Meu pré-onboarding para Product Operations

No dia 14 de março de 2023 tive meu primeiro dia como Product OPS, na Dr. Cash. Aqui conto um pouquinho do meu processo de pré-onboarding (entre o aceite da oferta e entrada na empresa). Será que vale a pena fazer um pré-onboarding?

Jess C - BR 30
7 min readApr 8, 2023

Alguns dias antes de ter meu primeiro dia de trabalho em produto e finalizar um período de quase 1 ano fora do mercado de trabalho (meu sabático/período de transição de carreira), achei uma boa ideia me preparar para esse momento. Os preparativos, envolveram basicamente:

  1. Sentar e revisar o que era esperado de mim
  2. Olhar para dentro, revisitando minhas fortalezas/fraquezas e com base nisso pensar no meu próprio plano de desenvolvimento de carreira.

Parece simples, não? Pois é, foi um exercício que me ajudou muito nos primeiros dias, então decidi partilhar os detalhes do processo e meus aprendizados, bora?

Revisar o que era esperado de mim — Atribuições, desafios e a área de Product OPS.

A primeira etapa, que já tinha feito antes do processo de entrevista naturalmente, porém refiz de forma mais aprofundada e sistemática, foi entender o que a organização espera em competências técnicas e comportamentais, posteriormente pareando esses pontos com minha própria auto-análise de forças e oportunidades de desenvolvimento.

Sem conversar com time e gestores, nem ter contato com materiais internos da empresa, a Job Description da vaga é o melhor guia dos pontos esperados em competências para a posição. Super vale repassar pelos pontos principais e sumarizá-los nas palavras-chave de competências. Eu fiz isso em um excel e terminei com uma lista dos pontos-chave esperados, ou pelo menos anunciados (sempre precisamos estar preparados para a diferença entre expectativa e realidade) para meu novo desafio.

Exemplo:

Linha de atividade da job description anunciada que retirei do Linkedin
Posterior quebra no excel das habilidades que me vieram à cabeça ligadas a atividade.

Esse simples exercício me trouxe mais tranquilidade sobre pontos que eu sabia ter maior domínio e sobre os quais possivelmente poderia colaborar gerando valor mais rápido para o time. Ao mesmo tempo me permitiu ter clareza sobre habilidades que poderiam ser pontos de alerta nos primeiros 90 dias, dependendo do cenário que eu encontrasse efetivamente, super recomendo.

A área de Product Ops dentro de produto

Mas afinal de contas, o que é Product OPS? Você vai fazer o que mesmo filha? foi a pergunta que ouvi da minha mãe.

Quando abri a boca para explicar e vi que não conseguia com segurança fazê-lo para minha mãe, de forma simples e didática, refleti comigo mesmo: puxa, talvez eu realmente não tenha tanto domínio assim dessa área e precise me aprofundar mais para conseguir ter confiança em explicar o que é Product OPS ou POPs. Na verdade, a primeira vez que vi esse termo, eu mesma pensei, o que raios é isso? Quem são as referências brasileiras e globais para eu seguir? Por quem me comparo no mercado?

Muitas perguntas, poucas respostas…

GIF retirado daqui

Eu acho o teste de explicar para a família, ou na verdade qualquer pessoa fora da bolha de tecnologia sobre algum conceito, uma prova de fogo se realmente o dominamos ou entendemos.

Essa passou a ser minha mensurável de sucesso para medir se eu realmente entendia o básico de POPs, o entendimento da minha mãe. Hoje sou muito grata que o fiz, porque usei as duas explicações que desenvolvi em metáforas, muitas, muitas e muitas vezes para amigos, outros familiares e mesmo alguns interlocutores dentro do meu novo contexto. Hoje em dia tenho duas opções de pitch, para vender meu trabalho para qualquer pessoa, valeu mãe.

Olhar para dentro: Montando o mapa da Jess

Uma vez que construí um entendimento sólido e confiança do que era esperado e sobre POPs, passei a olhar para mim e refletir, perante o novo desafio que vou encarar, quais são minhas forças (competências comportamentais, competências técnicas), quais são minhas vulnerabilidades (O que pode me levar para baixo, pode me gerar maior tempo de adaptação, pior performance, etc, em termos de “falta de competência” comportamental ou técnica). Estruturei esses pontos usando a ferramenta da análise SWOT no meu fiel escudeiro excel.

Modelo base da análise SWOT ou FOFA em português — Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças aplicado à si próprio.

Esse exercício me ajudou a ter mais clareza e intencionalidade de forma visual sobre alavancas para minhas forças e pensar mitigadores para os riscos.

Cheguei em uma encruzilhada

Eu entendia o que era esperado de mim pela empresa que ia entrar (contexto específico)
Eu entendia o que globalmente era percebido como POPs (contexto de mercado)
Eu entendia o que eu percebia como meu momento de desenvolvimento pessoal e de carreira (o mapa da Jess)

E ai o que eu fazia com isso ? Como eu montaria um plano/ferramenta de desenvolvimento para mim ? 😱

Entre os PMs, existe a famosa PM Wheel, uma ferramenta desenvolvida por Petra Wille, baseada em 8 dimensões para o desenvolvimento de carreira de PMs.

Falei, ótimo, vou usar esse troço ai para mapear meus pontos de carreira para meu desenvolvimento, levando em conta meu mapa. Contudo, cheguei à uma grande constatação (um tanto quanto evidente, admito) quando sentei para usar a ferramenta: ela foi criada para Product Managers e não para Product Operation Managers ou simplesmente Product OPS Analysts. Ao olhar as perguntas das 8 dimensões e comparar com minhas anotaçoes do que tinha entendido do core da área de POPs, não me parecia ser a melhor ferramenta para eu criar meu próprio plano de desenvolvimento.

Embora muitas competências comportamentais e técnicas entre PMs e Product Operations coincidam, fatalmente como profissionais com escopos diferentes, o skillset esperado de cada um é, bom, diferente…

GIF retirado daqui

Então resolvi tentar fazer algo adaptado. Baseando-me no excelente trabalho da PM Wheel da Petra Wille, na tradução e reflexão sobre a ferramenta do Gabriel Werlich, e nas minhas anotações, falei, bueno, o que seria uma POPs Wheel ideal ?

Evidentemente, como pessoa que nunca atuou na área e está chegando agora na comunidade, tenho certeza que o que vou deixar aqui vai estar aberto a inúmeras iterações, porém fica aí, a primeira POPs Wheel (que eu saiba, me avisem se alguém já teve e executou essa ideia por favor). Eu a desenvolvi para tentar guiar meu desenvolvimento em POPs nos meus primeiros meses nessa nova area.

A POPs Wheel ou Roda de POPs

Foi no material da Pendo sobre Product ops que encontrei inspiração para pensar as diferentes dimensões do trabalho de Product Operations.

Se a PM Wheel, incluia em suas 8 dimensões partes do processo específico de desenvolvimento de produto e competências gerais esperadas no dia a dia dos Product managers, então dentro de uma ferramenta de auto-desenvolvimento de Product Operations, as dimensões deveriam considerar o processo específico de product ops (ou ao menos o que se espera de modo geral das áreas centrais de POPs) e as competências comportamentais gerais, certo?

Com isso em mente, mergulhei nos materiais base e anotações que fiz, adicionando as 5 áreas base do papel de Product Ops, segundo a Pendo e inclui as dimensoes específicas, com o que precisa ser feito e descrições.

Em paralelo, enquanto lia os materiais, fui colocando as principais competências (soft e hard skills) que encontrei em diversos artigos e considerei chave para um profissional de Product Operations, elencando uma lista de 27 competências.

E juntei os dois:

Modelo de POPs Wheel da Jess

A partir desse modelo, considerei que já seria possível avaliar a área e meu desenvolvimento frente as atividades-chave a serem realizadas.

Me auto-avaliei antes de chegar na empresa, considerando uma escala de 1 a 5 em cada um dos papéis e meu potencial de executar bem essas frentes, considerando minha bagagem de experiências anteriores e minha intuição. Minha ideia é reavaliar esses pontos e escalas na hora de elaborar meu PDI, ai sim já considerando o contexto e necessidade da empresa (a definir dependendo do ritmo do onboarding).

Aqui vale um grande parênteses de que a área de Product Operations pode variar enormemente de uma empresa para outra, dependendo das pessoas na organização, do tamanho da empresa, do nível de maturidade do negócio, e um outro punhado de fatores… Na hora de montar esse instrumento de auto-avaliação, considerei o que acho que de fato são os grandes “potenciais” papéis de Product Operations em uma organização, mas claro, ele pode e deve ser adaptado para o que de fato entra no escopo de Product Operations na sua realidade.

Finalmente, quis buscar um guia para me ajudar em como me guiar em termos de comportamentos e entregáveis nos meus primeiros 90 dias de onboarding. Essa etapa ficou bem mais fácil: assisti o módulo 4 do curso de processos seletivos da PM3 e basicamente peguei como base os templates disponibilizados, para construir um onboarding efetivo.

Assim terminei meu pré-onboarding: com um mapa da Jess em mãos, uma auto-avaliação baseada na POPs Wheel, uma lista de perguntas para responder sobre a Dr Cash, um objetivo já traçado para meus primeiros 7 dias de onboarding e a boa energia de quem vai começar uma nova etapa.

Espero que minha experiência possa contribuir para o pré-onboarding de alguém, o que tenho certeza e já posso dizer é que executar um pré-onboarding vale muito a pena.

Modelo em Sheets para ser copiado e reutilizado aqui.

--

--

Jess C - BR 30

Curiosa e inconformada, produteira, coffee and cat lover. On a project to travel the whole Brazil during my 30s' and share with my readers my experiences