Eu vou à luta com essa juventude

Jhon Willian Tedeschi
3 min readMay 23, 2018

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Atribui-se a Maquiavel uma famosa frase que diz que “os fins justificam os meios”. No São José, os meios tem explicado e levado aos fins nesses últimos anos. Nunca tive uma opinião sólida sobre a relação entre a utilização de jovens ou veteranos, ou a mescla entre eles. No entanto, sou obrigado a dar o braço a torcer: a gurizada tem resolvido os problemas do Zeca, em especial na disputa da Série D desse ano.

Com muitos jogadores formados em casa, o São José ganhou a Recopa Gaúcha em 2018 — e ainda ganharia o título de Campeão do Interior (Foto: Divulgação / EC São José)

O clube subiu de patamar de forma sólida e responsável nos últimos 3 anos. Prova disso são os títulos conquistados no período: de 2015 para cá são 7 títulos. Tudo bem, nenhum deles de grande expressão, mas as campanhas tem sido cada vez melhores a nível regional e nacional. O acesso para a Série C bateu na trave em 2017 e o clube só não chegou à final do Gauchão 2018 porque foi eliminado nos pênaltis nas semifinais.

Para quem acompanha o clube a mais tempo, o presente é mágico, surreal. Só que tudo faz parte de um trabalho que vem desde um alicerce fortíssimo até o aproveitamento muito consistente dos bons valores surgidos no Passo D’Areia. Exemplificando: dos 11 jogadores que começaram o jogo contra o Mogi Mirim no último sábado, nada menos que 7 foram formados ou passaram pelas categorias de base do São José.

Vou além: na vitória contra os paulistas, a média de idade do time que iniciou a partida foi de 23,4 anos. Dentro do elenco, apenas 3 atletas tem 30 anos ou mais — a média de idade do elenco é inferior a 25 anos. Com o comando técnico não é diferente, uma vez que Rafael Jaques foi técnico de todas as divisões canteranas do clube nos últimos anos. Isso se chama confiança na metodologia de trabalho.

As categorias de base tem feito grandes campanhas nas últimas temporadas, mas em 2018 a liderança nos Estaduais Júnior, Juvenil e Infantil chamam muito a atenção. Ainda que as camadas inferiores não tenham o objetivo exclusivo de conquistar títulos, formar atletas vencedores é muito importante no âmbito esportivo. No âmbito social, o papo é outro…

Dia desses conversávamos na Rádio Independente com os treinadores das categorias de base, João Pedro Lock, Rafael Porto e Rodrigo Santos da Silva, além do coordenador Sérgio Chemale, e eu destacava esse detalhe. A formação de cidadãos é fundamental nesse processo, mesmo que os garotos não venham a se profissionalizar.

Painel no Passo D’Areia com os últimos títulos conquistados pelo São José. Tem um espaço ali à esquerda, seria um sinal de que algo está por vir? (Foto: Reprodução / Jhon Willian Tedeschi)

O trabalho é de se tirar o chapéu. O São José é um modelo para os clubes do Interior que ficam reclamando, se vitimizando. Muitos desses clubes tem potencial humano e financeiro para fazer muito mais e muito melhor, considerando que o Zeca disputa espaço em Porto Alegre com nada mais nada menos que Grêmio e Internacional, dois gigantes do futebol mundial.

O que quero dizer com tudo isso? Espelhem-se no São José. Façam investimentos na formação de atletas e pessoas. Deixem de lado a chacota que “o São José não tem torcida”, até porque o clube “sem torcida” está atropelando muita gente grande. “Toda semente que bem cuidada floresce”. Essa frase também não é de Maquiavel, mas é o retrato do trabalho no Esporte Clube São José.

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Jhon Willian Tedeschi

Repórter na Rádio A Hora 102.9 e no Jornal Nova Geração. Comunicador por vocação. Radialista (MTE 0015254/RS). Jornalismo na UNINTER. Administração na ULBRA.