtual. E aos que fogem a esta condição antropomórfica (os que não têm foto no perfil, os que usam um perfil sem seu nome social como pessoal, os que hackeiam nas funções da rede social, os que floodam a timeline com eventos ou links com vírus…), vejo a destituição dessas espacialidades em favor de outra relação, que borra a sociabilidade devidamente antropomórfica, constituindo outra paisagem-timeline além da sugestividade (da rede) social.
13/08/2014 — Tenho pensado em dar, durante um dia, minha conta do Facebook para algum conhecido. Tive esse diálogo com a aline besouro:
- E to pensando em dar minha senha do facebook para amigos durante um dia. Mas não sei se é loucura demais.
- quanto a senha do facebook pode ser uma loucura mesmo. eu sugiro uma outra conta que possa ser compartilhada. na verdade, acho que isso não tem muito sentido para voce unicamente quando todos são seus amigos, acho que faz mais sentis quando é um outro que não quer fazer uma boa imagem de você
14/08/2014 — Coloquei como foto de perfil um printscreen do Facebook me sugerindo, em minha timeline, que adicionasse uma foto para que Robnei Bonifácio pudesse me identificar com mais facilidade (solicitei a amizade de Robnei há pouco) e também porque 567 dos meus contatos tinham uma foto de perfil.
Nisto também vejo algo irônico com relação ao caráter antropomórfico do Facebook, porque Robnei me desenhou há algum tempo e disse que iria me enviar a imagem escaneada, então o adicionei. E só agora percebo esta correlação entre a sugestão figurativo-identitária do Facebook para minha foto de perfil, sustentada no recente contato que adicionei, e a própria relação figurativo-identitária que há entre esse contato recém-adicionado e eu.
P.S.: Robnei não me adicionou.
15/08/2014 — Percebi que meu perfil fez uma postagem de um link malicioso, porque cliquei num desses há alguns dias. Decidi então que não farei mais postagens e clicarei em todos os links maliciosos que surgirem para mim, afim de que as postagens que meu perfil realize se despersonalizem ainda mais que nas experiências iniciais de 01/08.
Mas tem sido difícil encontrar essas postagens.
17/08/2014 — Mudei de ideia com relação a não realizar mais postagens. Na verdade, comecei a fazer testes que permitem compartilhar seu resultado no Facebook, pensando que eles podem gerar uma relação de estranhamento entre a imagem de mim que meus contatos têm e o resultado que os testes gerarão. Já fiz dois, Que personagem de Harry Potter você é e Que tipo de mulher você é. Pretendo fazer ao menos um por dia (ou não, rs).
Até que meus contatos têm interagido bastante com os testes que realizei, mas a ideia é que, pelo excesso de testes postados, esse número de intervenções diminua e o absurdo substitua todas as leituras possíveis sobre os atos por trás desses testes.
Robnei me adicionou e me enviou a imagem de meu desenho.
Antônio comentou no último teste postado que eu estava “cheio de vírus”.
Acho que vou acabar desaprendendo a usar o Facebook como o usava outrora.
22/08/2014 — Nesses dias Francisco compartilhou três testes em minha timeline, vários de meus contatos interagiram com meus testes realizados, Aline mandou uma matéria sobre uma pessoa que não mais curtiu nada no Facebook e alguns vieram curiosos me perguntando, inbox e off-line, o que acontecia, o porquê de tantos testes. Incapaz, os respondi sempre brincando, leve e insolucionado.
24/08/2014 — Porque caralhos eu estou respondendo esses testes a sério? Parei disso.
E meu perfil se tornou, finalmente, um autômato. Foi contaminado. E agora posta links de “garotas totalmente bêbadas pagando mico” por um controle outro, “racionalismo empobrecido e obsoleto”, como Rosalind Krauss escreveu (Caminhos da escultura moderna) sobre o Pavão mecânico filmado por Eisenstein em Outubro.
p.s.: descobri como controlar a postagem de links. É uma extensão que foi instalada no meu navegador, só preciso ativar/desativar para ter controle sobre. Já não sou mais tão autômato assim, rs
e as coisas do facebook, como andam para voce?
Nossa, muito louco. To escrevendo um documento sobre… O que to fazendo por aqui
e aí?
mas to pirando nisso do vírus, de estar contaminado, ser um perfil automático
como assim?
meio que ainda numa briga entre o que significa o perfil (minha identidade, eu) e o que ele pode se tornar (algo abjeto, um perfil meio despersonalizado, abandonado, com vírus, que faz testes pra reconstruir uma personalidade)
26/08/2014 — O tal do “vírus” do Facebook fez um estrago no meu computador. Resultado: o desinstalei, limpei meu pc, etc, etc. Mas agora tenho postado links de vídeos no mesmo formato que o vírus postava em minha conta (ex: Garotas totalmente bêbadas pagando mico: + um link encurtado usando o https://goo.gl/). Há pouco postei um do Foo fighters e agora mesmo achei um vídeo no youtube com o mesmo nome que o que o “vírus” anunciava (Garotas totalmente bêbadas pagando mico). Pretendo fazer isso até que percebam algo estranho, que vejam que já não é mais o “vírus”. Ah! Claro, ninguém curte nem comenta mais os links. Me tornei abjeto, estranho com meu próprio nome.
p.s.: acho que vou ter que parar de usar o inbox. Estão me avisando por lá que voltei a espalhar vírus. hahaha!
p.s.2: Cassio disse que seria foda se eu postasse uns vídeos pornôs nesse esquema, mas acho que não vou fazer isso não, rs.
28/08/2014 — Postei outro link, agora com uma música que estava escutando (suja a roupa, mas lava a alma, do NDN). Porém, desta vez com uma diferença: em vez de escrever Garotas totalmente bêbadas pagando mico escrevi Gatoras totalmente bêdabas pagando mico (sim, invertendo algumas poucas letras no interior de algumas palavras). Resultado quantitativo: nenhuma curtida, estes comentários:
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ jandir, agora vou parar de receber notificacoes suas.
André Vargas Hahaha!!
André Vargas Ficou transando essas paradas de quiz direto e sem proteção pegou logo um vírus!
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ o quiz nao dá virus
Yesterday at 7:07pm · Like · 1
André Vargas Mas ele tá clicando em tudo o que vem…. aposto que é uma proposta artística virtual de se deixar contaminar.
Yesterday at 7:08pm · Edited · Like · 3
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ AAAAAI ANDREEE QUE IDEIA!!!!!!!!! VOCE ACHA??????
Yesterday at 7:09pm · Like · 1
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ QUE IDIOTA FARIA ISSO?????
André Vargas Hahaha! Sei lá!
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Pollyana Quintella Também aposto que é proposta artística
Yesterday at 8:22pm · Like · 2
Francisco de Castillo to com a polly nessa
11 hours ago · Like · 1
André Vargas também tô com a polly nessa! rs
p.s.: #naosejaartista
29/08/2014 — Encontrei ontem o Julio hoje e ele disse, em um tom algo sério, que estava preocupado por que tinham invadido meu Facebook, que tinha tentado me ligar e conversado até com o Renato sobre. Quando falei que eu mesmo estava por trás da contaminação ele falou algo e fez uma expressão que não conseguiria descrever com sucesso aqui (mas acho que ele estava me zoando muito, haha).
Outra: achei uma postagem num site chamado Pedagogia Brasil — Amor pela educação! cujo título era 33 atividades baratas que manterão as crianças ocupadas por muito tempo. Esse terrível achado me fez lembrar muito das discussões com pessoas muito queridas durante nossa conjunta jornada enquanto educadores. Mas, segundo o programa que aderi até este momento, não estou postando, curtindo ou comentando nada no Facebook. Resolvi então, ao invés de enviar para eles por inbox, o que tenho feito usualmente nesses tempos, unir esta vontade à minha proposição atual. Novamente não digitei Garotas totalmente bêbadas pagando mico, mas Gratoas ttolaemtne bbêdaas pganado mcio. Coloquei o link compactado (http://goo.gl/pKhjIS) logo abaixo desse escrito e marquei algumas dessas pessoas que insinuei acima, as que interagiram comigo de alguma forma durante este momento no Facebook. Resultado quantitativo: quatro curtidas, estes comentários:
André Vargas E aposto que foram elas que digitaram isso!
Jéssica Góes Não tem rapazes?
23 hours ago · Like · 3
Ana Clara Assis Pagando macio
20 hours ago · Like · 1
Aline Beͭ̓̓͐͊̑̅͞͏͚͍̭̳̫͈̝̠̩̝̥̥̦͙̼̳͘s̄̐ͩ͒̅͊̉̔ͫ̓͂̈́̑̂̕҉҉̮͖̤̪̥̱͓̲͙̣͔̝ouͦ̍̅ͩ̉̑́̚̚҉̠̟͙̬̲̦͜r̴̷̢̦̪͙̜̐́ͥ̿͌͌ͮͤͦ͌ͯͦ̑ͩ̈́ǫ͌̈̄̋ͫͭ̕͏̸̥̮̙̭͈̣̖͚̺̰̠̜̯̲͉̳̭͢ me deixe fora disso se não for eu mesma
18 hours ago · Like · 1
Antonio Gonzaga Amador Precisa parar de beber jandir.
18 hours ago · Like · 3
Mudando de assunto, Cassio postou uma foto nossa e pediu que eu curtisse. Disse a ele que estava curtida mentalmente, que o like era só uma convenção. No que ele respondeu:
exclui o face então
ta roda é pra dançaaar
Abrir o precedente da dúvida nas minhas postagens através destes gestos que dizem “Isto é ou não é um vírus?” me torna irreconhecido. Ainda sou um Jandir no Facebook, mas não sou mais o Jandir que conseguia constituir um diálogo pleno com seus contatos (ou que acreditava que conseguia, ou que acreditava na plenitude daquela espécie de diálogo). Ao revés, sou um perfil contaminado, ainda corpo antropomórfico, mas abjeto: um contato à margem da correspondência identitária com a minha vida social. E, ainda assim, mobilizo de forma estranha nessa situação: supostos links maliciosos são comentados e curtidos, ainda que os diálogos que dali surgem não emerjam para os sites postados, ficando na superfície da tensão virulenta das postagens. Sem comentar ou curtir, se faz uma nova espécie de socialidade para mim, inbox, online e off-line. Abdicado destes meios, preciso abrir um diálogo com uma (ou mais pessoas) para falar (estritamente e para além da virtualidade da curtida, preciso da fala, da escrita; em suma, do verbo) o que ela me causou. Deslocado, me vejo mais necessitado em dialogar na real life, mostrando o que postaria no Facebook e buscando o correlato às curtidas e comentários que de lá viriam. Mas esse correlato nunca vem. As pequenas nuances da voz, os olhares sutis, as falas que os corpos me falam… O correlato não vem por que nunca foi uma questão de correlação, mas de plataforma. Tendo deixado alguns usos da plataforma Facebook, aderi a outros usos na vida off-line. E ali (ou aqui, não sei bem onde está a vida off-line) me parece que não há plataforma pré-definida, mas uma criação constante de plataformas efêmeras, ao modo de logons temporários no Windows, ou mesmo de brincadeiras inventadas, sem preexistências. Claro que há as normatizações do socius, mas só ao encarar os olhos e os corpos dos meus conhecidos ao apresentar algo a eles e os falar, posso perceber o que vaza aos nossos acordos pré-determinados; por que no corpo, nesse mesmo corpo de qualquer um de nós em que imperam as normatizações e a fixidez da doxa reside, ontologicamente, imanente, o índice do que vai além, da multiplicidade, da criação, da gênese e/ou do big-bang. Olhar para o outro (e, neste, se olhar) atentamente, inventivamente, é abrir precedentes para observar o “espelho que não reflete nossa própria imagem” que, por conseguinte, muito nos mostra.
E digo que isto que é dito não pretende ser um manifesto pró uma vida sem internet, desconectada, à moda dos folhetins de alternativas vidas saudáveis que os zen-capitalistas adoram ler. Talvez este seja um escrito em que se combate certa antropomorfia online em favor de uma vida online mais corporal. E corporal aqui obviamente não está para a mímese do corpo, mas para o que há de inconstância nele, em sua capacidade inalienável em ser múltiplo e incontrolado, em ser um índice do que ainda não vimos, do que ainda não nos foi visto.
Por uma vida online que seja índice de mundos novos, não representações, em maquetes de isopor, de galáxias descobertas.
E se “tá na roda é pra dançar”, se estar na roda da vida online é aderir à determinada dança, só me vêm à cabeça usar da mesma fala (ou mito de fala) que Galileu Galilei cochichou ao ter de negar sua visão heliocêntrica, descoberta que o planeta terra não era estacionário centro do universo, mas que girava em torno do sol.
Diz a lenda que ele cochichou “Eppur si muove”. A tradução é “no entanto ela se move”.
(Daqui tive que voltar ao inbox com o Cassio:
No entanto o Facebook se move.
Como assim?
Rs
To dizendo)
30/08/2014 — Enviei este memorial.diário para o Cassio. Então ele pediu:
explica ai de uma forma facil de ler
po, é que tá meio confuso ainda pra mim. Meu pensamento tá tão fragmentado quanto o texto
mas é sobre esse lance de adequação
e como a vida mesmo, ou o mundo
ou nossas relações no facebook nos fazem ir além da adequação… acho que é por aí
mas vc se rende a essa adequação ?
ou vai contra ela?
Acho que estou no meio disso. Mas o lance do vírus (escrevo isso muito por essa parada) é uma tentativa de abrir algum diálogo sobre. Ou algo assim
Não sei, se vc discordar ou tiver outra visão me fala. To pensando sobre essas coisas
quero mesmo é conversar sobre, rs
para mim mais parece que vai quer ir contra
acho que aquele final você tentar demonstrar isso, ou não?
Acho que sim. Porque é incomodo
eu não to de boa com isso. então acaba sendo ir contra mesmo
e qual a solução pra isso?
vc vai parar de curtir posts e coments?
Acho que todo mundo tem tensionado o facebook.
Ah, eu já parei a um tempo. Mas não é uma regra. Nem sei mané. rs
acho complicado vc ir contra aqui
E acho que muita gente tem reinventado isso aqui. Até vc mesmo não tem um uso padrão de facebook
a questão de galileu pode ser parecida com essa
mas o contexto era outro
ele não vivia em um mundo globalizado
É… acho que é uma comparação mais poética do que qualquer outra coisa. Não tem muito compromisso com uma correlação exata entre galileu e o hoje em dia
tendi
E o lance talvez não seja ir contra exatamente, mas revindicar outros usos do facebook
aqui é complicado porque vc é afetado
revindicar não, falar sobre.
pelo outro
Ah, total!
mesmo que não tome nenhuma ação
vc le uma coisa aqui
e fica com raiva
mesmo que não va la brigar no post
esse que é o foda disso aqui. É como a vida. Não dá pra se isentar.
hahaha, isso é muito bom
de não responder, mas levar contigo
total
sim, aqui se engole sapos tbm
e acho que mesmo vc tomando um lado passivo
do momento que vc cria sua conta
é como um contrato dizendo que está aceitando os termos do facebook
seja ele qual for
por isso eu defendo
Sim! não é um lugar isento… já vem cheio de pré regulamentos
uhum, por isso eu defendo o ta na roda e pra dançar
eu ja engoli muito sapo aqui no face
mas aceitei porque não quero excluir minha conta
há outras coisas que me prendem aqui
Claro. isso aqui é muito grande
agora
acho que quando eu escrevi sobre o ta na roda é pra dançar foi olhando pruma outra direção que não essa
então não etendi ahahaha
qual foi a visão?
Não que não tenha entendido, outra visão, apenas
tipo
vendo os casos em que as pessoas fazem tudo errado no facebook e criam outros usos, incomodam os que usam o facebook num modo “padrão”
saca?
Esses caras não estão dançando direito essa roda. Estão reinventando a roda
isso do seu ponto de vista
e se a roda for justamente essa?
Sim, qual o seu. rs
e agente que ta indo contra?
Boa, mas acho que não.
pq eu acho que quando o cara criou isso aqui
foi justamente nesse pensamento
de simular a relação humana
como na vida real
eu me sinto indo contra aqui
e vc?
mas eu sou passivo
eu aceito
é, mas isso aqui nunca vai conseguir simular sequer bem os relacionamentos
será que n
tem um monte de gente hoje
que defende que se sente melhor em uma conversa pro chat
do que no real
é, sim.
Cara, quando eu falo dos que vão contra penso muito também nas pessoas que escrevem errado, que pegam vírus, que não tem foto de perfil, que floodam timeline com spam.
a pergunta é… será que eles se acham do contra?
E o lance de se sentir melhor por aqui, acho que já vai pruma outra direção que não pensei muito sobre.
vc ta reduzindo as coisas do seu ponto de vista
Ah, mas nem me importo com isso. Falo mais na verdade da relação.
Pq tem uma galera que se sente incomodada com isso
E é uma galera que representa um padrão de perfil do face
padrão ideal
no final o que vc busca é a felicidade ?
uma felicidade interativa ?
onde todos se sintam bem na rede social?
Não. Acho que nem é uma busca.
então tá dificil rs
Acho que me senti provocado por isso, de pensar: Caralho, pq eu to curtindo coisas?
Pq eu não paro de fazer isso e faço umas loucuras?
pq não?
tipo por ai
entendi..
Não é um projeto de perfeição
é viver. rs
vc so quer ir contra..
haahahah
hAHAHAHAHA
Ai, é foda.
eu sou muito chato com essas coisas
mas vc pode ir contra
nao to julgando isso n
issoé legal tbm
Ah, claro que não! Vc não me julgaria por isso. hahah
Mas eu entendi o que vc colocou
e foi foda, várias questões que não tinha pensado muito
me quebrou um pouco, rs
acho que vc precisa amadurecer isso então
ja que isso é algo serio pra vc
É, quanto ao pensamento sim
é um vomito, nem um pesnamento é
rs
são dos dois rs
e algo genia pode vir disso rs
seu academico de merda rs
Outro tópico: mostrei esse excerto para Aline:
O espelho é, afinal de contas, uma utopia, uma vez que é um lugar sem lugar algum. No espelho, vejo-me ali onde não estou, num espaço irreal, virtual, que está aberto do lado de lá da superfície; estou além, ali onde não estou, sou uma sombra que me dá visibilidade de mim mesmo, que me permite ver-me ali onde sou ausente. Assim é a utopia do espelho. Mas é também uma heterotopia, uma vez que o espelho existe na realidade, e exerce um tipo de contra-acção à posição que eu ocupo. Do sítio em que me encontro no espelho apercebo-me da ausência no sítio onde estou, uma vez que eu posso ver-me ali. A partir deste olhar dirigido a mim próprio, da base desse espaço virtual que se encontra do outro lado do espelho, eu volto a mim mesmo: dirijo o olhar a mim mesmo e começo a reconstituir-me a mim próprio ali onde estou. O espelho funciona como uma heterotopia neste momentum: transforma este lugar, o que ocupo no momento em que me vejo no espelho, num espaço a um só tempo absolutamente real, associado a todo o espaço que o circunda, e absolutamente irreal, uma vez que para nos apercebermos desse espaço real, tem de se atravessar esse ponto virtual que está do lado de lá. (Foucault. Outros espaços. Achei o texto aqui: http://www.historiacultural.mpbnet.com.br/pos-modernismo/Foucault-De_Outros_Espacos.pdf)
E ela disse que a internet (acredito que ela estivesse falando muito do Facebook também ao falar internet) era como o espelho descrito por Foucault: Lugar irreal, onde pode-se ver ali onde se é ausente; e lugar real, onde se volta a si mesmo e reconstitui-se onde se está.
Achei parecido com algo que ela me disse mais cedo: que o reblog button do Tumblr é o Ouroboros. Lindo isso.
31/08/2014 — Postei o desenho do Robnei como foto de perfil e este memorial.diário por lá também.
ah outra coisa tbm
vc nao estaria postando esse doc com a sensação de se explicar aos outros ?
Nada. to vendo como um processo dessas experimentações do facebook
jamais me explicarei, rs
de boa
Outro tópico: tive esse diálogo com o Cassio:
ja cansei
vou parar de responder aquela porra
discutir pelo face é uó
carlaho, vários comments
uhum
mo galera se metendo
XD
ta ai um estudo pro seu bagulho la
Sim
mas o que vc acha daí?
como assim?
Tipo, a relação desse lance com o diário que fiz
Penso nessa exaustão em discutir no facebook
porque acontece
e deixar se afetar entra nisso com certeza
Sem dúvidas. Abrir pro outro discordar
mas eu não quero isso pra mim
por isso larguei a discussão
Po, e tem gente que abraça muito isso
as coisas aqui não precisam ser intensas, porque na verdade são super superficiais.
A pollyana que fala muito disso, ela é pró comentários
Mas mesmo quando rola uma discussão dessas?
é superficial?
sim, cadê o contato? O olho no olho. É como se vc estivesse falando com espíritos, e se têm coisa que não sou é espírita.
hehehehe, concordo contigo
foi até um lance que tava pensando
que quando vc olha no olho do outro vc tem acesso a “falas” para além da linguagem
a fala do corpo, a exitação, o cheiro
ahuAHUahuHAU
aHAUhauHAUhau
AHuahuHAU
*eu estou sério
escrevi erradão!
hahaha
Q foi?
hahaha
não entendeu ?
vc achou que eu tava rindo
A tá! porra!
HAHAHAHA
mas eu não dei um sorriso aqui
(eu ri agora mesmo, rs)
Porra, é isso.
sim
perfeito
Na real life, pelo menos vc iria ficar com um sorriso amarelo
é mais sutil
sim.
Mas também isso aqui é outra coisa. Acho interessante ver que a internet não é a vida.
por isso que eu falei que não precisa ser intenso.
Só que parece
é tudo tão fake
É mais mental, acho. Não tem tanto corpo aqui.
a rede social sim, a internet vai além disso.
sim, tudo se resumo ao campo do sensível.
e isso é interessante.
Sim, um sensível diferente
do momento que eu decidi
não mais me intrometer na discussão
acho que por isso vc também não liga tanto pra artes plásticas
eu fiquei relex
acho que até as sensações causadas
E curte mais música. Pq na música tem uma pessoa mais presente que nas artes plásticas, que parecem mais um rastro do que um humano
por essa rede são falasas
Acho que elas são diferentes, saca. Talvez seja uma coisa mais sua.
pode ser.
mas cara
de uma necessidade que não se dá aqui. por isso que parece uma merda
as musicas que eu toouvindo no momento
são só ruidos
é o post rock
não nada de humano ali
Mas então… acho que tem sim
é organico, saca?
é como um quadro abstrato
e tem um cara por trás daquilo
não é aleatório
assim como por trás de uma obra
Ah! então vc curte pintura abstrata!?!?
claro
seu fela!?
hahah
eita
vc nao sabia?
sacanagem, pensei que vc odiasse tudo
já postei varias vezes aqui no face
rs
Hehehe, tinha esquecido
me acalma
a pintura abstrata é como a musica
as cores imploram por harmonia
tipo platão, rs
mas total, concordo
Mas olha aí! vc postou no face. Pq aconteceu isso então?
postou oq?
a foto de uma pintura abstrata
tipo, o que estimula a postar aqui? quando vc posta ela se torna artificial com o facebook
?
de certo modo sim
quando eu posto não é mais algo pessoal que senti
o que eu to querendo é afetar os outros
com o que senti
e quem sou eu para afetar alguém?
hehehehe
mas no entanto a gente continua a fazer isso…
Ah! Isso é lindo
porque isso é algo que se tornou a priori
agente quer induzir no outro a todo custo
Nossa! Isso é bom hein
de a getne quere induzir o outro a todo o cuso
custo
Parece que de certa forma, o facebook é pra isso, apenas
sim
induzir e ser induzido
é pra isso
tenebroso e sensacional
descobrir isso
(se dar conta, na verdade)
o ser induzido ele vêm pelo subjetivo. Se tonar depois de um tempo em nós pelo contato efetivo. Digo isso porque agente não quer se deixar induzir, mesmo acontecendo o contrário.
se diz que não é automática a indução, mas tem resistência. É isso?
isso.
é o famoso ego humano.
ele quem faz a resistência.
é, acho que sim também
mas no fim é isso.
induzir e ser induzido.
resumo geral . XD
porque aceitar que não há resistência é ver o humano como um vaso a ser preenchido. E não somos isso. Nós inventamos e resistimos ao que vem
Mas e fora daqui? na vida offline. será que também é por aí?
Correlaciono esta conversa com o Cassio a isso:
Tive uma conversa incrível com o Julio ao celular, problematizando várias questões do Facebook. Não cabe aqui descrevê-la, até por que pouco conseguiria fazer, transpor a este texto. Mas o que retiro disso é que o processo que descrevo aqui 1º — me faz tomar conta de outros processos semelhantes, em maior ou menor escala, que tem acontecido desde o início dos nossos usos em redes sociais (a conversa com Julio muito perpassou o que ele fazia que tensionava as relações dentro do Facebook) e 2º — ela dispara novos processos, em mim e no que está fora de mim, na medida em que, assim como as práticas do Julio, tensionam as relações Facebook.
Antes de desligar o telefone, Julio me perguntou se eu teria coragem em abandonar o Facebook por um período longo (um ano, por exemplo) e utilizar outra forma de rede social, tal qual o correio. Achei incrível, conversamos muito sobre isso e, enfim, acho que pode ser uma perspectiva de ação que dê continuidade a este memorial.diário. Estou animado para começar!
03/09/2014 — Ontem minha mãe me enviou essa mensagem pelo celular:
Faz um tempao q n entrava no face, so agora percebi q tu pegou um virus! Podes crer, esse vírus vc pegou no cel ou tablete. Tem q ter Avast neles tbm. ☹
Já hoje aconteceram duas coisas estimulantes, conjuntamente, que me oferecem mais subsídio para pensar o que pretendo pensar com o Julio.
Primeiro encontrei Aline e ela me disse algo que ainda não tinha me dado conta por completo: que nossos perfis no Facebook, além de dissociados de nossos corpos e identidades incorporadas, existem autonomamente na rede. Um exemplo bom que ela deu é que se alguém me envia uma mensagem quando estou off-line ainda assim está interagindo com aquele perfil que “sou eu”, pois ele está lá, sempre (o que me faz pensar que alimentamos nossos perfis no Facebook por isso: inconscientemente ou não, sabemos de sua vida extra-nós e precisamos colaborar para que a correspondência entre nossos corpos off-line e nossos perfis esteja sob nosso controle; para que estes perfis não representem algo contrário (ou melhor; diferente, para além) ao que projetamos e projeta-se sob(re) nós mesmos).
A segunda coisa é que minha mãe acaba de perguntar se eu ainda uso o inbox do Facebook, já que deixei de usar as ferramentas curtir/comentar/compartilhar. Disse que sim e ela falou, com certo alívio, um “ainda bem. Por que se não o Facebook não iria servir pra mais nada.” No que a perguntei logo em seguida (e pensando na minha conversa mais cedo com Aline, é claro) se ela tinha certeza disso. Ainda que titubeante, ela respondeu que, se servisse para algo, seria só para os “fofoqueiros de plantão”.
Apesar da resposta, permaneço curioso.
05/09/2014 — Decidi não logar mais no Facebook a partir de hoje, por tempo indeterminado. As últimas mensagens que enviei foram:
Vou sair rapidinho lica. Beijão! A gente se fala.
Beijos
[…]
O bagulho é homem postar foto com maquiagem. *
Pq
*referente a um novo viral, no qual mulheres postam fotos sem maquiagem.
Deixo também algumas coisas pendentes e importantes: um flerte mal encaminhado; umas fotos que receberia inbox, de uma das aulas que faço na faculdade; os eventos diversos que iria marcar via inbox e grupos; e, assim como muitos usuários, as redes de informações do Facebook, que já considerava fundamentais para mim.
Pensei também que não é a exclusão total do Facebook na minha vida que vai ser interessante a este processo que venho fazendo. Desta forma, tentando trabalhar na fragilidade da correspondência entre meu perfil e eu off-line, acredito que um bom caminho seja ativar meu perfil a partir do off-line: seja conversando sobre ele, conversando sobre ter parado de entrar no Facebook, pedindo informações sobre como está meu perfil, etc.
Em suma: creio que devo continuar externando interesse no Facebook, ainda que sem logar em minha conta.
p.s.: Sinto abstinência e, ainda assim, é notável como em poucas horas percebi o quanto de tempo despendia com o Facebook, já que consigo realizar tarefas que antes postergava, justificando-me falta de tempo, ou mesmo considerando-as chatíssimas.
06/09/2014 — Tentei visualizar meu perfil sem logar, através de seu link. “Tentei”.
Coincidentemente, minha mãe (que não sabe que não tenho logado no Facebook) me enviou o e-mail abaixo à tarde.
07/09/2014 — Fui à casa da Lory e, encontrando o perfil dela logado, postei um link na minha timeline para uma matéria que ela, Celio e Cassio tinham me recomendado, sem que ela soubesse. Aliás, conversamos bastante sobre o Facebook, muito por que disse a eles que não estou entrando e eles falaram coisas como “Palhaçada!” e “Pra quê?”. Daí a conversa foi fluindo até a necessidade imensa que nós temos das redes de informações e oportunidades que ali se construíram, ou construímos.
Ao chegar em casa, recebi esse e-mail do Facebook:
09/09/2014 — Recebi, durante os dias anteriores a este, e-mails semelhantes ao que coloquei acima. Hoje loguei no perfil da minha mãe (com o consentimento dela) e postei a imagem do e-mail mais recente na minha timeline:
12/09/2014 — Ontem Cassio me mandou uma matéria por e-mail (http://revistagalileu.globo.com/blogs/buzz/noticia/2014/09/holandesa-usa-photoshop-para-simular-viagem-por-mais-de-um-mes-no-facebook.html). Daí eu o pedi que postasse na timeline do meu perfil.
À noite nos encontramos e, conversando com ele sobre uma garota que eu tinha achado interessante, fomos tentar procurar seu perfil no Facebook usando seu celular (e por proposição dele). Em vão.
Fica aqui marcado o modo que tenho acessado e tenho sido acessado lá ultimamente.
p.s.: Continuo recebendo os e-mails do Facebook:
Here’s some activity you may have missed on Facebook. 11 messages. 78 notifications
15/09/2014 — Loguei sem querer hoje, por um lapso de memória, sei lá. Quando dei por mim já tinha digitado e-mail, senha e apertado enter. Mas saí na mesma hora, sem ver nenhuma das minhas notificações e mensagens. Ou melhor, saí na hora, mas fiquei o suficiente para observar em minha timeline uma postagem que dizia que uma pessoa que conhecia estava indo à maternidade, que iria dar a luz.
Por isso talvez agora esteja em dúvidas se volto a logar no Facebook ou não. (logo hoje que comentei sobre esse processo que desenvolvo na aula de Teoria II… rs)
p.s.: Aline me mandou um site lindo que ela fez: http://isl4in.tk/ . Pedi para ela postar na minha timeline. Mas não sei se ela vai postar, ainda não respondeu.
16/09/2014 — Pedi pro Renato postar outro e-mail na minha timeline:
17/09/2014 — Ontem fui comentar com Julio que não estou mais logando no Facebook, como ele sugeriu. Descobri que ele desativou sua conta. Não deu conta da crise de ter um perfil por lá.
Depois disso fiquei em dúvidas se voltava a logar ou não. Acabei logando, mas sem interagir com ninguém. Apesar de novamente incorporados, eu e perfil, sou um fantasma nele. E ele, não mais um fantasma em mim.
18/09/2014 — Tô começando a achar o Facebook meio antiquado.
Respondi algumas mensagens inbox. Não sou mais tão fantasma assim, mas ainda o sou, como se pode apreender desse e-mail que Lory me enviou hoje:
Olá.
Como está a experiência com o facebook? Saudades de se comunicar contigo por ele. Realmente o bate-papo do facebook virou um mediador de relações.
Como está a vida?
Bjs!
19/09/2014 — Comentei em um grupo que tenho no Facebook, postando um texto para algumas pessoas de lá.
Lory me mandou um segundo e-mail:
O seu face tá engraçado…seus amigos postando coisas e te marcando…ah..mas não vou te contar não rsrsrsrsrs
Eu até pensei na sua ideia de face coletivo, propus ao celio e cassio, mas eles não se animaram muito não. Depois eu mesma tb desisti, pelo trabalho.
Esse face seria nosso alterego, lá poderíamos dizer coisas que nos “podamos” em nossos próprios faces. Essa ideia me ocorreu devido a tal legenda da foto “depois do sexo” que o Cassio queria colocar e nós achamos que poderia ser ruim.
O objetivo seria um estudo estético, psicológico, filosófico e de marketing. Quem iria se prestar a adicionar um face sem fotos pessoais (só de coisas e lugares) e estabelecer uma relação conosco? Falar o que sentimos mobilizaria as pessoas ou elas temeriam? Entre várias outras questões que poderíamos estudar com esse fake.
Teria que ser projetado e pensado (seus objetivos) para que pudéssemos escrever um trabalho com base nele depois.
Foi uma viagem que tive, mas que não foi para frente (ainda). ;)
No que respondi:
Demais lory! Eu pilho! Quanto a escrever, não é uma necessidade grande pra mim. Na real só estou usando o Facebook, apesar de ter algo de experimental nisso. Beijão!
(…)
Penso em me integrar novamente ao meu perfil aos poucos. Quero tentar provocar uma sensação de volta sutil e compassada, ao invés de abrupta.
(…) Além da proposta da Lory, encontrei Aline hoje à noite. Comemos num lugar chamado FaceBurger e conversamos bastante sobre o que temos feito e pensado sobre o Facebook. Ela está pilhando em duas coisas: um site que quer desenvolver sobre a relação entre o reblog button e a retroalimentação estética entre sujeito e objeto; e um outro site que problematizaria e traria opção à linha do tempo facebookiana, cronológica, “que dá a impressão de linearidade temporal” e que soterra o que você postou anteriormente, hierarquizando, apagando os conteúdos antigos, ao invés de permitir o estabelecimento de relações entre eles e os conteúdos recém-postados. Animamos de pensar e fazer juntos. Vamos levar tudo isso — minhas questões e usos na internet, suas questões e usos na internet, nossas questões e usos… — para a aula de Arte Digital II, lá na EBA, com o Romano, afim de encontrar um espaço nas nossas vidas pra se dedicar a isso exclusivamente.
Ao chegar em casa mandei em inbox esse trecho do diário, revelando minha presença na minha presença ali.
20/09/2014 — Vou, gradualmente, me transformar numa espécie de fake. Mas não sei muito bem como ainda.
Adicionei duas pessoas.
21/09/2014 — Comentei inbox com Rafael e Mônica sobre umas fotos que ele postou. No final da conversa, ao se despedir, ele digitou:
Rafael Lima
bem vindo de volta jambaia
Depois vi um questionário publicado num grupo de meu Facebook, sobre “pirataria online”. Bem, adoro responder questionários anônimos. E numa última pergunta — Quais são os motivos que te levam a fazer o download ilegal? — me excedi e acabei escrevendo uma resposta um pouco mais longa. Essa:
Num momento de inflexão para uma economia da informação (o que vivemos) é necessário inclusive repensar a relação binária legal/ilegal. Copyleft, copyfight, programas de código aberto, sites colaborativos; esses são alguns exemplos de mudanças do lidar com as questões que sustentam a ideia de ilegalidade, questões tais como autoria individual, produção num modelo fordista (trabalho resultando necessariamente num produto, sua mais valia) e uma separação clara entre quem produz e quem consome. Logo, os motivos que me levam a fazer o download ilegal não posso responder exatamente, mas fazer o download é o índice do anacronismo de nossas relações via internet: ainda que resida e resista no mundo online o copyright, este é um lugar onde todos produzem e consomem. É assim que a internet veio a ser o que é. E este é o ponto de partida, não algo a ser suprimido, regulado para separar estas qualidades em dois atores diferentes, produtores e consumidores. Samplear, remixar, criar memes, escutar ou upar uma música no grooveshark ou spotify… Talvez sejamos todos piratas. E sem nem mesmo baixar nada nos nossos HD’s. Acho que o DNA do mundo online é pirata.
21/09/2014 — Conversando ontem com Cassio soube que ele estranhava os perfis fakes, achava-os esquisitos demais, ainda que reconhecesse que aquilo poderia ser “algum tipo de arte”, mesmo que preferisse outra. Não que eu tenha problemas com fakes (na verdade seria o contrário, os adoro!), mas fiquei com isso como um desafio: como me tornar um “fake” de modo diferente do estranho e abrupto que aconteceu com quem eu conheci e fez o mesmo que penso agora?
22/09/2014 — Curti e comentei algumas coisas na minha linha do tempo.
23/09/2014 — Interessante. Mesmo tendo realizado algumas ações em minha página no Facebook, hoje à tarde recebi este e-mail do Cassio:
Olha que incrivel esse post, essa garota me definiu!
Ta para o publico, da para ler. https://www.facebook.com/talbot.ana/posts/10154560014660316
(…)
JÁ SEI! Vou virar um fake de mim mesmo. Ser um perfil meu, Jandir Junior e, ainda assim, fake, estranho, outro.
25/09/2014 — Fiz o download das informações do meu perfil.
26/09/2014 — Conversando por e-mail com o Julio hoje, pensei que sua proposta para que eu não logasse mais no Facebook e seu posterior abandono dessa rede se equivalem… Afinal, durante o tempo que não utilizei o Facebook usei muito o e-mail para conversar, inclusive com ele. E agora, eis que ele mesmo tem usado do e-mail para isso. Talvez nós tenhamos nos tornado um só nesse momento, um e outro sendo ensaio e realização dos desejos para com um modo outro de ser na internet. Não consigo delimitar quem atribui a quem nesse jogo, por que sequer consigo situar isso num tempo cronológico: só agora entendo todo o arco que aconteceu nesses poucos quinze-e-tantos dias. Assim como o tempo é experiencial, a experiência determina o que é tempo, não o cronômetro ou quem chegou antes ou depois.
Diluímo-nos.
Sinto bem mais potente tudo que ocorreu até aqui.
(…)
Enviei esse trecho do diário pro Julio. Ele me mandou esse e-mail depois:
Tô de bobeira eternamente. rs
Acho legal essa perspectiva da sua (nossa) “orgânica-ação”. Inclusive acho que você deveria fundar sua correte filosófica, o Antroporganiscismo ou Sociorganicismo. Pois, o organicismo já existe.rs
Eu me sinto um pouco como um viciado (em Facebook), só que ando bem melhor agora, sem aquela carga megalomaníaca de informações. Fui perdendo a vontade… rs e tenho bem mais tempo. rs bem mais!!!
Também tenho usado o e-mail pra falar com a Chris. Ah e eu mudo os assuntos dos e-mails. Rs* Ando escutando essas musicas: http://www.youtube.com/watch?v=0fsea3SE_Wk Ficando com vontade de comer bolo ou Brownie mágicos. rs E vendo filmes. Uma porrada de filmes…rs
*Ele enviou esse e-mail pra mim com outro assunto no nome — Sociorganicismo ou Antroporganicismo -. O anterior tinha o nome “Curso de Licenciatura em Artes não terá mais THE”.
28/09/2014 — Quero diminuir a utilização do inbox.
O perfil de Rafael Bruno me marcou numa postagem com vírus, semelhante às minhas anteriores. Mantive-a na minha timeline, curti e comentei (y).
30/09/2014 — Mudei minha foto do perfil e pessoas muito aleatórias (leia-se que não se comunicam comigo geralmente) estão comentando. A maior parte dos comentários é sobre a foto parecer a de um procurado pela polícia.
Sobre a foto: faz parte de um trabalho que vou começar, Sudário. Acho que vou descrevê-lo assim:
Sudário — experimentações semanais de estranhamentos e situações limite, tais como exaustão física, fome, alegria, entorpecimento, etc. A documentação se dá por fotografias 3x4 (Talvez um modo de olhar para meu rosto e tentar ver novamente um corpo).
Publiquei também a imagem abaixo, com a localização donde ela foi feita (praia de botafogo). Não sei muito bem por que (logo, porque eu quis).
03/10/2014 — Mudei o nome da minha conta para Estranho Mauá. Esse foi meu apelido durante o ensino médio. O louco é que conversei muito com Aline sobre uma conversa que ela teve na internet com um anônimo, nomeado Stranger, via o http://www.omegle.com/. Segue trecho:
Compartilhei essa imagem de outra conta que ela tem, ਜਾਰਜੀਆ ਆਲਮੇਡਾ, na minha timeline. Além disso postei uma música, Strangers in the night, do Frank Sinatra, que o Thales sempre citava e brincava ao falar comigo… Ah, o Thales estudou comigo lá na Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá. E eu o marquei na postagem.
Devo dizer também que queria colocar meu nome apenas como Estranho. Mas o Facebook não permite, já que ele quer somente pessoas reais na sua rede. Retirei uma frase dessa mensagem deles e postei, tageando a ਜਾਰਜੀਆ ਆਲਮੇਡਾ.
Acredito que meu processo de mudança, “fakeamento” (na falta de uma palavra melhor), tem prosseguimento a partir daqui.
(droga, agora só posso alterar meu nome daqui a 60 dias.)
04/10/2014 — Percebi coisas interessantes que fiz anteriormente com/no meu Facebook. Pretendo reativá-las pouco a pouco daqui para frente. Seguem:
05/10/2014 — Jéssica me disse inbox, após conversarmos um pouco:
06/10/2014 — Eu já sou outro, eu já fui outros. Meu perfil já foi e serão tantos… Devir-fake.
Mais interessante ainda é que esse devir nunca dependeu só de mim. Minha paisagem-perfil muda nas relações que crio e nas que sou criado. Me relaciono com pessoas diferentes agora. Nisso, minha timeline muda. Sou (o) outro.
Um dia escrevi em meu diário:
Por que eu não sou o centro do universo?
Gosto quando minha cadela, Nikita, pula em mim quando eu chego em casa. Porém, num dia chuvoso, ela veio pular com patas molhadas, respingando água em mim. Resmunguei com ela e, ao resmungar, parei e percebi o paradoxo: éramos três elementos, chuva, ela e eu, em tempos e percepções distintos e, mesmo assim, coexistindo.
Nenhuma relação prevalece: chuva-ela; eu-ela; ela-eu; eu-chuva; chuva-eu…
Respondendo e corrigindo a pergunta gênese:
Eu não sou o centro de minha existência.
Se clicarmos naquela aba ao lado dos nossos perfis que indica as postagens realizadas por nós em anos anteriores e formos a um ano antigo, em busca da forma como éramos no Facebook àquela época, nos veremos?
Independe. Pois é a linha do tempo, sua criação de sucessões e sua demarcação cronológica, que geram tanto a ideia de que somos pessoas diferentes ontem e hoje quanto a ideia de que se é um só, contínuo e em evolução (ou revolução) durante este tempo decorrido. E agora entro em dúvida. Sou eu mesmo, junto às minhas relações, que me crio, transformo, me faço, ou é o Facebook, junto à sua estrutura timeline (linha do tempo), escolhendo para mim o que vejo e como experiencio o tempo, que me faz devir-fake? Será mesmo um devir? Sem respostas, só me lembro dessa imagem, que printei há algum tempo:
(…)
Postei esse trecho acima em minha timeline. Resultado quantitativo:
11/10/2014 — Pus como foto de capa a imagem abaixo, um printscreen de um erro que aconteceu em meu inbox.
12/10/2014 — Tainã postou isso na minha timeline:
Amigo… volta! Bjs. Ass: Ladybug.
Abri o site http://what-would-i-say.com/, gerei algumas falas aleatórias e escolhi essa para responder:
Por isso pese nas relações que vão existir pra sempre. -EstranhoBot
Fui marcado numa foto por minha prima. Uma foto antiga, de quando éramos crianças. É época do dia das crianças. E vi nisso uma forma de adquirir outro rosto. Sendo assim, mudei minha foto de perfil para uma antiga, postada em 2012, com minha cara de criança. E decidi me marcar em outras fotografias, não necessariamente minhas, afim de tentar mudar meu referencial de rosto para o Facebook. Mas talvez amanhã eu comece a fazer isso. Hoje não. P.S.: obviamente pretendo continuar com essa foto no perfil por um bom tempo. Rs!
P.S.2: Antonio comentou na minha foto de perfil:
Jandir, porque você colocou minha foto quando criança no seu perfil?
Zeitgeist!
(…)
Tive esse papo com o Renato um pouco mais tarde:
rsrs
kkkkkkkkkk
eu sei que isso eh alguym tipo de metodologia de pesquisa doida mas, esse nome ae heim!?
kkkkkkkkkkkkkk
Hahahah, sem metodologia alguma, rs
kkkkkkkkkkkk
é meu apelido da época do ensino médio
eu imaginei que fosse alguma pesquisa dos que perguntam e tals
hahaha
(mauá eu tive que colocar pq o facebook só aceita em sua rede social pessoas usando suas identidades verdadeiras)
Ahhhh! ahahahha
mas eu sei q eh o apelido de la e a escola
kkkkkkkkkkkk
nossa mano, to virando um lance bizarro aq
um experimento
muito ‘verdadeiro’
hahahaha
Rs!
mas essa parada eh bom cara
Pois é, ele acha que é
Ce acha? po, que bom
as vezes eu fico meio perdido nisso tudo
isso aqui eh uma região sem donos que se fala o que quer e que eh o q qser
E mesmo assim a maioria das pessoas não agem assim
pois eh
(vide aqueles links que postavam ha algum tempo e que falavam sobre como se comportar no face)
é foda
o próprio facebook eh feito desta forma, te levando a agir como eles querem, as, enfim
rsrs
Sim, acredito muito nisso!
Esse lance das identidades verdadeiras é uma dessas formas
com certeza
como se isso aqui fosse nossa vida e nossas identidades
Éééé
como se não fosse outra coisa… bizarro
Por isso! o face quer que isso parece seu corpo
pois eh
Sua foto de perfil é seu rosto, sua boca é sua linha do tempo
ou uma extensao dele
seus amigos são seus amigos mesmo
sim!
A extensão inclusive é um termo que vários caras que pensam internet usam
pois eh
e hoje mais do q nunca
app, 3g e tals
Extensão do corpo mesmo
apito pra avisar de comentários na sua timeline
É um lance que te chama
dizendo “ó! Se tem que estar aqui, não em outra página!”
e se disser q nao tem facebook?
ou se nao tiver facebook?
Po, eu to vendo isso… tem uma garota no meu curso q não tem
como será que vc eh visto pela sociedade?
e é uma merda pra ela ter acesso as informações
rsrs
tem uma na minha turma q tmb nao tem e perde um monte de informações direta e ndiretamente
Pois é… é difícil, acima de tudo. Quase não se dá pra viver sem
essa vida!
eh um paradoxo
É pq isso aqui é particular
uma empresa
só que quer não parecer com uma empresa
E nós clientes, pagando muito mais do que isso vale
perfeito
nao pode se negar que eh uma otima ferramenta
mas será que eh como um marteo sendo usado como serrote?
po, sem dúvidas. As redes sociais que existem pegaram muito do facebook
Sem dúvidas. E os programadores do site tem muita culpa nisso
pois eh
colocando imposições que fazem isso daqui ser muito menos
ou muito mais!
sei lá
é, muito mais enquanto fenomeno de massa, pq todo mundo tá aqui, e muito menos pq é um lugar cheio de limites, de muros… e tem esse lance das pessoas usarem de maneira similar também. Mas acredito muito que isso se dê muito forte pela estrutura que o próprio site cria
antes mesmo da mediocridade dos usuários. rs
viu como teve utilidades
?
hahaha
como assim?
a suas pesquisas ‘loucas’
Hahahahaha
é! mas eu tava pensando… nossa, como um monte de gente já tá numa de problematizar isso aq há muito tempo.
Acho que até o bigo, escrevendo erradão
sempre tem… rsrs
isso que é foda. não é uma televisão, onde vc só pode ser um olho. Aqui vc é linguagem. Já permite mais expressão.
dai vem duas vertentes
a expressão, mas até que ponto esta expressão pode ser disseminada
tem um limite pra ela também
com certeza
O interessante é que a gente pode usar o próprio meio pra falar sobre… Tipo, não podemos ter um programa de televisão pra problematizar a própria tv
mas aq é diferente
mas, qual seria este limite? o limite é ético!? pra quem!? a gente vê ‘formações de grupos’ com pensamentos semelhantes e que formam este pensamento
cara! Muito complicado! O ser humano é complicado
sim, pq na minha timeline só dá luciana genro e dilma, por ex.
kkkkkkkkkkkk
mas há um mundo fora daqui. ahahha
de aécios e fidelix
eu sou destes… haha
sem dúvidas!
o meu ta bem dividido, por incrível que pareça
Aparece um pouco só pra mim
que bom! por isso faz sentido q vc poste
e acho que por isso não me sinto tão estimulado a falar sobre
eu tenho uma linha de amizade bem diversa
pois eh
É pq nós somos zona norte!
Rs! sacanagem
mas nem que me instimule! o facebook tmb é uma ferramenta de aproximação
hahahahaha
muito mais uma ferramenta de aproximação do que uma ferramenta de debates
e ter este horizonte alargado seja pra q lado for eh mt bom
com certeza
esse lance das coisas sumirem da timeline e ficar só o que vc ve mais
acho q o debate eh uma forma de aproximação
Ah sim!
nesse caso sim
verdade!
é, vc tá certo
mas vc tmb ta do lance da time line bem selecionada
tanto que umas coisas que a gente odeia aparecem muito pra nós, mas é por isso. nos aproximamos delas
acontece msm
sim!
Sim, rola uma ediçao
pela gente mesmo
eh um mundo tipo matrix. em compexo
e sempre algo vai ficar de fora
rsrs
Hahahha!
temos q sair da matrix meu amigo
kkkkkkkkkkkkk
Sim
sair dessa caverna de platão
sempre e sempre
melhor ainda
Por isso que nos manifestamos…
mas é o lance da ferramenta, de ser utilizada a favor de vc e nao como um obstaculo
pra mostrar aos outros, mas pra sair tbm
isso
esse eh o nosso papel, e por isso nao abro mão disso aqui
kkkkkkkkkk
Sim! ou mesmo ver o obstáculo nela, mas não fazer como se ele não existisse.
Po! total. Isso aqui ainda tem seu valor
agr msm estamos batendo este papo, e como seria sem?
A gente ia estar sem conversar
ou num buteco
E ia ficar nisso mesmo.
kkkkkkkkkkkk
A mesa do nosso bar cresceu. Agora a gente bebe com os reacionários
Hahahahaha
tem essa vantagem de integração
hahahahahahaha
hahaha muito!
14/10/2014 — Postei a foto e descrição abaixo:
Fui marcado acidentalmente nesta fotografia de uma desconhecida, postada no dia 19.12.2013, dia em que coincidentemente fui à igreja da Penha. Inclusive, vi essa foto marcada no Facebook logo após chegar de lá.
(…)
Desejei feliz aniversário a uma pessoa que não conheço pessoalmente, que só tenho adicionada no Facebook. Resultado:
15/10/2014 — Comecei a me marcar em fotos aleatórias de contatos. Em várias. E pretendo continuar e perceber o que acontece.
Num primeiro momento, percebi que o Facebook me estimulou a marcar mais fotos, criando um ícone em meu perfil para isso após essa enxurrada de marcações minhas.
Algumas fotografias estão bloqueadas, outras precisarão de que o dono do perfil permita que minha marcação apareça e outra parte está liberada, foi só me marcar e pronto, apareceu em minha timeline. Contudo não pedirei a ninguém para que me permita marcar. Prefiro assim, de surpresa, para ver o que acontece.
19/10/2014 — Criei outro perfil no Facebook, o Yves Klein. Uso ele somente para postar imagens tons de azul, em diálogo com o International Klein Blue, no tamanho de 975 x 778 pixels. Tanto que não adiciono pessoas nesse perfil, somente permito seguir, para que a força cromática deste não se esvaia para lugares outros, simbólicos. Sinto fazer pintura com ele, e ele, o Klein, tem tomado minhas vontades e energias.
Por outro lado já sinto a estafa do Estranho Mauá chegando, apesar de ainda estar interessado em me marcar em fotos alheias. Pretendo, então, fazer essas marcações até o fim do ano e depois disso retornar ao meu nome de batismo e alterar minha foto de perfil para todas as 3 x 4 que tenho tirado, escaneando-as. Um modo de ir retornando a um uso corriqueiro, sem esse desespero no uso do Facebook que de certa forma me incomoda, ou por ser visto como um ato de assombro, loucura ou como um ato iconoclasta. Queria que fosse mais normal. Talvez seja a hora de voltar ao que considero normalidade, já que este padrão persiste em mim ainda.
(…)
p.s.: Caio Pacela postou à pouco:
Existe um lugar onde ninguém se estapeia pela política. Onde suas crenças não são ridicularizadas por aqueles que não a tem. Não se ofende um semelhante em prol de uma ideia. Um lugar onde ninguém te surpreende com a incrível notícia “#partiuacademia” ou “#partiucama” nem te levam a acreditar que um tal “gigante acordou”. Lá também não nos sufocamos com as toneladas de “selfies” sem nenhum propósito (principalmente aquelas protagonizadas por indivíduos semi nus) com dizeres bíblicos ou da Clarice. Ali não há violência nem dor, miséria ou inimizade… Esse lugar, meu amigos, se chama Google+
25/10/2014 — Minha mãe me mandou hoje, inbox, os dois links abaixo:
http://acepriscila.blogspot.com.br/2012/03/descubra-nesse-tutorial-como-saber-se.html
Ao sair de casa, mais tarde, ela me enviou a seguinte mensagem SMS:
Em Olaria tem defensoria publica,pega orientaGao p eles sobre lance d facebook,n fique dbraGos cruzados, devemos deter mau LevantecabeGa,n gosto d t ver triste!
06/11/2014 — Antônio Amador mudou sua foto de perfil. Eu aparecia no canto dela de uma forma estranha, quase irreconhecível para alguém que não me visse há um tempo e, então, resolvi me marcar na foto. O que não imaginava é que me marcar na foto fosse dialogar com a legenda que ele atribuiu a ela:
“Com quem eu falo?”, ele digitou. E após minha marcação ficou: Com quem eu falo — com Estranho Mauá. E ele me fez perceber a feliz coincidência (ou seria um ato falho?) ao comentar:
Agora falo com você, Estranho Mauá
Também postei hoje uma imagem printada do Facebook:
11/11/2014 -
Adicionei muitas pessoas ao mudar a foto de perfil. Pessoas que eu conhecia, de vista ao menos. Várias aceitaram a solicitação. Falta saber se por mim ou pelo Estranho.
15/11/2014 — Uma das pessoas que eu adicionei me perguntou inbox:
Respondi naturalmente quem eu era atrás do teclado e inclusive me desculpei pelo nickname “estranho”. Não estou com muito saco pra fazer um mise em scène… De qualquer maneira sou estranho, não há necessidade. Aliás, não desejo ser fake, mas, no vacilante termo que ativei, desejo um devir-fake. E aí há uma grande diferença.
20/11/2014 –
p.s.: não havia percebido que era o mesmo dia da postagem do printscreen que enviei para Felipe (17 de Novembro).
p.s.2: acho que vou ter que mudar meu nome somente no ano que vem, já que pretendo reprintar essa imagem, para que a data de postagem apareça como “17 de Novembro de 2014”. E, daí, postá-la na postagem de 2012, nos comentários.
22/11/2014 — Fui olhar como se desativa a conta do Facebook. Eis que descubro que o site cria uma “chantagem emocional” ao colocar fotos de seus contatos e dizer que eles sentirão sua falta. Então fiz uma montagem “sutil” copiando algumas dessas fotos e criando a imagem abaixo, que coloquei como foto de capa:
Fui observar como desativar o perfil por uma ideia de uma pessoa, Bia, que participa comigo num processo que culminará numa ação coletiva na Casa Daros. Ela teve a ideia de criar uma sala OFF — espaço onde os visitantes iriam desativar seu Facebook para então entrar na Casa. Obviamente enviei a imagem por e-mail ao grupo.
23/11/2014 — Sônia compartilhou minha foto de capa:
25/11/2014 -
28/11/2014 — Marcando um amigo secreto, me deparo com…
18/12/2014 — Os acontecimentos no Facebook tem sido frenéticos, voláteis, múltiplos. Só agora percebo o quanto um diário (ou um memorial) nunca deu conta para mim… talvez minhas crises não sejam com relação ao usar na rede social, mas ao tentar esquadrinha-la por meio da escrita e do racional pleno, cartesiano, que associo ao documentar que faço aqui (ou talvez isso não seja generoso para tudo pelo que passei nesse processo aqui. Enfim, vejo o que digo como ficção. E ironia. Às vezes). O caos por ali não para. Recebo mensagens e afetos que a todo momento gostaria de aqui por. Mas decidi: Porei em mim mesmo, ali, no corpo virtual. E aqui declaro fechado. Este arquivo solidificou.
Beijos!