Autumn Leaves

Indignação Súbita

Jason Godoy Bueno Turubia
3 min readNov 20, 2021

Em um dia, no final do verão, eu estava passando por uma praça relativamente vazia.

Praça da Marquês do Pombal . Porto — Portugal, 2020

Alguns bancos estavam ocupados por pessoas alheias à minha presença, indiferentes ao meu destino, incertezas e inseguranças. O dia estava nublado, nuvens se aglomeravam no céu a espera do momento certo para enviar uma torrente de águas sobre os indivíduos desprevenidos, ou mesmo despreocupados, ali presentes.
Apesar da condição climática adversa, o dia estava agradável e bonito à sua maneira, uma beleza comparada ao inverno nórdico, esboçando um contraste cinzento nos céus, que deixa um “quê” de mistério no ar, combinando com o meu humor e as emoções que me preenchiam naquele momento.
Comparo minhas emoções com o clima desse dia porque eu estava realmente carregado, como as nuvens. Meu âmago estava cheio de sentimentos, minha mente estava enevoada com vários pensamentos que a qualquer momento poderiam me fazer desabar em uma torrentes de lágrimas, assim como aquela chuva estava prestes a cair.

Qual o motivo para estar me sentindo particularmente triste nesse dia? Meu Deus, eu nem sei se triste é a palavra correta. Como eu disse anteriormente, era um mix de sentimentos que me possuía sem qualquer compaixão e sem se importar se eu estava realmente preparado física ou psicologicamente pra suportá-lo.

Medo,
Tristeza,
Decepção,
Saudade,
Nostalgia,
Insegurança,
Felicidade,
Amor,
Raiva,
INDIGNAÇÃO!!!

Indignação porque de certa forma eu não achava certo o que o destino havia preparado pra mim.
Você pode me dizer “você não entende agora, mas isso vai ser bom pra você no futuro” ou “Deus escreve certo por linhas tortas”, mas na realidade eu gostaria de ter explicações mais objetivas e menos vagas do que estas.
Sinto que as coisas que acontecem conosco deveriam ter os seus objetivos mais claros. É injusto esse sentimento tão intenso pelo qual somos submetidos sem um motivo aparente. Sofremos literalmente no escuro, sem saber com qual finalidade, pelo menos não de imediato.

Porque o destino tem dessas frescuras e gosta de brincar com as nossas vidas como se fossemos marionetes facilmente condenadas e viver uma vontade alheia que nos inflige uma dor constante.

Labirinto Existencial (autor desconhecido)

Eu sei que essas são palavras de certa forma mórbidas, mas quem é que nunca esteve preso no mundo subconsciente, vagando pelos mosaicos do sentimentalismo exagerado, mergulhando no lago do drama ou até mesmo perdido dentro do labirinto das dúvidas, sendo bombardeado por armadilhas mentais que querem enraizar seus pés numa câmara de autosabotagem constante?

O fato é que apesar de ser um universo complexo, interessante e libertador, o nosso subconsciente é repleto de pequenos desafios (como os mencionados anteriormente) que não podem ser esquivados, a não ser que de verdade queiramos atingir o autoconhecimento.

Apesar dessa miscelânea de sentimentos ser antiga, o questionamento permanece, como um crime policial sem resolução ou mesmo como um paradoxo existencial para o qual a nossa mente é limitada demais para chegar a uma resposta concreta.

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