
Relativo é o tempo;
Atemporal, a afinidade.
Assim amadurece o cenho,
Do caos à serenidade.
Represada estava a alma,
Ressentida e racionalmente ancorada,
Pretensamente pretendia a calma,
Solidificando-a em superfície congelada.
Atualizadas foram as emoções:
Rompeu-se o dique!
Salve-se quem puder!
E quem puder, que fique!
Agora segue salgada torrente,
Lavando a alma de toda gente,
Revolvendo todo sentimento,
Sedimentando o renascimento!
Percorrerá ainda antigos vales,
Recriando sulcos profundos,
Arrastando árvores e casas,
Aves psicopompas voando,
Findando todo um mundo.
Assim o ciclo se completa
E o sábio mais tolo o contempla:
O tempo sobreposto das Eras!
É o negócio da Vida:
Memórias preservadas em espiral,
E a afinidade, segue sendo atemporal!

De meu espírito achei a desordem sagrada
E ao mesmo tempo profana!
Ora sútil e culta dama,
Meretriz safada,
Em seguida eremita insana!
Velha carcomida,
Cansada e assombrosa,
Em seguida criança
De tudo carente e medrosa.
Quem sou? Não sei.
Lei dos homens,
Dos homens Rei!
O que me tornarei quando crescer?
Grande!
É o que quero ser!
Para isso é preciso ser produtivo,
Correr do Tempo,
Ser criativo!,
Sorrir, obedecer, ser amável,
Levar uma vidinha miserável!
Creio que estou no Inferno, logo estou!
O que deixei de ser quando cresci?
Não sei,
Sei que sofri.
Como lapidado diamante,
Que carrega cada marca violenta
E mesmo assim segue brilhante.
E brilhando sigo.
Às vezes pode não parecer,
Mas depois de tudo, sósei que sigo!