AngelHack 2018 — Mais uma linda história de hackathon

Jess Lyneh
5 min readAug 6, 2018

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No último final de semana (28 e 29 de julho) aconteceu na Digital House, em São Paulo, o hackaton AngelHack, a maior maratona de hackathons do mundo com presenças internacionais de embaixadores, competidores e um representante empresarial, vindos do México, Chile e EUA. Desde 2011, o AngelHack investe na criação e manutenção de maratonas de desenvolvimento e campeonatos para estimular a prática da programação em todo o mundo. Já são mais de 300 hackathons realizados em 53 países.

O objetivo do evento é gerar soluções tecnológicas para a sociedade, principalmente as que promovam a inclusão tecnológica de mulheres e estimular o empreendedorismo digital. Foram cerca de 30 horas de imersão intensa para equipes multidisciplinares formadas por estudantes e profissionais de TI, design, gestão, marketing, comunicação e empreendedores para com o apoio de mentoria especializada criassem soluções dentro dos temas propostos.

O evento acontece em várias cidades do mundo todos os anos, e neste fim de semana aconteceu simultaneamente em Taipei(Taiwan), Kochi(Japão) e San Francisco (EUA).

https://angelhack.com/

Apesar de ter um tema livre para desenvolver qualquer aplicação, foram propostos três desafios:

- Desafio Code for a Cause: Motivado pela parceria com o movimento Elas in Tech, o desafio foi desenvolver uma solução de impacto social que apoie a inclusão digital de mulheres;

- Call for a Code: Proposto pela IBM e em parceria com a ONU, este desafio era criar um aplicativo que ajude a proteja a saúde e o bem estar de indivíduos e instituições, com o foco em minimizar danos causados por desastres naturais.

- Hurify open Challenge: Todos os projetos são bem-vindos para competir. Uma consideração especial foi dada aos projetos que utilizam qualquer combinação de serviços em nuvem, análise, Machine Learning, dispositivos móveis ou Internet das coisas (IoT).

As equipes nos hackathons são sempre mistas. Ao contrário do que parece , não precisamos apenas de desenvolvedores: precisamos de uma pessoa de negócios, outra de UX e se possível, uma outra pessoa que pertença a uma área que faça sentido naquele desafio. Por exemplo, em uma hackathon anterior com o tema “saúde da mulher”, haviam

equipes com médicas, nutricionistas e psicólogos.

Muitos dos que participam de hackatons são competidores frequentes nas maratonas, como a Jéssica, aluna da Fatec São Paulo, a Danielle, aluna da FMU, e o Daniel, desenvolvedor full stack. Mas também havia quem estava indo pela primeira vez, como a Ivy, aluna da Etec São Paulo, e a Silene, que trabalha na Microsoft. No AngelHack as equipes precisavam ser formadas por 5 pessoas e então a nossa equipe ficou assim: Jéssica (negócios), Silene (UX), duas programadoras de front-end (Danielle e Ivy) e um desenvolvedor full stack incrível (Daniel).

Da esquerda para a direita: Danielle, Silene, Ivy, Jéssica e Daniel

No início estávamos apenas entre 4 mulheres e escolhemos participar do desafio da IBM, com a ideia de criar uma plataforma para ajudar vítimas de catástrofes a obterem água através de uma rede de doações de voluntários da região próxima. Parecia uma ideia super bacana e que resolveria o problema de muitas pessoas, certo? Afinal, sempre vemos campanhas pedindo apenas alimentos e roupas. A água é essencial à vida. Tudo parecia ir bem até que o Daniel chegou chegando e após ouvir a nossa ideia “brilhante” ele disse:

“Sério que quatro mulheres da área de TI fizeram só isso? Esperava mais de vocês”.

Que choque que tomamos! Ainda mais porque a hackathon começou às 9:00h, já eram 15:00h e nos preocupamos em começar do zero o desenvolvimento de um novo projeto. Mas sabe a melhor parte da experiência de ir a um hackathon? O aprendizado acelerado. Pensando bem, ele estava certo sim. Quantas dores não encontramos na área de TI para nós que somos mulheres? Poderíamos nós mesmas sermos o público alvo da nossa solução. E como disse o Daniel, qualquer pessoa poderia falar sobre catástrofes naturais, mas não há ninguém melhor para falar sobre as dores e soluções para mulheres do que outras mulheres. Então seguimos assim.

Após um longo período de reestruturação da ideia, às 21:30h, fechamos o tema que todos nós gostamos (sim, demorou muito): Plataforma para ajudar mulheres que estavam começando na área de TI e encontram algumas barreiras para avançar na carreira, barreiras estas que não aprendemos a lidar na faculdade, como gerenciamento de conflitos na equipe, postura de liderança e tudo o mais que faz diferença na hora de lidar com os problemas do dia a dia. Tivemos que mudar de desafio por conta do novo tema — agora estávamos concorrendo na categoria Code for a Cause.

Apesar do tempo apertado para produzir, conseguimos dividir as atribuições e até mesmo dormir um pouquinho. O processo de desenvolvimento incluiu algumas pequenas reuniões a cada parte do projeto que realizamos. Estas partes se dividiram em: definição da ideia; entrega da logo; entrega do modelo de negócio (Canvas); resultados da pesquisa realizada com os nossos amigos nas redes sociais; escolha do template para a plataforma; MVP da plataforma concluído.

Muito prazer! Este é nosso Canvas

Por fim, precisávamos desenvolver um bom pitch, pois sem uma boa apresentação não adianta a ideia ser ótima. É muito importante que a mesma pessoa que faz o plano de negócios seja a mesma pessoa que fará a apresentação do projeto aos jurados? Eu defendo esta tese porque na hora, os jurados podem fazer perguntas muito específicas cujo conhecimento profundo do modelo de negócios fará muita diferença. Porém, também acredito que a melhor pessoa para falar é aquela que se sentir mais a vontade para isso. Eu sempre gosto de falar em público e me sinto super a vontade (acho que já percebemos isso rs).

Nós fomos o último, de 8 grupos que se apresentaram. E foi um sucesso! Os jurados nos fizeram muitas perguntas e todas elas foram muito importantes porque nos ajudaram a já começar a pensar nas melhorias para o projeto ali mesmo! Acredito que ideias não devem ficar cristalizadas nem escondidas, elas precisam ser mostradas e debatidas para ficarem cada vez melhor.

Alguns ganhadores foram anunciados mas nada do nosso projeto ainda. Até que finalmente foi anunciado o vencedor da categoria Code for a Cause: WOMENT, nossa plataforma de Mentoria para as Mulheres!

Ganhamos como premiação 12 semanas de mentoria com as mulheres incríveis do ELAS_intech, além da oportunidade de apresentar nossa solução para investidores da aceleradora Quintessa. Ainda ganhamos muito conhecimento e criamos contatos super bacanas.

Se puderem, se inscrevam nos eventos mesmo sem ter muita experiência: é justamente para nós que estamos começando que estes eventos servem de apoio!

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Jess Lyneh

No fim é tudo Javascript | Desenvolvedora de software | Instrutora JavaScript na Linux Tips | ela/a | Chaotic good/neutral| florista 💐