Isso tudo é só barulho.

Me intriga essas intrigas apaixonadas que debatem sobre os vazios de um pensamento minguado e cansativo, cheio de hipocrisia e oportunismo. Esses discursos tediosos, essas disputas improdutivas, esses conceitos, preceitos e preconceitos artificiais que se alimentam da ignorância e da falta de bom senso de quem é incapaz de reconhecer sua própria fragilidade.

Estão cada vez mais medíocres, levando suas vidas por uma inércia de caprichos, egoísmo e apego, tornando-se cada vez mais infelizes por jamais serem capazes de se igualar ao outro; aquele mais eficiente em demonstrar uma plenitude fraudulenta que sequer condiz com o que diz enquanto engana.

Todos os dias alguém inventa um novo velho argumento e tomado por razões absolutamente patéticas se infla de melindres tentando se fazer aceito por ser um alguém de visão, mesmo quando não passa de um imbecil cego e vaidoso que tenta pincelar seu reflexo com um tanto mais de ilusão aproveitando-se da idêntica pateticidade de tantos carentes de orientação fútil que transbordam da sociedade atual.

Uma sociedade que é só barulho!

Escândalos e escandalosos, amontoam-se rapinos sobre qualquer horror e inspiram-se em apontamentos covardes por não serem capazes de reconhecer a parcela de culpa que lhes cabem. Enaltecem o que dizem querer banir, transformam o que recusam em algo cada vez mais presente e por serem criaturas do superficial dramático, lamentam-se do fogo que lhes queima ao mesmo tempo em que abastecem a fogueira de suas vaidades.

Egocêntricos e afetados, ferem-se por qualquer brisa de contrariedade que diminua suas estruturas ocas e débeis, demonstrando a evidente pobreza de conteúdo de seus argumentos. Adotam dores que não sentem, vítimas que não lhes correspondem, teorias e teoremas das mais diversos lamentos como se fossem os próprios portadores do desespero, mas assim que a sombra de qualquer julgamento lhes açoite, saem anêmico de negativas para as sobras de um novo drama. Típico comportamento de quem não se compromete com a propaganda de si mesmo!

Solitárias solidões, tão cheios de mundo e de adjetivos, se prostram obesos de angústias sem nem mesmo saber o que significa estar angustiado. Se soubessem que o que sentem é indignação pessoal, talvez fossem capazes de refletir um pouco sobre os reflexos de suas existências medíocres. Mas não, estão sempre arranhando as paredes de algum cárcere aconchegante para que possam vitimar-se do consolo hipócrita de quem acaricia esperando ser acariciado. Já não sabem mais reconhecer a solidão que lhes pertence por estarem acostumados com a ausência de pessoas, vivendo apenas em companhia de espectros virtuais, mantendo relações artificiais, comprometendo-se com bits, prendendo-se aos dados, entregando-se ao acaso de visualizações. Vejam-me, eu estou online.

As estruturas do mundo estão ruindo, os pilares da sociedade estão sendo engolidos pelo lamaçal de ignorância e desinteresse. A síntese da vida não é mais viver, é aparecer, é fazer parte desse cenário abstrato, dessa ilusão enfadonha, dessa arena de agressões onde as opiniões ocupam o lugar de verdades quando o que é verdade se torna sinônimo de opressão. É assim que se protege quem reconhece estar errado o tempo todo.

Honestidade, comprometimento, justiça, responsabilidade, tato, educação… Tudo isso é passado, morreu com as gerações que construíram esse mundo que estamos destruindo. Tudo que temos são essas paixões efêmeras e voláteis como prelúdio de um final vergonhoso.